Parte 5

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Um mês depois:

Acordava cedo e ia ajudar a senhora Jane na cozinha, seu coração era terno e me deixava fazer o mais leve. Gael não falava comigo, mal o via. Parecia ocupado. Perdi contanto com minha mãe, ela já não me aceitava mais como filha. Estava me acostumando com a nova rotina até Gael me chamar na sua sala. Me surpreendi ao ver o médico.

— Sente-se. — obedeci preocupada.

— O que houve? — perguntei alarmada com a presença dele.

— Eu sinto muito lhe informar senhorita, mas sua mãe está doente e é grave, ela precisava fazer um tratamento e não será fácil, muito menos barato.

Fiquei sem reação, não sabia o que dizer e nem o que falar, Gael teve a gentileza de pegar um copo de água para mim enquanto minhas lagrimas rolavam pelo meu rosto.

— A senhora Cooper está cuidando dela?

— Lamento, mas não. Não soube? Sua mãe está na cidade, em uma casa humilde de uma costureira.

— Por quê? — ela deveria estar na propriedade Cooper.

— Houve certo desentendimento por parte das senhoras, principalmente depois que os primeiros sintomas surgiram e sua mãe rompeu laços com milady.

— Por quê?

— A senhorita e suas irmãs foram uns dos motivos, sinto muito.

— Como está ela?

— Nada bem, está de cama. Estou fazendo o possível, mas não posso sustentar as despesas médicas.

— Por que fui informada só agora?

— Pedido da sua mãe.

— Como posso ajudar?

— Não sei se pode, os remédios são específicos e muito caros.

— O que ela tem exatamente?

— Sinto, mas... teve pneumonia.

— Como isso é possível? — disse chorando.

— Infelizmente é normal.

— Não posso pagar por isso, não tenho valia. — fui aos prantos, estava arrasada.

— Senhorita aceitaria se casar comigo? O valor do dote pagarei novamente a sua mãe, assim resolvemos todos esses infortúnios de uma vez. — disse Gael calmo, o que me irritou.

— Como ousas? Não possui sentimentos? Minha mãe está doente e vem oferecer essa proposta ultrajante?

— Entenda, senhorita Molly, sua mãe está doente, precisa de cuidados, com o valor do dote posso cuidar dela por um tempo, mas nunca será o suficiente, se aceitar a proposta posso cuidar das duas. Cuidarei da sua mãe e oferecerei o melhor tratamento e posso enfim tirá-la daquele quarto com dignidade.

— Seu patife, como ousas brincar com meus sentimentos de tal modo? Não percebes o quanto estou a sofrer? Deixe-me em paz.

— Deixa de drama, pense no que é melhor para todos. Não precisa responder agora. Vá para seu quarto, está dispensada, não precisa trabalhar amanhã, apenas pense na minha proposta. — era uma ordem e acatei, porque de verdade não estava em condições de argumentar. Meu peito doía em profunda agonia.

Joguei na minha cama e chorei, pensei na minha mãe, por mais defeitos que ela tinha não merecia sofrer, ela errou, claro, mas quem não erra? Até eu errei e nada nesse mundo mudaria o fato de ela ser minha mãe. Devo reconhecer que tudo que fez foi pensando em nós, nela e nas filhas, claro não foi como ela gostaria, mas a vida é assim cheia de surpresas desagradáveis e sua doença é uma delas. Eu não tinha a menor condição de cuidar de uma mulher doente, mal cuidava de mim. Gael, o que ele realmente queria? Sua arrogância me pasma, nem sequer em um momento como esses ele deixa de ser egoísta. Quer a minha posse, não importa como ou em quais circunstâncias. Maldito. Estava sem escolha, teria que me casar com Gael para salvar e cuidar de minha mãe. Minha irmã mais velha estava indo à falência e nem notícias dava mais, Emily sumiu raramente recebia uma carta, mas não sabíamos onde estava e se poderia realmente ajudar. Empréstimo sem cogitação e a senhora Cooper cansou de seus fardos. Sempre soube que seu interesse era apenas ostentar como dama de bom coração, mas seus planos não saiu como esperado, todos só causaram despesas e escândalos.

Não precisava pensar mais, já tinha feito minha escolha, minha mãe vinha em primeiro lugar, minha felicidade sempre foi mais como um sonho longe, difícil de alcançar.

Fui até o quarto de Gael e bati, todos já estavam dormindo, ele também, mas pouco importava, era uma situação fora do padrão, era urgente. Bati inúmeras vezes. Ele abriu a porta e fez um espanto ao me ver.

— Senhorita? Não acha inapropriado andar a estas horas pela casa escura e ainda perturbar o sono alheio?

— Sim, mas tenho urgência e sabe muito bem disso. — falei sem paciência.

— Sou todo ouvidos, diga logo o que quer e vai dormir.

— Aceito sua proposta, minha mãe precisa e farei esse sacrifício.

— Como quiser. Boa noite. — fechou a porta na minha cara, fiquei incrédula, esperava uma reação, ela penas me ignorou.

Desci e tentei dormir, mas era impossível. Tudo me passava pela cabeça, a vida difícil que levamos com meu pai ainda vivo, a morte dele e como tudo ficou pior depois disso. Nossa chegada até a casa da senhora Cooper até a doença de minha mãe. Tudo vinha muito claro na minha mente, cada momento.

O dia clareou e eu estava péssima, não dormi, passeia a noite preocupada e chorando, meus olhos ardiam e meu estômago roncava. Levantei-me sem me preocupar com a aparência e fui até a cozinha, as pessoas me olhavam com pena, mas ninguém ousava falar comigo. Comi qualquer coisa até ser interrompida por Gael.

— Bom dia! Farei a pergunta novamente: deseja se casar comigo?

— Sim, é o jeito... — estava tão exausta que minha resposta soou como um sussurro.

— Pegue suas coisas e se mude para o quarto de hospede, pode escolher o que quiser, só me avise.

— Não estou com cabeça para isso, faça o senhor.

— Senhora Jane, poderia pegar os pertences da senhorita Molly e colocar no quarto de hóspedes, escolha um e me avise.

— Claro senhor. — olhou para nós dois e se retirou um tanto confusa.

Fui para meu novo quarto e fiquei por lá o resto da tarde, Gael apareceu avisando que cuidou de pagar o médico para cuidar exclusivamente de minha mãe.

— Obrigada! 

Sem escolha do amor - conto 3Onde histórias criam vida. Descubra agora