-Com essa quantia já vai ser o suficiente para as muitas vacas e os bois, né?
Os três homens estavam na frente do bar em volta de uma mesa bamba sentados em cadeiras de metal enferrujando. Na rua, nenhum folião que desse o trabalho de soprar um apito ou cantar em voz alto algum samba da moda; era o último dia de carnaval e em vez de festa, passava apenas a procissão de silêncio.
- Não precisa se preocupar, os meu camaradinhas já estão resolvidos, só faltava a parte de vocês mesmo.
Graciano Hajull Biiad puxou o envelope de carta recheada de dinheiro da mesa e meteu dentro da maleta de couro lustrosa. Era um homem bem apessoado descendente de uma longa linhagem de condes do oriente médio que saíram da rica paisagem árida para o meio da floresta. Se vestia e agia com finura, tinha o frescor de alguém nascido na riqueza e as mãos bem tratadas de gente que estava acostumada a fazer transições com o intelecto em vez dos braços.
Quando o primeiro membro chegou, se chamavam apenas Hajulla, mas, por meio de casamento foi adicionado o Biiad junto com uns hectares de terra do qual Graciano vendeu para pagar suas dividas de jogo quando ainda era muito jovem. Nunca trabalho na vida e que ainda tem, veio por herança ou pelas noite se doando para senhoras endinheiradas sempre em segredo para a esposa não descobrir. Vivia em um falso luxo se valendo do seu nome e cumprindo a profecia que o primeiro Hajulla esbravejou dramaticamente quando cortava as folhagem com seu sabre para construir o que seria o primeiro sinal de colonização naquelas terras.
" Meu sangue não se fiará, pelos séculos vindouros, minha linhagem à de crescer e se espalhar para ser os pilares desse novo reino, pela saúde do império e a glória do rei"
Em volta, não tinha ninguém que pudesse entender o que dizia. Um pouco atrás estava a caravana de escravos recém comprados carregando os baús cheios de roupas pesadas de mais para o clima sufocante, costumes cruéis e doenças que iriam liquidar milhões dos nativos que ali viviam.
Mas estranhamente o que disse se fez cumprir. Claro que já não existia mais reis ou império;-Porém, de fato seu sangue não se fiou. Sua dinastia era como uma faca atravessada na história daquele lugar. O cabo são os nababos fazendo fortuna com seda e lucrando com guerras santas e ponta lâmina são os quatro filhos espalhados de Graciano
O primeiro vindo de uma lavadeira seduzida pela sua aparência de riqueza e a possibilidade de casar bem e sair da miséria. Quando ela foi na porta de sua casa entregar a criança do qual não podia criar, foi enxotado a vassouradas pelo mordomo. Agora o menino trabalhava vendendo jornal por alguns centavos para comprar a comida que comeria no dia.
O segundo veio da dona de uma confeitaria que não queria nem saber de Graciano. Cuidava do menino como um tesouro e dizia para quem perguntasse que seu marido, o pai da criança era capitão que morreu em um naufrágio em uma guerra distante.
O terceiro, veio de uma de suas empregadas. A pobre coitada morreu logo depois de ter tido a criança por problemas no pulmão. O menino foi adotado por um padre e agora estudava para entrar no clero. Passa os dias trancado aprendendo álgebra com freiras de cara fechada e olhando pela janela desejando ser livre para beijar os rapazes que passam carregando as verduras todas as quartas feiras para dentro do convento.
O quarto era com sua atual esposa, uma advogada muito respeitada que sempre desejou ter um filho, mas quando nasceu e ela percebeu que não era nada daquilo que fantasiava, se afundou em um longo período de tristeza. Os parentes vendo que seria melhor para a saúde do menino não ficar entre os dois, o levaram para morar com a irmã dela que viviam em um chalé na montanha. Herdeira da gigante fortuna de seus pais e hábil no investimento, ela acumulava o suficiente para nenhum dos dois precisarem trabalhar pelo resto da vida. Mas diferente do que Graciano achava quando se casou; não lhe dava dinheiro e controlava as suas saídas e amizades - o que era a fonte de sua imensa infelicidade.
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Pois a Antiga Ordem Já Passou
FantasyApós cometerem um crime, Milton e Areliano precisam lidar com o peso da propria consciência enquanto planejam uma fuga da cidadezinha litorânea onde moram. Com tempero de literatura gótica " Pois a antiga ordem já passou" trata de misérias e delíci...