Prólogo

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  O final do conto é triste quando o mal não vai embora
  O bicho - papão existe não ouse brincar lá fora
  Pois cinco meninos foram passear
  Sem droga, flagrante, desgraça nenhuma
  A polícia engatilhou: Pá, pá, pá, pá
  Mas nenhum, nenhum deles voltaram de lá
  Foram mais de cem disparos nesse conto sem moral
  Já não sei se era mito essa história de lobo mau
  Diretamente do fundo do caus procuro meu cais no mundo de cães
Os manos são maus,
  No fundo a maldade resulta da escolha que temos nas mãos
Uma canção infantil, a verá
Mais lamento, velho, aqui a bela não fica com a fera
Também pudera, é casada um no seu espaço
Sapatos de cristal posam em pés descalços
A Rapunzel é linda sim, com os dreads no terraço
Mais se a lebre vim de Juliet,até a tartaruga aperta o passo
Porque é sim tão difícil de explicar
Na ciranda, cirandinha, a sirene vem me enquadrar
Me mandando dar meia-volta sem ao menos me explicar
De costa Barros e Guadalupe, um milhão de enredos
Como explicar para uma criança que a segurança da medo ?
Como explicar que oitenta tiros foi engano
Oitenta tiros, oitenta tiros, Ah
Carrossel de horrores, tudo te faz refém
Motivos pra chorar até a bailarina tem
O início já é o fim da trilha
Até a Alice perceber que não era uma maravilha
Tem algo errado com o mundo, não tire os olhos da ampulheta
O ser humano em resumo é o câncer do planeta
A sociedade é doentia e julga a cor, a careta
Deus escreve planos de paz, mas também nos dá a caneta
E nós, nós escrevemos a vida, iPhones, a fome, a seca
Os homi, os drone, a inveja e a mágoa
O dinheiro, a disputa, o sangue, o gatilho
O Sucrilhos, mansões, condomínios e guetos
Tá tudo do avesso, faiamos nos berço
Nosso final feliz tem a ver com o começo
Somente o começo, somente o começo
Pro plantio ser livre, a colheita é o preço
A vida é uma canção infantil, veja você mesmo
Somos pinóquios, plantando mentiras e botando a culpa no Gepeto
Precisamos voltar pra casa
Onde era feita com muito amor
Onde era feita com muito amor

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