Através do vidro do carro observava com total descomprometimento as curvas da árvore que ficava em frente ao carro.
As curvas sinuosas formadas pela natureza mostravam a beleza tortuosa de uma árvore que ali permanecia sem aparente reclamação.
O vento batia, as folhas caiam de forma suntuosa planando até o chão repleta de outras folhas, sua pele lisa sem cascas produzia mais vigor.
Dentre as demais árvores do local ela se destacava sem sombras de dúvidas produzindo muitas sombras ao seu redor, sua copa imponente sua circunferência era espantosa.
Tive sensação de que ela possuía expressividade limitada e sem a interferência do homem.
Seu perfil ereto e firme deu a nítida certeza de sua base de sustentação perfeita sem receios sem balanços provocados pelo vento.
Tive um olhar imediato como se ela estivesse querendo falar comigo sobre as suas agruras da vida.
Senti felicidade, mas dúvidas ao pensar quanto ela teria sofrido calada a todas as intempéries da natureza sem poder dizer absolutamente nada.
Foi aí que me coloquei em seu ligar e percebi que mesmo estática sua beleza não havia sido abalada por nada e ninguém.
Mas uma vez tentei fugir dos seus gritos silenciosos que surgiam em minha mente, tentei garanto, mas foi inútil.
Perguntar a ela se alguma vez chorou, se sentiu frio, calor, ingratidão das pessoal, dor ao ser podada, ilusões de um dia poder compartilhar suas emoções.
Quantas perguntas em tão pouco tempo só mesmo um ser humano poderia pensar desta forma com tamanha crueldade.
Mas a árvore nem sequer teve o trabalho de responder, pois para ela o tempo só é uma questão de tempo e amadurecimento para um dia quem sabe 70, 80, 100 anos suas respostas possam ser respondidas com uma única cena: a poda e o fim de um tempo que para ela passou sem respostas.