Erkenci Kuş: Spin-Off

Prólogo

Sanem Aydın Divit

2029

Nossa vida mudou tanto nos últimos anos desde que nos conhecemos, foram tantos altos e baixos, que em alguns momentos eu imaginei que nunca seríamos felizes de verdade. Aqui estávamos nós, 10 anos depois do nosso reencontro no píer, com os nossos três filhos lindos e saudáveis e nos superando a cada dia.

Me levantei seguindo as vozes e risos. Percebi que estavam na cozinha, fui até lá e peguei aqueles quatro monstrinhos no flagra. Panquecas com chocolate. Os três menores soltaram os garfos fazendo cara de desentendidos. Mirei os três séria, apesar de querer rir da situação, então segui o olhar para o homem no fogão, que usava um avental e sorria se divertindo com a minha postura de mãe séria que está pronta para dar um esporro. Lancei um olhar fulminante, que se transformou em dócil e cheio de amor quando ele veio em minha direção com a calda de chocolate na colher e melou meu nariz, arrancando risada dos nossos filhos.

Não conseguia ficar brava com eles por muito tempo, e eu amava panquecas com calda de chocolate. Um dia só não faria mal... Recebi um beijo do marido mais gato de Istambul e abri um sorriso me juntando aos meus bebês já tão crescidos. Ateş, Deniz e Yıldız estavam com 9 anos. Fomos rápidos no gatilho e eu nem sei como dei conta de colocar essas três crianças no mundo ao mesmo tempo. Mesmo já sabendo que eles viriam, eu esperava apenas as meninas e só depois o meu menino. Queríamos esperar ao menos 1 ano até começar uma nova etapa, mas ele estava com pressa e resolveu vir junto com as irmãs.

Deniz tinha o temperamento do pai. Agitado, curioso, muito esperto e um tanto teimoso, mas um amor em forma de criança. Preocupado com todos ao seu redor, sempre atencioso e muito criativo também. Yıldız era a mais quieta, muito sonhadora, parecia muito comigo, vivia no mundo da lua e adorava viver no mundo da fantasia, dizia que seria uma escritora de romances um dia, assim como eu. Ateş era um misto dos dois. Não tão agitada quanto o irmão, nem tão sonhadora quanto Yıldız. Era ela quem equilibrava os dois extremos.  Sempre foi forte e determinada, mas nunca agia por impulso. Eles sempre foram muito unidos, desde bem novinhos. Eu e Can fizemos de tudo para eles entenderem que não havia um mais especial que o outro. Amávamos os três com as suas particularidades e eles pareciam entender. Apoiávamos os seus sonhos, seus desejos, sem deixar de exercer o papel de pais e freia-los nos momentos certos. Tinha muito orgulho do que havíamos construído e da nossa família.

Mas como nem tudo são flores, nem sempre foi assim...