não brinca com doença séria

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 ₊˚.༄


  O medo nunca fora tão real.

  Jungkook se surpreendia com realmente não estar disposto a perder uma chance com Jimin. Nunca quis tanto conhecer alguém, e tentar dar início a algo com ele, quanto estava querendo com o farmacêutico. Pode parecer exagero, ou falso, mas realmente estava afim de Jimin. Não diria que era amor, ainda era muito cedo para isso, mas tinha certeza de sua paixão.

  Horas sonhando com o rapaz, contagem cansativas de quantos dias, torturantes e longos, não o via, vários desejos, feitos a estrelas cadentes e horas iguais, sendo usados para que surgissem algum motivos para ir até a a farmácia, suspiros e sorrisos bobos. Tudo isso, e muito mais, tinha de significar alguma coisa. Jungkook sabia bem o que queria e de quem gostava, só tinha de mostrar a Jimin que era ele e, finalmente, ganhar o seu amor.

  Nunca correu tanto em sua vida. Seu coração quase saiu de sua boca e ele teve de apoiar em um muro para evitar tal desastres. Com o dito cujo batendo demasiadamente, não por causa do esforço, chegou antes que o turno de Jimin terminasse. Deixou que Yongsun voltasse sozinha e quase atropelou pedestres no caminho. Fez mais exercício físico do que quando estava no ensino médio. Tanto esforço fora recompensado com um olhar atravessado.

  ㅡ Êpa, você não pode entrar aqui ㅡ adverte Jimin, com uma carranca. Jungkook não estava esperando ser recebido de braços aberto, mas também não imaginou que seria quase expulso antes mesmo de chegar perto do balcão. Aquilo sim era ser cruel com a sua pessoa. Se não fosse um bom soldado, já teria dado meia volta. 

  ㅡ Onde é que ta escrito isso? ㅡ pergunta, olhando em volta como se procurasse algo. ㅡ Me mostra porque eu não tô vendo.

   ㅡ Não tá vendo ainda. Eu mandei fazer um cartaz enorme com uma foto sua e a frase ''é proibido a entrada desse sujeito'' gravados nele.

  ㅡ Você tem foto minha? ㅡ pergunta, insinuando porque, pelo visto, ele não era o único stalker ali. Jimin tenta evitar mostrar o quão corado está, com uma expressão irritada. Parecia um gatinho zangado.

  ㅡ Quer saber de uma? Tem um ser vagabundeando por aqui ㅡ grita para o segurança, que começa a se aproximar devagarinho, como se soubesse que aquilo seria em vão. Algo o faria voltar para seu lugar.

  ㅡ Eu tô comprando ó. ㅡ Jungkook pensa rápido, preferindo esquecer todas as vezes que o outro não quis facilitar as coisas para si, e lhe mostra uma caixinha como prova só para facilitar o trabalho dele. O rapaz da meia volta, se acomodando ao posto novamente, Jungkook suspira, aliviado. Um problema a menos.

  ㅡ Uma caixinha de anticoncepcionais. Mais alguma coisa, senhor? ㅡ Jimin usa o tom automático de um atendente de supermercado.

  ㅡ Arham. Quero alguma coisa que para meu sistema imunológico porque, quando eu te vejo, os meus macrófagos saem correndo. Eu fico totalmente sem defesa.

  ㅡ Sua namora sabe que você fica vindo aqui para me paquerar? ㅡ ataca.

  ㅡ A Yongsun não é minha namorada ㅡ choraminga. ㅡ Ela é casada. Quer ver? ㅡ Jimin olha para Jungkook com uma mistura de dúvida e interesse. Jungkook se apressa a encontrar o celular no bolso da calça e, rapidamente, navega por entre as diversas imagens do aparelho. Jimin deixa um riso sem graça escapar.

  ㅡ O que você estava dizendo mesmo? ㅡ pergunta, ironicamente, quando uma foto de Yongsun beijando a bochecha de Jungkook passa. Haviam muitas fotos assim. Yongsun e Jungkook eram amigos de longa data, então era normal saírem juntos e tirarem muitas fotos. Moonbyul, a esposa da garota, nunca ligou para isso, mas Jimin, que ainda nem tinha se pronunciado sobre querer ocupar o posto vago de namorado do mais novo, parecia ter muito o que reclamar sobre. 

  ㅡ Não são essas não ㅡ apressa em evitar o aumento do mal entendido. ㅡ Perdoa os meu vacilos e não desiste de mim, senpai.

  Jimin batuca os dedos no balcão, impaciente. Jungkook finalmente encontra uma em que Yongsun não está abraçando ou beijando. Na verdade, ele nem tá na foto, o que é um bônus maravilhoso. A imagem de Moonbyul e Solar se beijando é empurrada debaixo do nariz de Jimin, seguido de um desesperado "Aqui ó".

  ㅡ Problema seu ㅡ resmunga, com direito a ombros levantados e biquinho nos lábios. Aquele era um dos poucos defeitos de Jimin que Jungkook estava disposto a aturar. ㅡ Aproveita que tá solto na pista e se joga. 

  ㅡ Tá bom então ㅡ aceita a proposta. ㅡ Jimin-ah, pode me chamar de vírus porque eu tô te dando ebola - diz, todo exasperado. 

  ㅡ Não brinca com doença séria ㅡ ralha, mas, agora, não parecia realmente nervoso ou zangado.

ㅡ Desculpe... Então, a indústria farmacêutica deveria usar seu DNA para fazer antidepressivos, seu lindo. ㅡ Jimin nem precisou reclamar, Jungkook sabia que era a hora de falar para valer. Mostrar o que realmente queria, mas sem se esconder atrás de cantadas baratas e engraçadinhas. Respirou fundo e foi. ㅡ Falando seríssimo agora. Jimin-ah, se ainda não percebeu, eu estou apaixonado por você. Eu não estou namorando. Bem que eu queria estar, mas com você, é claro. 

  ㅡ Você não tá mentindo pra mim não, né? ㅡ pergunta, com os olhos semicerrados. Jungkook chacoalha a cabeça com medo de que, se demorasse, Jimin acabasse concluindo o contrário. ㅡ Se você estiver mentindo, fica ligado que eu posso te dar veneno na próxima que você vir comprar remédio. 

  ㅡ Juro de dedinho. ㅡ Ri, nervoso e cheio de esperanças. Não queria tirar conclusões precipitadas, o que não claramente não seria o caso ali, mas é que Jimin era uma caixinha de surpresas. Desde a primeira vez que se encontraram, o jovem farmacêutico fora reagindo a Jungkook de formas totalmente contrárias ao esperado. Jungkook só podia desejar fortemente que Jimin engolisse o orgulho e dissesse que a paixão era recíproca.

  ㅡ Então chega mais perto ㅡ pede aos sussurros, se debruçando sobre o balcão. ㅡ Quero te contar um segredinho. 

  Tremendo, Jungkook se aproxima. Muita coisa se passou pela cabeça dele, até mesmo esperou por alguma patada ou grosseria, mas então, fora surpreendido pela bênção dos lábios de Jimin se moldando perfeitamente aos seus. Algo tão inesperado, que, por um momento, o rapaz até esqueceu que tinha que fechar os olhos e aproveitar. Poderia pôr a culpa em seu coraçãozinho palpitante, mas Jimin também tinha uma parcela naquilo. 

  Os lábios do menor tinham um gosto maravilhosamente doce, que Jungkook sempre sentia ao beijá-lo em seus sonhos e pensamentos, mas que ao vivo e a cores era mil vezes melhor. Não tinha nem comparação. Era, de fato, como provar de um pedacinho do céu, mesmo estando em terra firme. Os movimentos suaves de sua língua não possuíam outro efeito a não ser o de fazer Jungkook se derreter aos pouquinhos.

  As mãos quentinhas de Jimin acariciando o rosto de Jeon, arrepiando cada pedacinho do corpo dele, o fazendo o impulsionar para frente, involuntariamente, ansiando mais contato. Jungkook destruiria aquele balcão, se fosse possível, só para ter o privilégio de segurar a cintura de Park e ter seus corpos bem coladinhos. Por enquanto, se contentava com o afago em seus cabelos e os selinhos suaves que foram depositados em seu nariz. De uma forma desconhecida, ele tinha certeza de que, em breve, teria muito mais. 

  ㅡ Você tem gosto de xaropinho de morango ㅡ sussurra e recebe um soco fraquinho no peito dele. Jimin revira os olhos, mas acaba sorrindo. ㅡ Jimin-ah, você não é clonazepam, mas te quero toda noite.

  Jungkook não sabia, mas, certamente, teria Jimin. Não só todas as noites, como todos os dias também. E se dependesse dele, teria o farmacêutico para si eternamente.

fim.

Gato, você é farmacêutico? | jikook versionOnde histórias criam vida. Descubra agora