Harry estava assustado, as crianças a sua volta olhavam maldosamente para ele, sua forma esquia e magra, coberta pelos farrapos velhos de seu primo – atualmente obeso mórbido – seu cabelo a altura de seus ombros cobrindo seu rosto, não obscurecia sua beleza, mas fazia-o parecer um sem teto. Em sua mente, Harry estava certo de que eles sabiam sobre sua aberração, e não o queriam por perto por isso, mas estavam apenas todos assustados, sabendo que outra criança faminta chegava, vindo para roubar - a comida, a atenção, e pior, os pais amorosos dispostos a adotar.
Os passos do menino eram incertos, a senhora Helena estava ao seu lado, sua mão quente reconfortando e o guiando para dentro do prédio colorido. Uma mulher mais velha, de aparência severa, caminhava na direção dos dois, Harry apressadamente se guiou para se esconder por trás das pernas da assistente social, ele sabia lidar com os amigos de seu tio, mas adultos desconhecidos eram um terror para o menino.
"boa tarde, Helena, esse é o garoto presumo? Ele é desnutrido visivelmente, abuso?" disse a mulher com cara de nojo, odiava injustiça com crianças, por isso trabalhava em um orfanato. Harry se encolheu, pensando que a expressão facial era direcionada a ele.
"sim, os próprios parentes, bom, por que você não se apresenta querido?" disse ela sorrindo carinhosamente.
"Harry" disse o menino, se escondendo ainda mais nas pernas da mulher mais amigável. Seu rosto não mudou, permanecendo estoico, ela achou o garoto extremamente adorável, mas as crianças não gostavam do pensamento de outro ser o preferido, então ela não mostrava muitas emoções, porem o garoto aterrorizado achou que ela não gostava dele, ou pior de seu nome – seu bem mais precioso, a única coisa normal dele. Logo seus olhos se encheram de lagrimas, a mulher arregalou os olhos, e rapidamente o pegou no colo, levando junto, no processo. Ela precisará conversar com os órfãos mais tarde, se o garoto reagiu tão fortemente a rostos em branco, se as crianças ficassem com ciúmes, poderia arruinar qualquer progresso, ela precisava ser gentil e fazer os órfão fazerem o mesmo.
"eu sou Margarete, mas você me chamará de Margarida, como a flor, parece bom?" ela disse lhe direcionando um sorriso, o menino aterrorizado fungou, ela estava sendo legal com ele por que? Ele fungou levemente, tentando parar de chorar, adultos não gostavam de choro.
"d-desculpe, v-vou p-parar j-já" disse ele, ele estava se desesperando, ele tinha acabado de chegar no lugar, não queria ter a moça severa brigando com ele. Seus soluços aumentaram com o seu pânico, todo o stress da semana agitada finalmente chegando aos seus ombros. A matrona alcançou seu bolço e tirou de lá um pirulito barato.
"aqui, tome um doce." Harry tirou seu rosto de suas mãos, lagrimas descendo pelo seu rosto silenciosamente, seus olhos verdes angelicais arregalados, encarando o doce, ele nunca comeu doces, apenas crianças normais podiam comer.
"é-é pra mim?" o garoto perguntou hesitante, com medo de ser atingido.
"sim, todas as crianças têm um doce por semana, normalmente eu os dou aos sábados, mas você pode ter o seu mais cedo."
"mas eu não sou criança, sou aberração" ele não queria que ela soubesse disso tão cedo, esperando poder ser normal por algum tempo, mesmo que fingindo, mas ele não poderia, por que significava que ele estava comendo o doce de uma criança boa e normal, roubando.
A matrona respirou fundo, sabendo que nada que ela falasse para criança, iria tirar esse pensamento de sua cabeça. Apenas acompanhamento psicológico prolongado poderia curar essa ferida profunda na mente do menino.
"esse é só pra você Harry, toma, pegue." disse ela oferecendo novamente o doce. Harry esticou sua mão hesitante, com medo de ser uma brincadeira, ele sempre quis comer doce!
"obrigada senhora, eu nunca comi doces antes" as mulheres arregalaram os olhos, ato não percebido pelo menino que alegremente desembalava seu pirulito.
"b-bom..." disse a assistente social tentando recuperar a compostura, o pirulito era 15 penses, pelo amor das forças do universo. "Harry, por que você não vai brincar um pouco?" Harry assentiu, mesmo não querendo ir brincar com as crianças, sabia que ela queria falar coisa de adultos, ele desceu do colo da mulher, e se direcionou para a base de uma arvore perto para ler seu livro. assim que o menino se afastou, ela se direcionou para a matrona, sua amiga a algum tempo. "ele terá consulta com o psicólogo todas as terças e quintas, os remédios precisaram ser comprados toda a semana, os gastos serão cobertos pela família de merda, eles fizeram um acordo no tribunal." disse tirando a pasta do menino de sua bolsa e dando para a matrona. "Aí tem tudo o que você precisa saber, os remédios são indicados pelo medico dele, por causa da desnutrição, mas o psicólogo pode indicar alguns também, eles doaram 2 mil libras por mês como parte do acordo."
"esse tipo de gente não merecia nada, mas pelo menos vai ajudar por aqui, talvez esse ano poderemos dar presentes de natal"
"sim, é ótimo. Bom, eu tenho que ir." ela se virou para o garoto e o viu lendo um livro bastante grande para sua idade, ela sorriu carinhosamente. "Harry, venha cá por favor" o garoto levantou a cabeça de seu livro e caminhou até as mulheres na frente do portão.
"sim, senhorita Helena?" disse assim que tirou o doce da boca, segurando-o delicadamente na mão direita. Ela senta-se em seus pés e encara o menino com uma expressão bondosa. (n.a.: essa frase saiu meio falsa, mas é bondosa mesmo.)
"eu tenho que ir." disse ela se ajoelhando. "eu não voltarei frequentemente por que tenho muito trabalho a minha frente, quero que você me prometa que vai tentar se adaptar. Eu sei que é tudo muito novo, mas preciso que você tente, pode fazer isso por mim?" disse ela segurando as mãozinhas pequenas e calejadas delicadamente. Harry assentiu com força e deu um leve sorriso.
"eu prometo senhorita Helena." ela assistiu e levantou-se, seu coração torcendo dolorosamente, a pior parte desse trabalho era deixar as crianças, sem saber se o seu futuro melhoraria ou pioraria. Hesitante ela se virou para sair, caminhando até o táxi, assim que chegou no veículo, abriu a porta e olhou para trás, o menino já estava caminhando para dentro do edifício, sendo guiado pela mão pela Margarete, mas surpreendeu-a quando ele viu para trás e acenou delicadamente, sua mão balançando de um lado para o outro desastradamente, como só uma criança poderia acenar, os olhos de Helena se encheram de lágrimas, então ela acenou e entrou no carro apressadamente.
Não se apegue. Não se apegue. Não se apegue. Não se apegue. Não se apeg...
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Tudo era tão diferente, meu coração bate apressadamente, parecendo querer sair de dentro de minhas costelas, a matrona não parecia brava comigo e me levou gentilmente pela mão até dentro do orfanato, ela me guiou até seu escritório e explicou as regras do lugar - eu decorei todas para sua informação.
Meu maior medo sempre foi ser mandado para o orfanato, por mais que soubesse que merecia tudo, pensar em viver em um lugar que dezenas de crianças me tratassem daquele jeito parecia um inferno, então alegremente servi os Dusleys, era melhor três pessoas do que dezenas, mas aqui parecia o céu. Quando contei da aberração que me perseguia para a matrona – a aberração já quebrou um braço de um amigo de Duda, eu não queria que ninguém se machucasse, pelo menos não aqui. - Margarete ouviu atentamente, parecia surpresa, assustada, nervosa, mas não brava. Mesmo quando eu contei sobre os incidentes, ela me pegou no colo e me consolou – nem senti que estava chorando em primeiro lugar! - ela acariciou minhas costas para eu parar de chorar, o que só me fez o meu choro piorar, ser abraçado era tão bom. Seus braços eram quentes a minha volta, aquecendo-me e derretendo o gelo que cobria minha pele, a ferida em meu coração aquecendo confortavelmente, como se estivesse curando pouco a pouco.
"você não é uma aberração, você é especial, todas as coisas ruins que fizeram a você foi puro ciúme." ela disse calmamente, assustada, mas sabendo que mesmo que se fosse uma invenção da cabeça do menino para ajuda-lo a passar pelo trauma, não deveria discutir, mas apoiar, tudo o que uma criança abusada precisava era apoio, além do mais, era fácil ver que a motivação da família nojenta do menino era ciúmes, talvez fosse pela aparência - o menino parecia um pequeno querubim de cabelos negros, bagunçados de um jeito tão bonito que emoldurava seu rosto pálido e angelical, olhos tão incrivelmente verdes que pareciam ter luz própria, como uma bola de energia que iluminava tudo a sua volta, era incrivelmente magnético.
Mesmo que eu fosse especial, mesmo que minha aberração fosse um presente, um poder, como dos super-heróis dos hq's de Duda, eu não queria, eu nunca quis, por que doía tanto... Eu queria uma família, amor, eu havia sentido o gosto da gentileza, doía muito mais não ter tido nem uma fração disto a vida inteira, a falta é muito mais visível agora que ele tinha experimentado, eu queria sentir, necessitava sentir pelo menos um pouco de amor, ele odiava tanto essa aberração, ele não a queria, não queria ter essa ferida em seu peito, aberta, doendo como se tivesse em carne viva.
Então ele apenas deitou no ombro quente e chorou.
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good boy harry
Fanfictionharry sempre quis uma família mas tinha uma coisa que ele queria mais... ser bom.