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Yeonjun observava o garoto deitado em meio as suas galinhas ainda incrédulo.

"Como ele foi parar ali?", o azulado perguntava a si mesmo repetidas vezes, mas antes mesmo de formular uma resposta, ele é tirado de seus pensamentos quando percebe o moreno despertar aos poucos.

Soobin sentia sua cabeça doer antes mesmo de abrir os olhos, e quando finalmente os abriu, ele teve uma visão distorcida de várias galinhas ao seu lado e até em cima de si, e por conta disso ele se assusta. Em reflexo pelo susto, se sentou rapidamente e logo percebeu um garoto de cabelos azuis, sem camisa e com uma cueca com estampa de patinhos, o encarando em pé do lado de fora da carroceria da camionete.

O mais novo sabia que era uma pergunta comum e idiota, mas optou por fazê-la pois não tinha outra alternativa: - Onde eu estou? - arriscou perguntar ao azulado, que ainda tinha uma feição surpresa.

Yeonjun balançou a cabeça várias vezes tentando voltar a si e entender a situação, o que acabou não acontecendo.

- Eu que deveria te perguntar isso garoto. Afinal, você quase matou as minhas galinhas - respondeu Yeonjun, chamando as galinhas reunidas ali. - Vem, vem, xiti xiti! - espantava as pobrezinhas, balançando os braços enquanto Soobin o encarava, curioso.

Yeonjun percebeu que o moreno não ia falar nada e apenas ficaria ali sentado dentro da carroceria de sua camionete, então resolveu falar primeiro.

- Você está na minha camionete e na minha fazenda, então desce daí antes que você durma de novo - disse o garoto, assim fazendo Soobin tentar se levantar espontaneamente.

A tentativa de se levantar foi falha por conta de suas pernas estarem bambas, então o azulado teve que ajudar o moreno a sair dali com o maior cuidado possível.

- Vem, vem - o azulado chama, logo dando a mão para o maior segurar, assim tendo um apoio para descer da camionete.

Soobin fitava tudo ao ser redor, era tanta coisa que ele não conseguia se concentrar em apenas uma. Árvores e vários animais tomavam sua vista, depois de olhar mais em volta avistou duas casinhas de longe então o moreno julgou ser a casa do outro garoto.

Ao perceber o outro rapaz ir em direção a uma das casas, ele optou por segui-lo, afinal o que ele pretendia ficando parado ali?

Adentrando a área da casa, observou uma rede em tons de azul entre dois pilares no alpendre do ambiente, assim acabou tendo uma breve lembrança de sua infância.

Yeonjun não sabia quem era o garoto, e muito menos como ele foi parar naquela situação, ou melhor, como eles foram parar naquela situação, mas mesmo assim, Yeonjun não podia simplesmente ignorar o garoto e fingir que ele não estava ali. O moreno não tinha cara de serial killer nem de algum criminoso, assim Yeonjun julgou. Mesmo o outro usando vestimentas completamente escuras, não parecia fazer mal a nenhuma mosca.

Pensando nisso, o mesmo abriu sua geladeira tirando dali uma garrafa de leite e em seguida jogou o líquido em uma caçarola, levando-a ao fogo.

Enquanto Yeonjun preparava o leite, Soobin estava se balançando na rede, pensando em como o destino, isso se ele existisse de verdade, brincou com ele. Ele não podia ter uma vida decente mas também não podia fugir dela. Irônico.

Soobin sempre encarou a morte como algo trivial e sem importância, ao contrário de Yeonjun, que via a morte como algo extremamente doloroso e triste.

Soobin ficou longos minutos pensando sobre o acontecido sentado ali, quando percebeu o outro garoto, agora vestido com uma camisa azul bebê mas ainda com sua bermuda estampada, sair da porta posicionada atrás da rede onde estava, com um copo e uma colher mexendo o líquido ali.

O azulado então estende uma das mãos entregando o copo ao moreno, assim deixando Soobin confuso.

- O que é isso? - o mais novo perguntou, mesmo sabendo o que era, mas devido a situação achou certo perguntar.

- Leite achocolatado - responde o azulado um tanto quanto simplista. - Não gosta?

Soobin amava leite achocolatado, então aceitou o copo e se sentou mais uma vez na rede, que logo foi ocupada por Yeonjun também, afinal a casa era dele e ele não iria sentar no chão.

Enquanto Soobin tomava sua bebida acabou sendo interrompido pelo mais velho que lhe fazia uma pergunta.

- Então, como você veio parar aqui? Ou melhor, lá - diz apontando para camionete.

Soobin respirou um pouco antes de responder, não é como se fosse difícil explicar, mas seria complicado de entender.

- Primeiro, como é seu nome? - Soobin pergunta.

- Yeonjun. Choi Yeonjun, e o seu? - responde o azulado encarando o moreno tomar mais um gole da bebida morna.

- Soobin. Choi Soobin.

O moreno respirou mais uma vez antes de continuar.

- Eu tentei me matar, Yeonjun-ssi.

***

Depois de Soobin terminar de explicar para o azulado como ele quase havia partido dessa para outra melhor, Yeonjun continuava quieto sem dizer nenhuma palavra. Ele não entendia o porquê de o mais novo querer fazer aquilo. Toda vida é tão preciosa, então porque ele queria desistir daquilo?

Após ficar alguns segundos pensando nisso, Yeonjun resolveu falar.

- Você não sentiu medo? - questionou o azulado, vendo o moreno terminar sua bebida e deixando o copo já vazio no chão.

- Sim, muito medo, mas eu não precisaria sentir medo nunca mais se fizesse - respondeu, sincero, assim surpreendendo Yeonjun.

O quão difícil deve ser a vida daquele garoto?, Yeonjun se perguntava.

- Você não precisa ir? Seus pais devem estar preocupados com você. Eu posso te dar uma carona de volta - oferece o azulado.

- Provavelmente não estão, mas acho que vou me aproveitar mais da sua generosidade - respondeu o moreno assim tirando uma risada simples do azulado.

- Espere um instante então - o mais velho solta antes de correr para dentro, logo voltando vestindo uma calça de moletom na cor cinza, um pouco desbotada.

Adentraram a camionete e seguiram até a cidade em silêncio.

Soobin guiou o azulado todo o caminho até a sua casa, e quando finalmente chegaram em sua residência ele então toma iniciativa de começar uma conversa.

- Então... obrigado por tudo, pelo leite e pela carona - agradeceu, sincero. - Você poderia me dar seu número? Irei te retribuir um dia - terminou de dizer, entregando seu celular nas mãos do azulado.

- Você não precisa me agradecer pois tudo que eu fiz foi de bom grado - o azulado sorriu. - Mas se ainda assim quiser me retribu... isso aí que você falou, venha tomar outro copo de leite achocolatado comigo - diz simplista, recebendo como resposta um sorriso de orelha a orelha do moreno.

Yeonjun observou o maior descer a camionete e acenando pela última vez antes de entrar pelos portões amarelos, da cor de sua bermuda estampada que vestia anteriormente.

O moreno sentia um aperto no peito e não sabia o porque.

Eles voltariam a tomar leite achocolatado algum dia?

-

se tiver algum erro me avisem para que eu possa corrigir:c

se tiverem gostando da fanfic comentem ok? isso me anima a escrever mais e mais.