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MAFALDA

1 de janeiro de 2013

- Três, dois, um... Feliz Ano Novo! - eu e toda a gente que se encontra à minha beira gritamos e desejamos um ano feliz e cheio de saúde.

- Mafalda, aceitas namorar comigo? - Óliver, o meu melhor amigo, pergunta um pouco alto devido ao ruído de todas as pessoas e do fogo de artifício.

- O quê? - pergunto uma vez que ele me apanhou desprevenida. A verdade é que eu gosto dele e ele sabe, mas nunca pensei que ele me pedisse em namoro, ainda por cima hoje, agora.

- Eu disse, aceitas namo... - interrompi-o.

- Eu percebi. Fiquei só surpreendida por me teres feito essa pergunta. Mas, sim, é óbvio que aceito.

Rapidamente ele puxa-me para um abraço e, de seguida, beija-me.

Não foi o nosso primeiro beijo mas, com certeza, foi dos beijos mais carinhosos e com sentimento que nós demos.

- Eu gosto tanto de ti Mafs. - Óli, agora meu namorado, profere enquanto me abraça de lado.

- E eu de ti, Óli. - sorri-lhe.

Estava genuinamente feliz. E estava ansiosa para ver o que o futuro nos reservava.

Mal eu poderia imaginar como é que a nossa, bonita, história iria terminar.

1 de janeiro de 2019

Seis anos. Seis anos se passaram. Seis anos desde o dia em que Óliver e eu nos tornamos num só.

Tanta coisa aconteceu. Fomos felizes juntos. Rimos juntos. Choramos juntos.

A única coisa que não esperávamos, é que a nossa história terminasse da maneira como terminou.

Sinceramente, não sei se vou aguentar mais um ano sem o meu amor ao meu lado. Em que a única maneira de me recordar dele são através das fotografias e das memórias.

Estou farta de viver num constante sofrimento. Por muito tempo que passe, a dor continua aqui. Simplesmente as pessoas vão-se habituando a essa dor. Mas ela permanece lá. Todos os dias até ao fim das nossas vidas.

Eu não sei se tenho coragem para estar cá mais um ano, a fazer as coisas que nós gostávamos mas, sem ele.

Lembro-me de todas as viagens que fizemos e as que queríamos fazer. Lembro-me de todas as vezes que ele reclamava comigo em espanhol e a única coisa que eu conseguia fazer era rir, mesmo que estivéssemos chateados um com outro. Depois ele acabava por rir também e ficava tudo bem. Lembro-me de todas as noites em que eu não conseguia dormir e ele cantava baixinho para mim, mesmo que ele não tivesse aptidão nenhuma para cantar. Lembro-me do seu primeiro jogo no Dragão com a camisola do meu clube de coração, nesse dia estava feliz e orgulhosa. Feliz por estar no estádio mais bonito de todos e orgulhosa por ter o homem que eu amava - e que ainda amo - a representar tão bem as cores do Futebol Clube do Porto.

Lembro-me de tudo, e o pior é que agora não passam apenas de memórias.

Já não tenho o meu parceiro nas viagens. Já não o tenho aqui para reclamar comigo na sua língua materna. Já não o tenho aqui para me aconchegar nos seus braços durante a noite. Já não vou ao Dragão porque isso me faz recordar dele.

E mesmo que eu o queira recordar para o manter sempre por perto, é difícil. É difícil lá entrar sem uma - ou várias - lágrimas derramar. É difícil.

Eu, simplesmente, não consigo.

O Óli era o meu abrigo. Era ele. E irá ser sempre ele.

Era ele, e os seu abraços.

Os seus abraços eram capazes de me curar. Os braços dele faziam milagres.

E agora... Agora tenho o meu coração despedaçado. E a única maneira de ele voltar a estar bem, era ter Óliver aqui por perto. Mas isso, tornou-se impossível.

Ele foi. E com ele, uma grande parte de mim também foi.

Anseio o dia em que me juntarei a ele, de novo.

Ele nunca deveria ter saído de perto de mim. Mas, se assim o foi, agora eu vou atrás daquilo que amo. Ele é aquilo que eu amo.

E esse dia, está para breve.

Até já, meu amor.

PHOTOGRAPH ; óliver torresOnde histórias criam vida. Descubra agora