𝟐𝐧𝐝 𝐚𝐜𝐭: 𝐫𝐨𝐭𝐭𝐞𝐧 𝐢𝐧𝐬𝐢𝐝𝐞

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certamente a perspectiva possui grande percentagem do que eu sou agora.

perspectiva de que somos completos por dentro e podres na mesma intensidade, mas só as vezes. porque não dá simplesmente fingir que eu nunca me senti vazia pra caralho. tóxica como fumaça que te sufoca lentamente e te carrega até o chão com a desculpa de que você provavelmente vai só desmaiar, o que até pode ser que seja verdade mas eu juro que duvido.

olhar de uma perspectiva diferente mesmo que seja da pior maneira possível, mesmo que eu precise me arrastar no chão como uma cobra só para poder entender o outro lado da coisa. e quando você me diz que se fosse deus simplesmente mataria todos em um estalar de dedos eu simplesmente tenho o ímpeto de ficar quieta pensando no quão sortuda eu sou por não crer em baboseira nenhuma desse tipo. claro, porque você se acha bom o suficiente para poder matar um por um sem nem mesmo uma justificativa, como se realmente existisse justificativa alguma para matar alguém.

como se algo morresse dentro de mim à cada segundo, você nem ao menos precisaria me matar para me fazer perceber a futilidade de simplesmente existir.

eu plenamente entendo que não faz sentido.

mas você é feliz?

os meus olhos derretem e a minha boca entorta que nem arame conforme palavras jorram da sua boca e eu simplesmente gostaria de arrancar a sua garganta para que não machuque mais um centímetro de mim com tamanha amargura. mas claro que isso é hipócrita pra cacete da minha parte. as flores caem do chão e o vento sopra alto fazendo um barulho estranho como se soubesse de cada um dos meus pensamentos autodestrutivos. eu seria egoísta de dizer que o planeta terra desabou por um segundo sobre mim, mas eu não consigo negar a dor exepcionalmente corrosiva que me acertou.

somos feitos de lata, macarrão, papelão velho e algumas tampinhas de garrafas vazias de cerveja que nós não precisamos nem ao menos ingerir para provar da amargura.

você me chama de covarde quando eu levanto do piso frio e viro às costas para você, como se não houvesse porra de motivo nenhum para que eu me sentisse magoada, afinal.

e então você não desgruda por um momento o olhar das minhas costas arrebentadas e torce para que eu tropece, porque da sua perspectiva intangível, eu sou burra demais para perceber que você anda bem pior. o que não deixa de ser um belo de um fato.

ao simplesmente não expressar reação sequer em relação à sua insatisfação, eu quis dizer que quando você me perguntou sobre o meu conceito de felicidade, a resposta foi um belo de um grande mas é claro que eu sou feliz.

eu tenho a porra da vida perfeita, a família perfeita e se eu quisesse teria até um anjo de estimação para me fazer pingar algum tipo de lágrima mágica ou esse tipo de coisa.

só que da sua perspectiva eu sou só mais uma egocêntrica do cacete que você mataria com um estalar de dedos.

mas só se você fosse deus.

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