Prólogo

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Fundamento

01 de Maio de 1500, Catedral de Lisboa - 00H00

O vento cortante não impedia o som das rodas em direção rolando sobe o piso pedregoso rumo ao santuário, o cocheiro avistava a poucos metros figuras humanoides em meio a névoa da noite alguns moviam - se de um lado à outro tensos com  algo que parecia lhes preocupar e mesmo a certa distância a figura no interior da carruagem parecia sentir.

Os solavancos para alçar o último declive balançou o objeto levemente obrigando sua passageira a segurar firme com as mãos sobre o estofado do assento acetinado.

A carruagem parou. Do interior tudo o que conseguia ouvir era a voz de alguns homens em burburinhos sobre o que ocorrera, ouviu o servo descer da coxia para lhe abrir a porta e preparando seu melhor sorriso aguardou.

O vento soprou refrescante e refrigerou o interior da carruagem lhe causando um leve arrepio que percorreu a superfície de sua pele onde o sopro podia tocar.

Primeiro estendeu sua mão direita envolta em luvas pretas com fundo vinho uma única jóia em seu dedo anelar, robusta e encorpada em ouro e seis diamantes negros formando um símbolo não compreendido pelo serviçal.

Ao sair totalmente apressou-se em caminhar com sua já conhecida postura e elegância na direção daqueles que lhe aguardavam.

Um dos homens abrindo um sorriso avançou com sua bengala de prata lhe apoiando os passos e oferecendo uma de suas mãos lhe cumprimentou dizendo:

- Minha senhora - um beijo em sua mão acompanhou sua mesura - estávamos aguardando, os outros já chegaram.

Sorridente com o gesto ela se pós ao lado do homem e apoiada em seu braço caminhou ao seu lado enquanto dizia:

- Peço perdão pela demora, mas não há um lugar na terra em que uma mulher seja capaz de se expor ao mundo sem embelezar todo o seu corpo.

Sorrindo juntaram - se ao grupo que lhes aguardava.

- Espere aqui - ela ordenou ao servo. E observou que outras carruagens formavam uma fila aguardando seus senhores.

- Lady Faraco - Falou uma voz suave ao fundo - Finalmente a senhora chegou. Agora se não for pedir muito meus amigos, podemos entrar antes que meus dedos congelem neste frio absurdo?

Em comum acordo dirigiram seus passos para a entrada do santuário, as portas se abriram de dentro e permaneceram assim enquanto seguiam e adentravam.

Dentre os homens quatro figuras pareciam inquietas e chamavam atenção por estarem reunidas e em constante conversa entre si.

Ao entrarem as portas se fecharam logo atrás causando espanto nos quatro convidados, dois monges saíram do breu que se formava na entrada e reverenciando cumprimentaram sem dizer uma palavra.

Os homens respiraram aliviados ao perceber que as portas não se moviam sozinhas. Um deles pigarreando questionou com cautela:

- Bem... Quando poderemos começar?

Lady Faraco encarando os monges ordenou dizendo :

- Deixem - nos, agora.

Sem hesitar baixaram a cabeça e saíram desaparecendo na escuridão que cobria o altar.

M.A.N.T.R.A - O Último herdeiro Onde histórias criam vida. Descubra agora