Trás a bebida que pisca!

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As bochechas estavam infladas e um bico desenhava os lábios carnudos do garoto, ele estava claramente com raiva.

Ninguém sabe ao certo como um dia tão lindo e radiante, virou uma completa catástrofe cheia de raios e trovões. Não era para ter acabado como acabou, mas quem iria prever as avalanches de desaventuras que iriam acontecer? Claro que o garoto miúdo não se importava em entender que a mãe natureza fazia o que ela quisesse com planeta só para punir os seres humanos que nele habitam, para a criança era tudo culpa dos pais por terem enrolado tanto dentro do carro. Se eles não tivessem passado horas alí dentro, agora talvez, o pequeno estaria tomando banho de praia imitando a Ariel. (no raso obviamente, porque ele não sabia nadar)

Sendo assim a família saiu do veículo e se encaminharam para a pousada onde ficariam por uma semana, o pequeno caminhava com os braços cruzados em frente ao peito e o bico enraivecido ainda estava ali de acessório em seu rostinho bonito, as pessoas olhavam aquele cotoquinho nos braços do pai e sentiam vontade de acariciar seus fios pretos e apertarem suas bochechas infladas.

- Fique sentadinho aqui. - O matriarca da família ditou para o filho com calma ao ver sua esposa meio perdida no balcão de recepção, ela não tinha muita paciência para aquilo, mas lá estava ela tentando, ambos pai e filho sabiam que a qualquer momento ela explodiria de raiva e não seria bonito para ficar olhando, por isso, pensando em evitar um assassinato a recepcionista da pousada, o pai foi até a mãe e o filho mesmo cheio de rancor obedeceu, ficando sentadinho como um bom garoto.

Não muito longe do garotinho miúdo, haviam mais algumas crianças no hall da pousada, elas corriam desesperadas para lá e pra cá, as vezes esbarrando nos adultos e causando certo tumulto, ninguém ligava de fato para a bagunça, era o mês férias, outras crianças fizeram o mesmo tipo de confusão e gritaria alí mais cedo, mas uma delas estava perdida, por serem tantas algumas não conseguiam atenção e as mais manhosas podiam até chorar se o descaso fosse agravante.

Alguns fungados aqui, outros acolá e a paciência do garotinho sentado, obediente e emburrado estava quase no limite, logo logo ele que estaria chorando naquele lugar, então resolveu não se importar com quem estava chorando do seu lado, o barulho de gritinhos finos, várias pessoas adultas conversando e o barulho da chuva lá fora deixava tudo abafado e claustrofóbico, o pequeno não queria falar nada, não queria tirar os olhos dos pais alguns metros a sua frente.

Mas infelizmente teve que tirar seus olhos afiados dos pais ao ouvir algumas coisas. - Para de chorar igual menina! - Falou, um dos três meninos parados a frente do que chorava. - A gente nem te bateu tão forte. - "Ele vai chamar atenção do professor..." O da direita cochichou ao que parecia ser o líder da gangue de arruaceiros mirim.

- Parem de incomodar ele! - Mesmo que o problema não fosse seu, o pequeno garoto tinha seu próprio senso de justiça e três contra um não era nada justo, e o menino ainda estava chorando por ter apanhando de um dos baderneiros. - Se não saírem agora, eu vou bater nos três. - Com uma calma que não lhe pertencia o pequeno fez uma pose engraçada - consequentemente fazendo os garotos rirem debochados e distraídos - para logo em seguida sua mão reta ser praticamente enfiada na barriga de um deles, o baderneiro atingido tossiu surpreso pelo golpe repentino e pela dor fina no estômago que sentiu.

Os três correram preocupados com o que mais poderia vir do menor deles alí e em segundos sumiram no meio das pernas dos adultos que nem se quer prestaram atenção no que se passou alí instantes atrás. - Obrigado. - A voz era fina e doce, fez com que o garotinho enraivecido - agora não mais por ter perdido um dia de praia, mas sim por causa dos garotos - mudasse sua expressão para uma surpresa e confusa. - Mas não deveria ter feito isso... Sei me cuidar sozinho. - Ao ver do baixinho, ele não sabia se cuidar sozinho não, mentiroso.

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