Superando Limites

 No dia seguinte, Kyungsoo acordou sem Jongin ao seu lado. O maior já tinha ido trabalhar e Kyungsoo começou a chorar. Estava feliz por Jongin ter dormido consigo e sido tão amoroso. Kyungsoo não poderia desejar ter dado sua primeira vez para uma pessoa melhor que Jongin, que mesmo inexperiente com homens, tinha sido carinhoso, atencioso e deu o seu melhor para transformar a primeira vez de Kyungsoo na melhor memória do alvo. Kyungsoo não sabia se o moreno tinha gostado, mesmo que tenha vislumbrado desejo e amor nos olhos felinos.

Não teria coragem de perguntar para Jongin o que ele achou da noite, porque a resposta do amigo poderia ser ensaiada somente para agradá-lo. Kyungsoo sabia que o ato jamais teria a mesma intensidade, que tinha para si, para o moreno. Amava Jongin por muitos anos. Alimentava esse amor platônico, que pudera colocar um pouco para fora na noite anterior, por tempo demais.

Tinha dito "Eu te amo" e recebeu um "Eu te amo, Soo", mas sabia que eram amores diferentes. Ele não desmerecia nem um e nem outro, porém doía saber que nunca seria correspondido, ainda mais depois da noite que teria, da vida que passaria a levar. Enfiou o rosto no travesseiro do maior e começou a chorar.

-x-

Jongin passou o dia todo pensando na noite que teve com Kyungsoo. Sempre achou seu hyung lindo, mas nunca imaginou que ele conseguiria ser ainda mais perfeito. Ele tinha um corpo maravilhoso, macio e cheiroso. Jongin não conseguia esquecer como tinha gostado de fazer amor com Kyungsoo. Era hétero, porém começou a duvidar disso.

Descartou a ideia de ser hétero, bi ou gay, lá para o meio do seu expediente. Ele tinha gostado da experiência por ser com Kyungsoo. Tinha sido melhor do que com as mulheres, não porque gostava de homens, mas por ter sido com seu adorável Soo. Era confuso admitir isso, porque sempre viu o menor como melhor amigo. "Eu não gosto dele romanticamente da noite para o dia" pensou, tentando se convencer que o sentimento não era algo mais.

Porém por mais que pensasse, estava ansioso para rever o mais velho. Tinha ficado inquieto o dia inteiro e seus colegas perceberam, fizeram piadas, mas não faziam ideia do real motivo que mexia com o comportamento calmo de Jongin. Quando a hora do seu expediente acabou, tratou de correr para casa.

Por mais que soubesse que tinha sido somente daquela vez, não conseguiu ficar sem fantasiar a cena de chegar em casa e poder beijar os lábios de coração novamente. Estava ansioso e faria de tudo para conseguir matar sua vontade. Era uma pessoa simples, que faria o que tivesse vontade de fazer, desde que soubesse que conseguiria.

Desceu do ônibus e correu para chegar em casa. Se atrapalhou com o bolo de chaves, mas assim que abriu a porta, encontrou tudo escuro. Ascendeu a luz da sala, esperando encontrar Kyungsoo dormindo no sofá, como no dia anterior, mas não encontrou nada.

-Soo? – chamou e não obteve resposta.

Deixou o sapato na entrada e começou a procurar em cada canto da casa, porém, não encontrou o menor. Quando foi até a cozinha, achou um pequeno bilhete em cima de uma panela. Caminhou até a mesma e pegou o papel, logo reconhecendo a letra do mais velho.

"Boa noite, Jonginnie.

Deixei o jantar preparado. Não espere por mim, coma tudo e durma bem. Eu fui trabalhar. Obrigado por ontem.

Bons sonhos,

Att, Soo."

E então Jongin caiu em si. Kyungsoo tinha ido se prostituir. Era seu primeiro dia. Toda a animação do maior desapareceu e ele sentiu seu coração doer. Seu hyung, naquele momento, deveria estar tendo seu corpo tocado por mãos sujas. Sem perceber, Jongin começou a chorar.

Caiu sentado no chão da cozinha. Estava sem forças para aguentar o peso de seu corpo. Aquele corpo coberto com algumas pintinhas, totalmente delicado, macio e que tinha estado em seus braços por uma noite inteirinha, estava sendo corrompido por várias mãos e toques naquele momento. Jongin só conseguia chorar ao pensar no sofrimento de Kyungsoo.