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— Olá, meu nome é Park Jimin, tenho vinte e três anos e estou aqui pela vaga de atendente.

​— Obrigada por ter vindo até aqui, Sr. Park. Vamos conversar um pouco... Me diga, primeiramente, como ficou sabendo da vaga? — a mulher com fortes traços orientais e com os olhos bem repuxados sorriu e lhe serviu uma xícara de café.

​— Bom... Eu... Eu estava em uma dessas páginas do facebook, sabe? Essas de ofertas de emprego. Alguém postou algo lá e como eu estava aqui perto... — deu de ombros e sorriu, nervoso. Estava mexendo a colher de açúcar devagar, apreensivo sobre talvez derramar na mesa bem arrumada da gerente. Não queria passar uma primeira impressão ruim.

​— Entendo. Você é casado? Tem filhos?

​— Não e não.

​— Está desempregado?

​— Estou...

​— Há quanto tempo está desempregado, Sr. Park?
​— Seis meses e dezoito dias. — sorriu nervoso e torceu os dedos uns nos outros, o café já finalizado.

​— Me diga só mais uma coisa, por favor... Por que deveríamos contratar o senhor, Sr. Park?

​Jimin molhou os lábios e remexeu as mãos, extremamente ansioso. Mesmo tendo ido a dezenas de entrevistas nos últimos seis meses e antes disso, antes de seu antigo emprego, ainda se sentia nervoso a cada vez. — Porque estou desempregado há seis meses. E preciso de um emprego... E... — fechou os olhos, arrependido por ter demonstrado desespero e respirou fundo. — E porque eu sou um bom funcionário... Já trabalhei na padaria do meu tio quando era mais novo, tenho experiência no ramo... Além de ser extremamente... Responsável. Sei que é o mínimo... Mas eu realmente sou. Tenho tudo organizado... Ou pelo menos tinha... Até ser demitido... Mas! Fui demitido por corte de funcionários... A empresa não estava muito bem das finanças.... E precisavam diminuir os gastos... É... Desculpe, não sei mais o que dizer. Eu só realmente preciso de um emprego. Meu seguro está nos finalmentes e... Desculpe, vou parar de falar.

​A mulher vestida num terno feminino sorriu sem mostrar os dentes e se debruçou levemente sobre a mesa, com as mãos entrelaçadas a sua frente. — Tudo bem, Sr. Park. Acabamos por aqui. Entraremos em contato com o senhor... Pode preencher essa ficha antes? — empurrou um dos papeis da pilha ao lado do computador e em seguida uma caneta. — Obrigada. — se levantou quando Jimin a entregou a ficha com seus dados e estendeu a mão para um aperto formal antes de se curvarem.

​Jimin deixou a sala da gerente e a grande cafeteria se sentindo derrotado. Passou pelos clientes e amaldiçoou qualquer um que tivesse um emprego. Estava ferrado. Seu dinheiro pela remissão estava acabando, mesmo com as economias, e logo teria que pedir um empréstimo ao banco (o que provavelmente seria negado, devido à sua falta de renda, o que era obvio) ou vender balas nos semáforos. A segunda opção lhe parecia terrível, mas a mais provável.

Entraremos em contato. Sim, Jimin já tinha perdido as contas de quantas vezes ouviu aquela baboseira nos últimos meses. Até hoje nenhuma ligação de qualquer um dos que prometeram um contato. Mentirosos!

​Atravessou a rua, triste e desempregado. E com contas para pagar. Olhou para os dois lados, não vinha nenhum carro. Sentou em dos banquinhos de madeira da praça onde alguns pais olhavam as crianças brincando e onde uma menininha andava, sozinha, em direção à rua. Espera! Estava vindo um carro! E a menina era nova demais para saber o que aquilo significava. Três anos, no máximo. Jimin se desesperou, olhou para os lados procurando alguém indo atrás da menina mas ninguém parecia notar ou estar com ela.

​— Onde está a mãe dessa criança? — resmungou nervoso, não evitando levantar e correr até ela, a tempo de a pegar no colo antes que pudesse descer o meio-fio e pisar na pista, onde o carro passou tranquilamente e numa velocidade fatal para um ser humano daquele tamanho. A criança não pareceu entender o que teria acontecido ali, mas Jimin sim, e seu coração pulava mais nervoso que quando recebeu a fatura de seu cartão de credito há alguns meses atrás. Apertou a menina em seus braços, a protegendo do perigo que não mais existia, e olhou em volta de novo, ainda assustado. — Meu Deus... Que susto... Onde tá sua mamãe, bebê?

​Jimin se desesperou mais uma vez quando a criança não o respondeu e apenas tentou arrancar seu óculos e quase arrebentou o seu colar.

​— Céus... Ei! — aumentou o tom de voz, se vendo sem saída se não ir perguntando. — A mãe ou o pai dessa criança?! — andou com ela pela praça, a mostrando para todos, que negavam com a cabeça. — Pelo amor de Deus... Ela quase foi atropelada agora... Alguém?!

​Um homem que estava aparentemente comprando algodão doce o olhou estranho e correu em sua direção, balançando o doce em mãos. — Ah! Você é o pai dela?

​— O que você está fazendo com a minha filha no colo? Seu maníaco! — esticou os braços para pegá-la e Jimin não o impediu. — Maria! Não pode ir no colo de estranhos! Ouviu bem? Não vá com estranhos! Não pode...

​— Ei... Eu não estava tentando roubar ela... A vi sozinha e estava indo para a rua... — Jimin baixou os ombros, nervoso e tímido. — Estava vindo um carro... Eu só ajudei. E onde você estava quando sua filha quase foi atropelada?!

​O homem mais alto e de cabelos negros mordeu os lábios e olhou para a filha, preocupado. — Me desculpe... E obrigado! Muito obrigado... Eu... — olhou para a vendedora de algodão-doce, que era muito bonita, por sinal, e esta piscou para ele e sorriu. Jimin abriu a boca quando o homem voltou a o olhar, sem responder.

​— Inacreditável... Você estava de papo com a mulher do algodão doce? E deixou sua filha sozinha, pra ser atropelada?

​— Olha só... Obrigado por ter impedido ela... Mas fica na sua, beleza? Isso não é da sua conta. Agora me dá licença. — segurou a menina, que brincava com o colarinho da sua camisa, com mais firmeza e o deu as costas, rumando para fora da praça e parando ao lado de um carro estacionado. Colocou Maria na cadeirinha e a entregou o algodão doce, tomando o lugar do motorista em seguida.

Jimin permaneceu no mesmo lugar, estático. ​— Huh! Grosso! — resmungou e balançou a cabeça, dando o fora dali também, porém a pé.

cotton candy {ji.kook}Onde histórias criam vida. Descubra agora