Apenas dance

76 4 1
                                    

Olhar para o teto é entediante. Deitada no quarto eu posso refletir. Tens sido tempos difíceis depois que minha mãe morreu. Meu pai a três meses só pensa em trabalhar e meu irmão só quer saber de sair. Enquanto isso algumas contas aparecem, contas atrasadas de empréstimos.  As coisas parecem tão difíceis e distantes, eu fecho os olhos fortemente. Ainda não sei em que momento tudo mudou de cabeça para baixo, não consigo emprego, meu irmão não quer saber de ajudar nas despesas, meu pai não conversa comigo, só diz que vivo no mundo da lua e as vezes grita coisas horríveis para mim. Só de lembrar nos nomes que ja me chamou eu tenho vontade de sumir. Chorar virou exercício pra mim, em resposta eu tento deixar as coisas entrar por um lado e sair pelo outro.
 Sempre mantenho a porta do meu quarto fechada, afinal, não sei em que estado ele deve voltar pra casa depois do trabalho. Ao me lembrar dos ultimos meses... respiro fundo. Nessas horas quando fico nervosa e inquieta, busco refugio enquanto coloco minhas musicas no ultimo volume, as musicas por muitas vezes vem repletas de batidas, um R&B viciante,  danço em frente ao espelho com todo meu coração, uso cada batida como se fossem as batidas do meu coração, em resposta meu corpo se movimenta pra la e pra cá, involuntariamente, pra passar o caos instalado dentro de mim eu tento não focar nesses tipos de situações, esquecer o passado, mesmo que por um curto tempo,  por isso eu amo musica, muita musica. 

- vinte e oito anos não é fácil não - eu suspiro com os olhos lacrimejando. Sento na cama e pego meu celular pra fazer o que tenho feito a duas semanas, procurar emprego. 

Pensar nisso me deixa ansiosa e triste, ha um tempo que venho procurando emprego e não encontro muitas oportunidades, gostaria de trabalhar em alguma area voltada para o administrativo pois tenho um curso técnico administrativo mas os grupos de vagas que entro e as pessoas a quem chamo pra conversar sobre alguns trabalhos são muito exigentes e impacientes, não sei se meu corpo, minha cor ou meu cabelo de alguma forma influenciam, mas tento pensar por um lado ""positivo" pra continuar a de que não devo desistir, e seguir tentando.

Mas ficar divagando demais sobre isso me deixa ainda chateada, percebi que sou uma pessoa muita ansiosa e ultimamente tento fazer de tudo para pensar que essas são apenas situações que vão virar experiencias apenas um momento e que muito em breve irá passar.

Me levanto e sigo para frente do espelho, ao me olhar para o reflexo para um corpo é tão simples, mas as pessoas complicam e implicam com isso, sei que não caibo num padrão social e muito menos sou considerável bonita pelos outros. Mas uma vez minha mãe me disse...

 -" Você merece o melhor, o melhor. Porque você é uma das poucas pessoas neste mundo ruim que é honesta consigo mesma, e isso é a única coisa que realmente conta." - completo a frase que ela citou de Frida Kahlo e sorrio. Lembrar de minha mãe me deixa feliz e triste ao mesmo tempo, é muito difícil não me pegar pensando nela todos os dias. Lembrar que ela lutou até o fim de sua vida numa cama de hospital adoecendo de um câncer e que passou um bom tempo ao lado de alguém que ao menos lhe pagava um peça de roupa para vestir. Sim, estou falando do meu pai, pai...

Suspiro.

-Esquece Dina - enxugo as lagrimas que teimam cair por meu rosto, sentir as lagrimas quentes e prontas pra descerem me puxa ainda mais. Chorar é um sentimento de limpeza eu penso, imagino que minhas lagrimas se esvaem e limpam a dor que se instala em meu peito, nela eu posso desabar e saber que estou viva e sou alguém. Chorar faz bem, e torço para que sempre consiga me recuperar de cada uma delas que queiram cair. Nesses momentos eu sinto que devo me livrar de tudo que esta preso e guardado, por isso deixo rolar a musica mais melancólica pra tocar nos meus fones, talvez ache que sou uma masoquista, mas na minha teoria eu acho que as emoções devem ser dispensadas de uma maneira que apenas deve ir... por isso eu amo musica, elas conversam comigo e me fazem viver o momento.

Eu continuo me encarando e pensando em frente ao espelho. Me olho e sempre me estudo. Quando enxergo meu corpo eu tento pensar que realmente sou uma pessoa bonita, tanto dentro quando por fora, por isso de uma das coisas boas que tenho é a minha autoestima e respeito pela pessoa e humana que sou. Desde que acordei eu estou trancada no quarto. Olho o relógio do celular.

São três e meia da tarde. 

Ando pelo quarto atras de meus fones. O tempo passa e isso me sufoca. Encontro meu celular e coloco em Don't Check On Me do Chris Brown, essa musica realmente me deixa sentir a batida e os sons do meu sentimento agora, eu apenas sinto, mesmo não sabendo cantar. A guitarra e as vozes dançam e me deixam anestesiada, de pé eu danço em pequenos passos de valsa pelo chão do quarto, fecho os olhos e sinto.

TUM TUM TUM - sinto uma vibração que vem do chão e jogam som vindo direto da porta. Respiro fundo. Ele chegou. 

Aumento ainda mais os fones e continuo dançando em pleno ar e sozinha. Sorrio, sorrio por esse momento eu conseguir deixar passar e estar distante de tudo.

................................................................................................................................................................

Hey querido leitor ... 

    Se estiver triste e se sentir sozinho, apenas converse com você mesmo e se perdoe. Aconselho que apenas dance e sinta seus movimentos, a musica por si só conversa com você, independente de qual seja a musica, apenas coloque aquela que a deixe mais feliz e deixe rolar. Não se leve tão a sério. O mundo pertence a você e é só seu. 

O capitulo foi curto pois queria apenas focar no pensamento e sentimentos da personagem. Dina é uma pessoa de esperança ... não se esqueçam disso...

Te vejo no próximo capitulo. S2 S2 S2


Encontro com o IdolOnde histórias criam vida. Descubra agora