Parte 3

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— Não vou repreendê-la sobre fugir novamente porque sei que aprendeu a lição e não irá se casar comigo.

— Durma bem longe de mim. — falei jogando um travesseiro e um dos cobertores para ele, ele pegou e se deitou no pequeno sofá, sua noite não seria nada fácil, mas não tínhamos outra opção. O sofá era pequeno para seu tamanho e estava velho.

— Como quiser. — sorriu e não compreendi o motivo.

— Por que está sorrindo desta maneira? — questionei.

— Esse seu jeito, é tão divertida senhorita.

— Está rindo da minha pessoa? — estava com raiva.

— Não, de forma alguma. — sua voz era triste.

— Então?

— Esqueça, não importa. — parecia irritado. — Durma bem senhorita.

Deito-me na cama e me cubro com o fino cobertor velho disponibilizado pela pousada. Sei que vou sentir frio essa noite, ele também. Me sinto culpada por nos dois estar nessa confusão, inusitada e humilhante situação. Tento dormir, mas não consigo, não com ele ao lado, sinto seu olhar em mim e me sinto ainda mais desconfortável, nunca deveria ter feito isso, devia ter pensado melhor. Eu não sou Emily, ela é corajosa, tem o espírito livre e fugiu com o homem que amava. Durmo um pouco, mas acordo tremendo de frio, essa noite parece está ainda mais fria do que as anteriores e não estou agasalhada.

— Tudo bem Carter? — Gael me pergunta preocupado. — Pare de ranger os dentes, não consigo dormir assim.

— Pare de me olhar, ave de rapina.

— Ouça Molly, a senhorita nos colocou em uma situação difícil, poderíamos estar nas nossas camas dormindo confortavelmente e aquecidos, mas a senhorita teve uma ideia estupida e estamos presos nessa lugar mequetrefe e passando frio, ao menos a donzela está confortável na cama, minha coluna doe, então eu sugiro que me deixe dormir perto, repito perto, da senhorita e possamos dividir os cobertores.

— Não, claro que não. No que está pensando?

— Não suporto vê-la tremendo de frio, está me deixando agoniado, deixe me ajudar por favor.

— Está é a primeira vez que diz por favor.

— Está é a primeira vez que me preocupo tanto com uma pessoa desde que... — sua voz é baixa, mas o suficiente para ouvir.

— Se preocupa comigo? — pergunto surpresa.

— Sim. Molly por que acha que insisto tanto nesse arranjo? Eu sei que me odeia, mas quero cuidar da senhorita.

— Não entendo. — sento na cama o encarando procurando uma resposta em seu olhar, ele parece infeliz.

— A senhorita é bela, é temperamental quando provocada e adoro lhe provocar, fica toda confusa e me divirto com isso. A senhorita tem uma personalidade única, as outras damas não se comparam a sua graça.

— Por que nunca me disse isso?

— Acabaria com a graça. Quer por favor me deixar aquecê-la?

— Está bem, juro que te mato se encostar em mim.

— Está bem. Prometo que não vou fazer algo que não queira. — ele se aproximou e me cobriu com parte do seu cobertor.

— Aqueça se com isso. — entregou-me seu travesseiro e dormiu com a almofada do sofá.

— Obrigada. — abracei o travesseiro. — Onde estava indo quando me encontrou?

— Fui buscar as alianças. Estava voltado para a casa.

Sem escolha do amor - conto 3Onde histórias criam vida. Descubra agora