Must Get Out (Vmin)

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Taehyung era a pessoa mais arisca que Jimin conheceu

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Taehyung era a pessoa mais arisca que Jimin conheceu. Na verdade, não conheceu, mas sim descobriu.

Quando se conheceram por acaso na faculdade, em um daqueles típicos clichês em que Taehyung carregava uma montanha de livros a mando de algum professor que enxergava alunos como escravos e Jimin se ofereceu para ajudá-lo, nenhum dos dois podia esperar terem tanto em comum.

Não demorou para os garotos que compartilhavam o ano de nascimento virarem bons amigos. Eles gostavam de escalada, de andar de bicicleta, de filmes de comédia idiotas e de pintar os cabelos. Taehyung era o mais agitado e espontâneo dos dois, vivia aparecendo na casa de Jimin no meio da madrugada, trazendo descolorante, umas luvinhas de plástico e tintas diversas numa sacolinha plástica. Ligavam a TV baixinho para nenhum morador do conjunto de apartamentos reclamar do barulho àquela hora, colocavam um banquinho no meio da sala e faziam seus couros cabeludos sofrerem um pouco enquanto trocavam uma conversa amena.

Nunca mencionaram nomes, mas sabiam das desventuras amorosas um do outro e Jimin se sentia desconfortável ao saber que Taehyung passara por tantos momentos ruins. Não entendia muito bem como as pessoas conseguiam simular sentimentos daquele jeito, era um pouco fora de sua realidade. Ele até entendia o garoto mais velho que não queria nada sério, mas ainda ficava triste pelo amigo ter se apaixonado. Jimin queria que Taehyung se apaixonasse por alguém que o amasse de volta.

Estações mudavam e com elas momentos foram compartilhados. Jimin levou Taehyung à Busan, pensando se esta seria uma cidade melhor para o garoto mais alto; Daegu, Seul e suas memórias pareciam machucá-lo muito. Taehyung gostou das praias, seus portos e gaivotas. Gostou do jeito que o vento forte cheirando a maresia fazia seus cabelos vermelhos chicotearem no próprio rosto, parecia um tanto reconfortante e ao mesmo tempo libertador.

Com as estações, Jimin sentia seu interior agitar-se cada vez mais com a visão de Taehyung, era contraditório o jeito que quanto mais o garoto alto virava parte de sua rotina, mais nervoso e louco ficava com a presença do mesmo.

Derretia-se com cada sorriso aliviado, largo e quadrado que recebia do maior quando o conseguia fazer se desvencilhar de suas preocupações. Derretia-se com cada abraço que recebia e queria que este durasse para sempre, que ele pudesse grudar seus corpos no ato; não se contentava com um simples braço em seus ombros.

Jimin sabia muito bem que estava apaixonado e por um momento pensou que se Taehyung também gostasse de si as coisas poderiam dar certo; ele amaria Taehyung de verdade, lhe daria todo o carinho que merecesse e desejasse, ele faria Taehyung perceber todas as manhãs o quanto era maravilhoso, recuperaria sua estima e lhe faria independente.

Era isso que Jimin pensou quando propôs um relacionamento sério para o maior. Ficou um pouco decepcionado quando viu que o sorriso de Taehyung no momento não era um de seus melhores, um dos mais bonitos, mas afastou esse pensamento ruim.

Se aproximava devagar, e mesmo assim seu coração quase se partia quando Taehyung encolhia durante seus carinhos, quando afastava sua mão, mesmo quando estavam andando em um dia frio e o maior não tinha calçado suas luvas. Jimin afagava seus cabelos, o apoiava em seu colo ou ombros, gostava de entrelaçar suas mãos e brincar com os dedos compridos do parceiro. Enchia suas bochechas e testa de beijinhos, dava-lhe seus melhores abraços, dirigia-lhe seus melhores sorrisos.

Taehyung se odiava, se odiava muito. Na sua cabeça era óbvio que Jimin era a pessoa mais doce e delicada que conhecera, mas seu coração sempre pesava com os carinhos do menor, era sempre tomado por uma dor forte sempre que acontecia, já esperando que se machucasse depois de todo o amor assim como aconteceu com Yoongi.

O pior dia de todos foi quando Jimin lhe beijou pela primeira vez. Seus lábios fartos e macios se encostaram de leve nos seus, massageando-os com carinho, tentando não romper nenhum limite pessoal de Taehyung. Foi um beijo doce, muito doce, e os dedos curtos de Jimin acariciavam de leve suas bochechas durante o ato. Então por que Taehyung não conseguia gostar daquilo? Por que seu estômago se revirava e lágrimas se formavam inconscientemente em seus olhos? Jimin não era Yoongi, Jimin não estava mentindo.

Mas também nunca achou que Yoongi mentiria para ele. Seria Jimin outro Yoongi, mesmo com toda aquela amizade?

Jimin meio que compreendia o que passava na cabeça de Taehyung, mas isso não o impediu de ficar triste, de ficar com o coração partido, de se sentir impotente. Doía muito porque tudo o que fazia para agradar Taehyung, para mostrar que o amava, o machucava na mesma proporção. Jimin não sabia se aquilo fazia bem ou mal para Taehyung, de verdade. Jimin sentia-se o veneno e o antídoto, mas tentava pensar que era só um remédio amargo.

Não dar-lhe carinho parecia ser uma ideia muito mais catastrófica, por mais que Taehyung se encolhesse com cada toque e chorasse, não dar-lhe carinho daria ao mais alto certeza de que não era amado e faria parecer que Jimin havia desistido deles, que mais uma pessoa tinha fingido lhe amar, mas Jimin se recusava a desistir. Amava Taehyung e queria que o garoto pudesse aprender a amar novamente.

Sempre que estava na casa de Taehyung, Jimin revirava suas coisas, suas gavetas, tentando procurar alguma pista de como sair daquela situação, mas nunca foi bem sucedido. Jimin se machucava com todas as vezes que recebia um silêncio em troca de seu mais sincero "Eu te amo".

Às vezes quando dormiam juntos, Taehyung de costas e bem afastado de si, Jimin chorava baixinho, prendendo todas as fungadas traiçoeiras que queriam teimosamente escapar; sabia que chorar na frente de Taehyung só quebraria ainda mais o garoto.

Mas Jimin não conseguiu prender seu choro quando Taehyung lhe pediu um tempo. O garoto de cabelos agora roxos disse-lhe que aquilo não era adeus, que só queria esfriar a cabeça. Mas Jimin sabia que aquilo era um adeus, pois Taehyung não andou para longe de si, mas sim correu.

Uns três dias depois Taehyung apareceu de madrugada na sua casa, usando a cópia das chaves que Jimin havia lhe dado, e dormiu lá. Jimin estava desmaiado, parecia uma pedra, exausto pelos últimos dias insones causados pela preocupação com o mais alto.

Jimin só soube que Taehyung esteve ali quando viu a sacolinha plástica cheia de descolorante e tinta apoiada no pé de sua cama e a TV ligada em um volume baixo na sala.

Taehyung queria ter sido capaz de ter vencido o seu medo e ao menos ter conseguido falar para Jimin que ele lembrava-lhe a brisa marítima de Busan, reconfortante e libertadora.

Jimin queria saber se tivesse fugido de Seul com Taehyung, daquela cidade que tanto machucava seu amor e que guardava todas suas lembranças dolorosas, as coisas poderiam ter dado certo.

Se tivessem fugido para outra cidade, Jimin seria capaz de ver o mesmo sorriso que viu aquele dia em que Taehyung era quase engolido pelo vento de Busan?

Eles deveriam ter ido embora.

Eles deveriam ter ido embora

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