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MAFALDA

22 de novembro de 2016

- Óliver, para onde me levas? - perguntei ao meu namorado, este que me guiava com as suas mãos a tapar os meus olhos.

- Espera só mais um pouquinho, meu amor. - ele pediu e continuou a guiar-me.

Alguns minutos depois, parámos e ele retirou as suas mãos da minha face.

- Já podes abrir os olhos Mafs.

Assim o fiz. Abri os olhos e observei a vista incrível para o Rio Douro. Estávamos num jardim. O Óliver havia preparado um piquenique para nós. Hoje é o meu aniversário e ele decidiu fazer-me uma surpresa.

- Isto está lindo. Obrigada, amor! - aproximei-me de Óli e beijei-o.

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Mais um aniversário, mais um ano juntos. Parabéns, meu amor! Que sejas sempre essa pessoa alegre e feliz e que continues a espalhar o teu sorriso que me encantou e, de certeza, que encanta o resto do mundo. Te quiero! 💙🐻

22 de novembro de 2018

Acordei com o som estridente da campainha e, sem querer, levanto-me da cama e vou arrastando-me até à porta.

Ao ver que era a minha melhor amiga, abro a porta.

- Parabéns! - ela atira-se para os meus braços e envolve-me num abraço.

- Obrigada. - murmuro.

Após a morte de Óliver, eu acabei por me afastar de toda a gente. E nem todos foram capazes de manter ligação comigo, mas ela... Ela foi das poucas pessoas a querer ajudar-me a ultrapassar e, embora não esteja a resultar, estarei-lhe grata para sempre, por me tentar pôr um sorriso na cara.

- Vá lá, Mafalda. Tira essa cara e vai te vestir. Vamos sair.

- Não Bia, não me apetece. - digo sentando-me no sofá.

- A sério? Então, diz-me lá quais são os teus planos para o teu aniversário? - ela imita o meu gesto e abanca sobre o sofá.

- Ficar aqui, em casa. - profiro como se fosse óbvio.

A rapariga suspira e olha em todo o seu redor mantendo-se sempre em silêncio, até que o decide quebrar.

- Estás mesmo a pensar em passar o teu dia aqui? Fechada? - ela volta a insistir. - Diz-me, se o Óliver cá estivesse, como é que seria?

- Tu sabes muito bem como é que seria.

- E como é que eram os teus aniversários quando não o conhecias? - não estava a entender o porquê de todas aquelas perguntas.

- Normalmente, a minha mãe preparava um almoço e convidava as pessoas mais próximas.

- Então porque é que não fazemos isso?

- Bia, não estou cabeça para festas.

- Ok, tudo bem. - a ruiva levanta-se e vai até ao móvel de decoração da sala. Abre a gaveta e retira de lá um papel, e eu sei muito bem que papel é esse.

Ela volta até mim e entrega-me o papel. Arqueio a sobrancelha mas mesmo assim, pego no papel.

- Para quê que me estás a dar isto? - inquiri com uma expressão confusa.

- Eu sei que o gostas de ler. Por isso, fá-lo.

A verdade é que ela tem razão. Eu gosto de ler o que contém aquele papel. Foi uma das últimas coisas que o Óliver me havia dado.

Era uma carta que ele escreveu no seu último ano de vida, quando decidiu afastar-se de mim durante algum tempo pois estava a atravessar uma fase dura e complicada.

"Querida Mafalda,

sabes muito bem que neste momento estamos a atravessar, provavelmente, das fases mais complicadas da nossa relação. E, como tal, não quero que penses que este meu afastamento é por já não te amar. Isso é mentira. Eu amo-te e irei sempre te amar. No entanto, para te amar e para poder estar numa relação contigo, preciso de me amar a mim próprio e preciso de me encontrar novamente.

O que sinto por ti, é dos sentimentos mais puros e verdadeiros que poderão existir.

Nestes dias em que estarei fora, não quero que penses no que fizeste ou disseste por eu ter saído. A culpa não é tua. Sou eu que não estou na melhor fase.

Eu amo-te sem saber como, nem quando, nem onde. Eu amo-te com todos os teus defeitos. Porque são eles que te tornam perfeita. Eu amo-te assim porque não sei amar de outra maneira.

O amor magoa, às vezes até de mais. Quando fica difícil, e tu sabes que pode ser difícil, é a única coisa que nos faz sentir vivos.

Espero que me perdoes e que me concedas este tempo para eu me reencontrar.

Do teu, para sempre,

Óliver."

Deixo escapar algumas lágrimas, mas sorrio. Sorrio por estar a ler aquilo que ele me havia dito. E sei que, se ele continuasse aqui, diria exatamente a mesma coisa. Provavelmente, não estaria mal consigo mesmo, mas sei que diria o mesmo, pois a sua opinião não iria mudar.

Hoje, apenas mantemos esse amor em fotografias, onde os nossos corações não estão despedaçados. Ou melhor, o dele não está, mas o meu está. O meu está porque não o tenho aqui, ao meu lado, para sempre.

Gostava que o tempo congelasse. E se isso fosse possível, congelaria o tempo em algum dos momentos que eu estivesse nos braços do espanhol. Era lá que eu era verdadeiramente feliz.

PHOTOGRAPH ; óliver torresOnde histórias criam vida. Descubra agora