Prólogo

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            Oh, Deusa da Lua

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Oh, Deusa da Lua... Eu estava presa...

A floresta ao meu redor se encontrava em completa escuridão. Passei os dedos no solo, sentindo a textura áspera e molhada da terra, não sabendo distinguir se era real ou minha mente pregando outra nova peça. Tentava ficar de pé, mesmo sentindo o corpo pesado e exausto. O pânico em minhas veias aumentava a cada instante e a cabeça doía de tanto forçar as vistas. Deveria ter mantido a calma, assim como fui treinada desde pequena, mas não conseguia.

Escutei galhos se quebrarem atrás de mim, então entrei em modo alerta. Ao me virar, pronta para me defender, inúmeros olhos se abriram entre a escuridão, todos focados na minha direção. O brilho da lua no céu veio diretamente a mim, quase me deixando cega.

            — Klara!

            — Klara!

            Klara!

          Diziam o meu nome com ódio. Estremeci ao observar aquelas enormes bocas e os dentes afiados. São lobos com um profundo instinto assassino, diferente daqueles que sempre via normalmente. Todos com a aparência deformada e olhos diferentes, mas sedentos por sangue.

         O meu sangue.

        Por instinto comecei a correr apavorada, minha vida dependia daqueles passos. Não podia clamar por ajuda ou usar os meus poderes, na verdade, não sentia nenhuma parte sobrenatural de mim acordada. E enquanto sentia os enormes galhos machucarem minhas pernas, os uivos ecoavam nos meus ouvidos e na floresta.

         Aqueles lobos estavam cantando a minha canção da morte e não sentiam nenhum remorso por isso.

         Continuava a correr com aquela luz da lua no céu atrapalhando o caminho, como se aguardasse um movimento errado de meus pés para me entregar de vez à eles. Mas continuaria a fugir deles mesmo se meus pés doerem, que meu corpo implorasse para parar e o caminho difícil de percorrer.

Não vou me entregar à morte tão facilmente como eles querem.

         Ao encostar numa árvore, enchendo desesperadamente os meus pulmões com ar puro, notei o meu estado. Estava vestida com um tecido fino e da cor azul escuro, que cobria os meus braços e pernas, como uma espécie de macacão. Entretanto, o que mais chamou a atenção ou me distraiu, foi a capa vermelha pendurada no meu pescoço e cobrindo o meu cabelo.

         O vermelho da capa era chamativo e liso, deslizando no chão sujo e lembrando exatamente o escorrer de um sangue puro. Já os detalhes negros nas bordas eram como veias grossas, formando linhas não tão retas até a metade do tecido.

         Antes de voltar a me mover, um lobo marrom escuro puxou aquela capa, levando-me ao chão sem piedade alguma e rosnando. Havia permitido que eles me cercassem e um fogo impetuoso começou a se espalhar pela floresta em formato circular, mas não foi o suficiente para afastá-los. Seu foco era eu.

Era a minha morte.

         Minha visão ficou turva e tudo começou a rodar pelo baque no chão. Suas silhuetas se moviam rapidamente ao meu redor e tapei minhas orelhas que doíam.

         — Klara!

         — Klara!

         — Klara!

         — Klara!

         — Klara!

         — Klara!

         Gritavam irados enquanto me debatia na lama, até que um uivo forte fizesse com que todos parassem. Escutei de longe as batidas apressadas pela floresta à minha procura e senti a sua fúria dentro do meu ser. Não sabia que lobo era, mas ele acabaria com todos por terem feito isso.

        O lobo chegou como um demônio enfurecido e seu primeiro movimento foi diretamente prender os dentes no pescoço do primeiro inimigo que viu pela frente. Parecia lâminas afiadas ao partir em dois aquele corpo, que era pequeno comparado ao seu.

         Olhei atenta a briga que se seguiu com mais dois deles. O seu pelo era negro, podendo facilmente confundir com a escuridão do local, mas os olhos...

         Aqueles olhos...

         Antes que um deles pulasse diretamente em cima de mim, rolei pelo chão. Eu não iria assistir aquela luta sem fazer nada para ajudar, precisava agir! Peguei um galho grosso por perto e juntei todo o resto de forças que tinha para cravar em sua boca. O sangue escorria como água após retirá-lo, respingando no meu rosto e sujando mais ainda a roupa.

         Segurei firme o galho, levantando-me e indo de encontro a batalha que o lobo negro enfrentava sozinho, batendo as patas fortemente e furando as barrigas daqueles que se aproximavam. Não importa quanto sangue sujo esteja em minhas mãos, eu precisava me salvar e ajudá-lo.

         Vários correram na direção contrária com medo do que poderíamos fazer se fossem os próximos. Olhei para cada um deles com as sobrancelhas cerradas, eram apenas covardes vestidos de valentia.

Lobos devem ir até o final da batalha, então por que eles não continuaram? Perguntei-me.

         Caí de joelhos no chão, tentando acalmar os sentidos e a respiração. Perdida nos pensamentos, sinto as lufadas de ar vindo do enorme lobo perto de mim. Não ousava olhar de volta, só tentava me recuperar do susto e do desespero. Então, inesperadamente o seu focinho encostou levemente na ponta da minha cabeça e uma onda de calor se espalhou por mim.

        " — Está machucada? — Escutei a voz grave na mente. Inspirei de novo.

        — Você deve estar mais machucado. Temos... — Respirei novamente. — Que cuidar de seus machucados primeiro.

         — Minha única preocupação é com você, não comigo — Respondeu firme. — Está machucada ou não?

        — Não muito. Graças a você..."

        Encarei aqueles olhos e pela primeira vez não sabia como reagir ou o que dizer em seguida. Só sentia o início daquela ligação sendo formada, como uma linha fina de calor, carregada de incertezas e certezas.

         Sorri de lado. Que os jogos comecem!

 Que os jogos comecem!

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