Sente,sente,meu primo Capuleto;Você e eu já não dançamos mais.

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Não consigo me lembrar até que ponto da história dançando aquela noite, mas os passarinhos haviam começado a gorjear lá fora quando enfim mergulhei no sono, sobre u. mar de papéis. Nesse ponto já havia compreendido a ligação entre os diversos textos da caixa de minha mãe: todos eram, cada um a seu modo,versões pré-shakespeareanas  de Romeu e Julieta.Melhor ainda os textos de 1340 não eram apenas ficção,mais autênticos depoimentos de testemunhas oculares dos acontecimentos que tinha levado a criação da célebre história.

Embora ainda não tivesse aparecido em seu próprio relato,o misterioso Maestro Ambrogio parecia ter conhecido pessoalmente os seres reais por trás de alguns dos mais malfadadas personagens da literatura. Tive de admitir que até ali nada em seu texto exibia uma grande superposição com a tragédia de shakespeare.No entanto, mais de dois séculos e meio haviam decorrido entre os eventos reais e a peça do Bardo e a história devia ter passado por muitas mãos diferentes no caminho.

Ansiosa para compartilhar meus novos conhecimentos com alguém capaz de aprecialos— nem todos achariam divertido que,ao longo dos séculos milhões de turistas tivessem ido em bando a cidade errada para ver a sacada e o túmulo de Julieta—, telefonei para o celular de Umberto assim que sai da minha chuveirada matinal.

—Parabéns!— exclamou ele, quando lhe contei que tinha conseguido convencer o presidente Maconi a me entregar a caixa de minha mãe.— E então,está muito rica?

—Hmmm— respondi,olhando para a bagunça em minha cama.—Acho que o tesouro não está na caixa.Se é que existe algum tesouro.

—É claro que existe um tesouro—objetou Umberto.—Por que outro motivo sua mãe guardaria isso num cofre bancário? Olhe com mais cuidado.

—Há mais uma coisa...—fiz uma breve pausa tentando encontrar um modo de contar sem parecer boba.— acho que tem algum parentesco com a julieta de shakespeare.

Creio que eu não poderia censurar  Umberto por ter rido, mas mesmo assim,aquilo me aborreceu.

—Sei que parece esquisito— prossegui interrompendo sua risada—, mas porque outra razão queríamos mesmo nome,Giulietta Tolomei?

—Você quer dizer Julieta Capuleto?—corrigiu-me Umberto.— Detesto lhe dar esta notícia,principessa,mas não tenho certeza de que ela tenha sido uma pessoa real...

—É claro que não!— rebati desejando nunca ter lhe contado nada.—mas parece que a história foi inspirada em pessoas reais... Ora,deixe para lá! Como vão as coisas por aí?

Depois desligar comecei a folhear as cartas em italiano que minha mãe tinha recebido mais de 20 anos antes. Certamente ainda haveria alguém vivo em Siena que tivesse conhecido meus pais o que pudesse responder a todas as perguntas que dia rose tinha rechaçado tão sistematicamente. Sem saber nada de italiano,pore, era difícil saber quais as cartas tinha sido escritas por amigos ou parentes. Minha única pista era que uma delas começava com as palavras "Caríssima Diane" e o nome do remetente era Pia Tolomei.

Abrindo o mapa da cidade que eu havia comprado na véspera, junto com o dicionário, passei algum tempo procurando um endereço na busca do endereço rabiscado no verso do envelope e, por fim consegui localiza-lo numa pracinha minúscula, chamado Piazzetta del Castellare,no centro de Siena. ficava bem no coração dá contrada da Coruja, minha própria praia, não muito longe do Palazzo Tolomei, onde eu encontrara o presidente Maconi no dia anterior.

se eu tivesse sorte,Pia Tolomei, quem quer que ela fosse, ainda estaria morando la, ansiosa por conversar com a filha de Diane Tolomei e lúcida o bastante para lembrar por quê.

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⏰ Última atualização: Jan 11, 2015 ⏰

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