Prólogo: Um sonho que nunca acaba

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SONHAR(verbo)

¹• ver em sonho; ter sonho (sobre).
²•p.ext. ter pesadelos ou delírios; delirar.
³•fig. entregar-se a fantasias e devaneios, a respeito de.
⁴•fig. desejar (algo) com insistência; pensar muito em; almejar.
5•fig. admitir a possibilidade de; prever, imaginar.


Podia se ouvir o bater de asas de pássaros, enquanto os olhos do garoto permaneciam fechados. Finalmente decidiu os abrir quando o som desapareceu e percebeu que era fim de tarde no lugar que estava. Jeongguk se encontrava mais uma vez, frente aquele carrossel velho e enferrujado com a frase You Never Walk Alone estampada na parte de cima e com a tinta meio descascada.

Estava descalço com os pés na areia e o céu já apresentava sua primeira constelação ao longe. Olhou em volta, mas o lugar parecia completamente deserto e solitário. Não era a primeira vez que Jeon tinha esse sonho. Já sabia muito bem o que viria a seguir, então apenas cerrou os olhos e quando os abriu, estava naquele quarto escuro novamente.

O mesmo quadro estava à sua frente e pelo teto e paredes – presos por finas linhas de nylon – estavam figuras pintadas com o que parecia ser o rosto de seus amigos. Podia ouvir e ver a chuva que caia atrás de si pela abertura na parede e os raios que cortavam o céu – se é que aquilo era o céu – iluminavam o quarto.

Tentou outra vez identificar de quem era o rosto pintado no quadro, mas era tentativa falha. As vezes ele lembrava a si mesmo, e outras, as pessoas que amava. O rosto – gravado em tinta preta e com detalhes coloridos pelo cabelo da figura – sempre o encarava, Jeon sabia que era para si que o quadro olhava, mesmo que isso soasse de certa forma, um equívoco.

Encarou o quadro por mais alguns segundos e resolveu o deixar de lado, pois sabia que não teria as respostas para suas perguntas. Caminhou até a porta que havia no fundo do lugar e quando a abriu, adentrou o ambiente escuro. Escutou ela se fechando atrás dele e o deixando em um breu total.

Aos poucos, uma luz foi iluminando o que parecia ser o centro do lugar como um holofote que ilumina o centro do palco onde se encontra o protagonista da peça. A luz refletiu sobre o aço incomodando seus olhos, que – quando enfim se acostumaram com a luminosidade – pode ver que eram grades. Grades de uma cela enorme estavam ali e alguém parecia estar dentro dela, encolhido e de costas no canto da jaula.

Tentou reconhecer a figura, mas não conseguia, pois essa estava distante. Começou a ouvir um choro baixo de criança – deduzindo que a figura na cela, era uma pela estatura. Tentou se aproximar aos poucos, mas a aura do lugar era sombria e não importa o quanto dissesse para si mesmo que era apenas um sonho, ele estava assustado, sua respiração estava rápida e sentia o coração acelerar. Sentiu algo passar entre suas pernas o fazendo engolir em seco. Então olhou para baixo devagar e viu uma bolinha de pelos brancos – um pequeno cachorro – que ia em direção a cela. O cão começou a latir se aproximando da figura cabisbaixa que cessou o choro ao ver o animal. 

Quando chegou até a criança, ela pegou a bolinha de pelos brancos a mão e passou a dar pequenos risos de felicidade, como se toda aquela cena e ambiente estranho desaparecerem por um momento. Balançava seu corpo para frente e para trás com o cachorro no colo,  assim como uma mãe faz com o bebê para ele dormir.

A criança começou a assoviar uma canção calma e essa parecia muito familiar a Jeongguk. O fazia se lembrar de sua infância. Prestou atenção na canção e dessa vez tinha certeza: esse era o seu assovio! Essa era a canção que ouvia quando ainda criança e a criança encolhida a sua frente parecia ser ele mesmo.

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⏰ Última atualização: Jul 21, 2019 ⏰

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