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          Hoje completa uma semana desde que fugi para tomar um ar e acabei no bosque

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Hoje completa uma semana desde que fugi para tomar um ar e acabei no bosque. Ou seja, há uma semana eu ocupo minha mente com apenas uma coisa: Nathanael. Por mais que eu me force a não pensar, aquele anjo perdido de olhar vazio invade meus sonhos e meus pensamentos.


- Acorda, Lia, estou falando com você! - Josephine atira seu travesseiro em minha direção, me tirando dos olhos de Nathanael.


Preciso piscar algumas vezes antes de conseguir me concentrar no que ela diz, porém não consigo me lembrar de uma palavra sequer. "Você vai ou não?", ela me pergunta mais uma vez, e eu não faço ideia do que ela está falando. Ela percebe a interrogação em meu rosto e aumenta sua voz estridente: "o baile do prefeito, Lia!".

Eu havia me esquecido completamente. Não quero ir. Não gosto da necessidade de socializar com as famílias futriqueiras e soberbas que se encontram nos bailes organizados pela primeira-dama. Mas, infelizmente, meus pais sabem da fama que Josephine carrega - e acreditam piamente que são apenas boatos - e por isso, me obrigam a acompanhá-la nestes eventos. Talvez por ser mais responsável que ela, eles acreditam que eu a mantenha na linha. A verdade é que eu não me importo com o que minha irmã faz da vida, desde que ela não se machuque. Inclusive admiro seu espírito livre, a maneira como ela não se importa com o que vão falar. Às vezes eu queria ser menos submissa às decisões que tomam por mim, mas a essa altura, acredito que já não tenha mais jeito. "Eu vou", respondo por fim, a fazendo dar pequenos pulinhos enquanto me abraça.

          O baile, para variar, está entediante

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O baile, para variar, está entediante. Josephine sumiu há quase uma hora com o filho do Dr. Cooper. Estou observando todos os casais felizes na pista de dança do canto da sala. Carl veio, porém ficou apenas meia hora e foi embora, pois seu pai precisou de seus serviços na fábrica. Vim até a porta para olhar qualquer outra coisa que não seja casais felizes e dançantes. Pronto, achei Josephine. Ela está aos beijos atrás de uma árvore com o filho do médico. Reviro os olhos com a cena. Ela já foi mais discreta.

Olho ao redor para ver se mais alguém está vendo aquilo e avisto a mesma placa coberta de limo. É engraçado, passava toda semana por aquele bosque e sequer o notava ali, agora parece que é tudo o que eu vejo. Me viro para o salão e percebo que ninguém notará a minha ausência ali, nem mesmo minha irmã, que já está com sua meia 7/8 na altura da canela.

Se Essa Rua Fosse Minha [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora