Capítulo 43

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Olá anjos, boa noite... Um momento Norminah e sadnss

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Narrador Pov

"Deita aqui comigo." É tudo que o que Dinah diz, ainda em um tom de voz calmo.

"Mas..." Normani tenta argumentar.

"Deita comigo, Mani." Dinah a interrompe.

Normani apenas acena e deita-se ao lado da loira. Seus rostos ficam a centímetros de distância.
Mani respira fundo fitando os olhos escuros tão próximos dos seus. Tentou captar qualquer sentimento negativo de Dinah em relação a ela, mas o que via era apenas carinho e... curiosidade.

"Eu tinha mais ou menos a mesma idade que você tem hoje." Mani começou a falar. Queria desviar o olhar daqueles olhos que pareciam penetrar sua alma, mas uma força maior a impedia de fazer isso.

"Entendo..."

"Então, eu estava caminhando. Vinha da Universidade... " Normani continuou a contar. "Meus pais tinham boas condições financeiras e podiam pagar a faculdade de Medicina para mim."

"Medicina?" Dinah fala e dá um sorriso. "Você fica bem de branco."

"Obrigada." A negra respondeu, correspondendo ao sorriso. "Por isso tento ajudar meu pai com coisas no hospital, só preciso de mais prática com o sangue..."

"Sim e você vai conseguir. Continue..."

"Então, um dia eu ia voltando e ouvi alguns gritos. Era uma mulher. Desci do carro e corri até a voz que gritava cada vez mais alto. Era agonizante." Normani fechou os olhos e respirou fundo. Logo sentiu a mão quente de Dinah acariciar sua pele. Esse gesto, embora simples, a acalmou quase que instantaneamente. "Quando eu cheguei até o local, havia dois homens. Um estuprava a menina e o outro apertava os seios dela e tentava enfiar o pênis em sua boca."

Nessa hora, Dinah soube exatamente o que Mani iria fazer, porque seria a mesma atitude que ela teria. Não comentou nada, para deixar a namorada falar e contar como tinha sido essa experiência para ela.

"Eu não era forte. Como você pode ver, eu sou magrinha." Mani fala apontando para o corpo. "Mesmo assim, eu não podia deixa-la ali. Juntei toda a minha coragem e corri até eles. Empurrei o primeiro homem e, com muito esforço, consegui afastar o segundo também."

Dinah observava atentamente cada palavra que a namorada dizia. Um lado seu queria poder estar lá na hora para protege-la de tudo e cuidar dela, mas as coisas não funcionavam assim e, a loira tinha certeza que, muito do jeito atual de Mani, tinha sido influenciado por essa experiência.

"A garota conseguiu se afastar. Eles até pensaram em segui-la, mas pararam quando me viram, provavelmente me acharam mais bonita ou estavam zangados demais com o que eu fiz. Eu esperneei, bati neles, mas eles ainda me tocaram e tentaram algumas coisas. Rasgaram minha roupa fora." Mani parou quando sentiu a mão de Dinah apertar com mais força o seu braço.
O maxilar da loira estava fechado com força, como se ela tentasse conter a irritação. Normani segurou a mão dela, delicadamente, trazendo-a para os seus lábios e depositando um beijo suavemente.

"Calma. Eles não chegaram a fazer nada. O irmão daquele cara se assustou com minha gritaria, sabe que minha voz é potente e deu um tiro em mim." Mani continuou. Parecia mais calma agora. "O restante é tudo um borrão para mim, só lembro que acordei e Clara estava na minha frente. Eles me acolheram e cuidaram de mim. Mas eu tinha que me vingar."

"E você foi lá e matou os dois?" Dinah não se conteve e acabou perguntando.

"Não. Um já tinha morrido. O outro eu fui atrás e matei. Quando ia saindo, vi uma criança me olhando. Ele viu que eu era uma vampira. Viu que eu tinha matado o irmão dela." Mani passou a mão pelos cabelos tentando fazer com que esse gesto, afaste-se essa culpa de dentro de si.

"O menino não tinha ninguém. Eu fiquei sabendo que ele foi criado por um tio junto do seu irmão mais novo." Pela primeira vez durante a conversa delas, Normani desviou o olhar do de Dinah, mas esta puxa seu queixo suavemente, conectando os olhares novamente.

"Não se envergonhe. Eu faria o mesmo. Sei que Camila não faria isso. Mas eu faria." Dinah apressou-se a dizer para fazer a namorada se sentir mais confortável. E era verdade. Ela não tinha medo de matar. Nem de morrer.

"Eu não sabia que ele tinha um irmão, ou não teria feito. Talvez tivesse, mas teria sido diferente." Mani continua tentando explicar. "Eu entendo ele querer vingança, eu tentei contato há alguns anos e expliquei a situação, acho que foi idiotice minha, porque, obviamente eles não acreditaram. Mas ele não sabe como é sentir isso sempre. Aquela sensação de estar suja. Eu apenas fecho meus olhos, mesmo 30 anos depois, e ainda sinto aquelas mãos ásperas me tocando e batendo... É a pior sensação do mundo, entende?"

Dinah balança negativamente a cabeça, deixando cair as lágrimas que segurou até agora.
Ela queria fazer tudo isso passar.
O fato é que não havia como fazer isso passar.

"Eu só posso imaginar como você se sente, meu amor." Dinah fala enquanto delicadamente puxava a negra para um abraço calmo.

Ficaram assim um tempo.

O choro sem lágrimas de Normani era pior que a tortura das chicotadas, para Dinah. Ouvir os soluços secos dela.
A forma como seu corpo balançava em pleno desespero.
Ficaram horas assim até a negra se acalmar e levantar um pouco a cabeça, fitando os olhos escuros mais uma vez.
Era incrível a conexão que ela sentia cada vez que mergulhava naqueles olhos. Era como se a vida dela estivesse entregue, perdida ali dentro, mas sendo cuidada por Dinah.

"E aí eu conheci você... " Normani continuou depois de um tempo, pois percebeu como o toque de Dinah estava hesitante. "A forma como você me tratou, suas palavras, sua paixão. Eu amo isso."

"Eu sei que não sou exatamente doce com você, Mani, mas eu tenho um lado que eu quero lhe mostrar." Dinah falou com um sorriso calmo.

"Você não está com nojo de mim?" Mani perguntou incrédula.

"Não e porque eu estaria?! Se possível eu te amo mais ainda e quero mostrar isso para você." Dinah responde, enquanto aproximava os seus lábios aos da namorada, parando bem próximo.

Suas respirações se misturaram, mas ainda assim, os lábios não se tocavam.
Normani queria muito avançar os milímetros restantes, mas sentia que esse era um dos momentos com Dinah, que ela iria lembrar para sempre.

"Eu sou sua... Dih." Falou. Sua voz saindo quase que num sussurro.

Em resposta, Dinah apenas toma os lábios entreabertos da negra e inicia um beijo lento.

Nunca havia beijado Normani com tamanha ternura e cuidado como agora.
Queria provar cada parte daqueles lábios que tanto a atraiam, queria sentir cada gosto que a boca dela tinha.

Normani, por sua vez, deslizou as mãos pela cintura de Dinah, acariciando tranquilamente a pele quente.

Antes, isso a teria levado a loucura e ela já estaria encostada num canto de parede com Dinah a agarrando de todas as formas.

Agora, porém, ela entendia o que Dinah queria dizer com o beijo.

Todo o sentimento.

Ainda era sensual, mas de um jeito calmo, como se o desejo estivesse, naquele instante, submisso ao amor.

*****

Espero que tenham gostado.

Fix You - Camren And NorminahOnde histórias criam vida. Descubra agora