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"Não sei porque minhas histórias começam sempre em um domingo, deve ser o fato que domingos retoma um ar dramaticamente triste, e digamos que com esse sentimento me assemelho muito. "

Estava quase pronta para ir à igreja com meu irmão Antonie, faltava apenas colocar o colar deixado por minha mãe alguns dias antes de ser assassinada ao lado de meu falecido pai William Cooper, dono de uma grande empresa de joias, agora deixada para meu irmão e para mim, mesmo já tendo 18 anos sinto que não estou pronta para assumir nada. 

Quando meus pais morreram eu tinha apenas 8 anos e meu irmão 20, por sorte Tonie sempre teve cabeça em cada decisão que tomava, e com o tempo aprendeu a liderar de uma forma espetacular a Angelus. Foi muito difícil para ele no começo, e a única pessoa que tínhamos ao nosso lado era a empregada da família, a dona Maria, ela cuidou de Tonie desde que nasceu e também de mim, temos ela como uma mãe. 

- Está pronta, querida? - disse meu irmão empurrando a porta do quarto que estava entreaberta.

-Poderia abotoar para mim, por favor? - pedi mostrando o colar.

-Ele é lindo.

Dei uma última olhada no espelho, usava um vestido preto reto, minha sapatilha, alguns fios do meu cabelo estava preso para trás com uma presilha, e por fim o meu colar. Peguei minha bolsa e saí do apartamento junto com meu irmão, apenas dei um tchau para Maria antes de descer, não vai conosco porque diz que não tem uma crença, mas isso nunca foi motivo de discussão em casa, sempre nos respeitou e nós a ela.

Chegamos e logo o Padre George veio ao nosso encontro como todos os domingos, ele sempre foi muito atencioso. 

-Agnes! Antonie! - Disse o Padre nos abraçando - Que bom vê-los! Como estão?

-Estamos bem, padre, e como vai o senhor? - Perguntei.

-Na Graça de Deus estamos indo – sorriu. 

Deixei meu irmão conversando com o padre enquanto caminhei até a capela do Santíssimo, onde fiz minhas orações e agradeci a Jesus por tudo.  Lá sempre acalma meu coração e acaba com todos os meus medos. 

A missa começaria em breve então voltei ao banco onde já estava meu irmão sentado. 

Estava ali admirando a beleza daquela igreja de Santa Teresinha, igreja com o estilo neogótico, com as abóbadas na cor rosa claro, a acústica maravilhosa que qualquer som feito pelo mais simples e mais pequeno ser, ecoava por toda a igreja, seu altar espaçoso de onde dava para ver o coro da igreja, lugar onde cantava os músicos na hora da missa, o mesmo parecia o coro dos anjos, o átrio da igreja que era possível perceber sua riqueza, deixando ali a parte mundana e adentrando ao santuário de Deus, cada detalhe naquela igreja me encantava, me fascinava e me fazia sentir em casa. Sempre achei a mais bela da cidade, mas algo me chamou atenção ao olhar para o altar, havia ali um jovem rapaz que parecia ter mais ou menos minha idade, usava uma túnica branca e olhava fixamente para meu irmão. 

-Tonie, a paróquia está com seminarista agora? - Perguntei, talvez fosse um novo aprendiz de padre. 

-Não que eu saiba Agnes, por quê? 

-Quem é aquele então? - Tonie seguiu com os olhos para onde eu olhava.

-Onde? Não há ninguém – Disse assustado

-Perto das cadeiras do altar!

-Agnes, já disse, não há ninguém!

Ele continuava a encarar meu irmão, quando eu ia dizer algo para Tonie a comentarista começou a falar chamando nossa atenção, quando olhei novamente não havia ninguém mais. 

Afinal, quem era aquele?

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