Helena continuava no buraco chorando abraçada a Zeus quando ouviu a voz dos irmãos se aproximando.
— Lena cê tá ai? — Fernando esticou a cabeça para olhar dentro da latrina. Os soluços sessaram e ela tentou se recompor. — Pedro ela tá aqui. Pega a escada.
— É pesada eu não consigo. — Pedro saiu resmungando. Ele sempre reclamava por receber ordens do irmão.
— Não chora irmã, a gente vai te ajudar a sair dai. Tá bom? — Seu irmãozinho era tão amoroso.
Os dois eram unha e carne, parecia até gêmeos. A diferença de idade era pouca, Fernando tinha dez e Pedro oito, Fernando como mais velho era quem ditava as ordens para Pedro que detestava isso, mas sempre o atendia entre os resmungos e choramingos. Em conjunto os dois conseguiram pegar a escada jogar no buraco e ajudá-la sair.
— A mãe mandou a gente atrás de você, vamos embora de novo. — Desgostoso Pedro deu de ombros. — Eu gosto daqui. A gente estuda e o Diogo deixa a gente mexer com os cavalos.
— Eu também gosto, mas a mãe e o pai quem manda. — Fernando sério alertou o irmão.
Era visível que ambos estavam tristes com mais esta partida. Eles gostavam do lugar e por sua culpa, por ter sido fraca demais estavam saindo dali. Quando os três chegaram tudo já estava na charrete, o pai e a mãe de Helena os esperavam.
— Vamos, subam. Temos um caminho longo até a rodoviária. O ônibus sai em três horas. Vamos pegar ele, arrumar um lugar pra passar a noite.
— Pra onde a gente vai pai? — Fernando do lado do pai perguntou cheio de curiosidade.
— Pras banda de Goiás.
Helena olhou para casa que ficou por sete meses e foi feliz. Com vergonha, abraçou firme Zeus e viu sua mãe lhe olhar. Aqui nesta terra sentiu que seu coração ficava, sentiu que o sentimento chamado amor morria ali naquela terra seca. Podia estar sendo tola e até estúpida, mas não era tão fácil deixar de amar Diogo. Ele a usou e tudo mais, porém ela se deixou levar por isso, se deixou seduzir. A culpa não era somente dele, só estava fazendo o que aprendeu a fazer como homem: Seduzir uma mulher. Ela quem devia ter se valorizado mais, quem devia ter respeitado sua mãe e seu pai, ouvido os conselhos. Só que agora o leite já estava derramado e não tinha como voltar atrás, somente seguir em frente e tentar se recuperar deste tombo que a vida lhe deu e se fechar para este tal amor.
Cinthia da janela de seu quarto viu quando a charrete saia como a família. O sentimento de alivio foi incrível. Seu filho estava salvo de se envolver ainda mais com aquela matutinha e estragar a vida promissora que teria com seu novo negócio. Ela não passou por tudo aquilo na vida para ter o seu primogênito com alguém que não julgava ser a mulher certa, podia estar sendo cruel em acabar com o coração dele, mas Diogo iria se recuperar e com a chegada de Karolina isso seria só o pontapé inicial para ela seduzi-lo e enfim casarem como sempre sonhou. Fazia muito gosto desta união, Karolina era bonita, estudada e com toda certeza lhe daria lindos netos, desejava muito ser avó dos filhos de Diogo. Porém só de pensar na palavra netos, Cinthia sentiu o frio na espinha. Que Deus lhe ajudasse e que Helena não tivesse grávida. Isso seria horrível e com toda certeza a família iria exigir alguma coisa. Tinha que agir e começar a soltar a notícia de que eles foram embora porque a menina se envolveu com Edvaldo e estavam fugindo juntos. Só assim seu plano teria resultado, Diogo não iria acreditar se ela somente contasse que Helena fugiu com outro, tinha que manchar o nome dela na boca do povo. E assim ela fez, Suzana e a filha tiveram a árdua missão de manchar o nome da pobre menina para todos na cidade. As famílias distintas que conheciam eles quando souberam ficaram chocados e por fim Helena ficou falada como o pior tipo de mulher.
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Você Para Sempre (DEGUSTAÇÃO)
RomanceO LIVRO ESTA APENAS COM UMA DEGUSTAÇÃO Disponível na íntegra na Amazon Aos quinze anos Diogo se mudou da sua amada Ituiutaba, Minas Gerais, para São Paulo onde iria fazer o ensino médio e cursar faculdade de administração a contra gosto. A fazenda...