Capítulo 2

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SANEM

Não sei por quanto tempo eu dormi, mas despertei e estava sozinha na cama. Estranhei o lugar a principio, mas consegui me situar. O barco balançava bastante e provavelmente já havia escurecido. Eu não fazia a menor ideia de onde estávamos, mas o estômago roncava tão alto que, se estivéssemos em alto mar, ouviriam em terra firme. 

Levantei, peguei um roupão e decidi pegar algo para comer antes de ir até Can. Tinha suco na geladeira e alguns biscoitos no armário, seria o suficiente, por enquanto. Quando subi as escadas, pude ver que Can ainda conduzia o barco. Ele devia estar cansado e com fome também. 

Resolvi voltar e preparar o nosso jantar, torcendo para que eu conseguisse manter a nossa comida dentro da panela. Comecei a pegar o que eu iria usar, mas fui surpreendida por Can, que apareceu como um fantasma atrás de mim. 

- AAAAAAAA CAAANNN - gritei seu nome e pulei pelo susto, fazendo algumas panelas caírem no chão. Por sorte, vazias. E ele ria do meu desastre.

- Sou eu, bitanem. Não tem mais ninguém além de nós dois aqui. - disse enquanto enlaçava a minha cintura e me beijava. Ele tinha trocado a calça social por uma de moletom e usava uma camiseta. - Notei que você acordou e vim te ver, já estamos chegando em Çanakkale.

- Quantas horas eu dormi? - questionei com uma careta, sabendo que não haviam sido poucas.

- Algumas. O suficiente. Você parecia cansada. Não precisa cozinhar, podemos comer em um restaurante hoje, hum? É o nosso dia... 

- Ok. Eu topo - gostei da ideia, mas eu realmente estava com muita fome, então peguei as panelas do chão e as guardei. Peguei o suco e os biscoitos e segurei sua mão o puxando em direção a escada.

Quase 1h depois chegamos na província a atracamos o barco. Eu tinha comido meu lanche e resolvi escrever algumas frases do livro enquanto Can nos levava até o nosso destino. O sono tinha me feito bem, eu não estava mais tão nervosa com o que iria acontecer a qualquer momento. Me sentia ótima, aliás. Deixei a inspiração tomar conta de mim e as palavras fluírem no papel. 

Consegui escrever algumas páginas e isso me deixou ainda mais feliz. Can sentiu minha empolgação e se animou também, estávamos leve. Ele sorria por todas as bobagens que eu falava.

- Você comeu, então não deve estar com fome, né? Acho que vamos adiar o jantar, nesse caso... - Can falou, me provocando.

- Por acaso você já me viu recusar comida, Can kaptan? Mas, se você não quiser sair, podemos jantar aqui no barco. - ele já estava sentado ao meu lado e havia aberto suas pernas para que eu ficasse no meio delas, com as minhas costas encostadas ao seu peito. - E você cozinha. - me virei para olhá-lo após a afirmação.

- Alah Alah!! Nós vamos sim, minha única. Mas eu cozinharia pra você com o maior prazer. A menos que você quisesse algo pronto, tipo eu. - não consegui controlar o riso.

- Can! - ele sorriu enterrando o rosto no meu pescoço e inalando o meu cheiro.

- Vamos nos arrumar? Aliás... O que você veste embaixo desse roupão? - perguntou bastante interessado em arrancar o pano, brincando com o laço que o mantinha no meu corpo, e eu corei involuntariamente.

- A lingerie branca. - respondi sem olhá-lo, como se respondesse o que comeria no café da manhã.

- Humm baya iyi - brincou com a pele exposta da minha perna e eu resolvi levantar e puxá-lo pela mão ou não sairíamos dali.

***

Fomos ao Hasanaki Restoran. Tinha vista para o mar e era bem agradável. Eu estava gostando dessa ideia de viajar de barco pelo mundo, apesar de ter dormido praticamente o dia todo hoje. Até agora tinha sido tranquilo, o tempo estava facilitando muito as coisas. Can olhava o cardápio junto comigo, enquanto decidíamos o que iríamos comer.

- Frutos do mar ou turca? - ele perguntou, me fazendo pensar.

- Já que vamos sair da Turquia, eu fico com a turca. - ele pareceu discutir com os próprios pensamentos e chamou o garçom. 

- Vamos beber, não é? Uma taça de vinho, pode ser? - ele me perguntou e entrelaçou as nossas mãos.

- Sim, vamos. - Can beijou minha mão e o garçom chegou, anotou todos os pedidos e se retirou.

Enquanto os pedidos não chegavam, o garçom trouxe o nosso vinho e nos deixou aproveitar a companhia um do outro. Can levantou sua taça me chamando para um brinde e eu levei a minha na direção da sua. Eu estava tão feliz. 

- Nosso primeiro dia de casados. - ele disse com a voz abafada em meu pescoço, enquanto enlaçava a minha cintura.

- Can, estamos no restaurante. Tem outras pessoas aqui. - ele deixou um beijinho no meu pescoço e se afastou.

- Eu estava com saudade do seu cheiro. - sorri e voltei a beber o vinho. 

- O som das ondas me acalma. - senti sua mão acariciando a minha e notei um sorriso brotando em seus lábios. 

- A mim também, minha única. - recebi um carinho no rosto que foi interrompido pelo garçom trazendo os nossos pratos. 

Bati palmas de felicidade quando vi aquela belezura. Eu iria sentir falta da comida turca, com certeza. O cheiro estava ótimo e eu parecia que não comia desde que nasci porque eu esqueci de tudo ao meu redor e me dediquei inteira e completamente a ela. De repente, ouvi o riso de Can e os seus dedos no canto da minha boca.

- Quê? - o encarei, arqueando a sobrancelha.

- Nada. Você é linda. - e antes que eu respondesse uma sarma foi colocada em minha boca.

Uma taça virou uma garrafa, mas eu só fiquei um pouquinho alegre demais e faladeira demais - mais do que o normal. E acabamos ficando por lá, só bebendo e curtindo, enquanto eu contava histórias loucas e Can ria até engasgar e dizer que precisávamos ir ou seríamos expulsos do estabelecimento.

 E acabamos ficando por lá, só bebendo e curtindo, enquanto eu contava histórias loucas e Can ria até engasgar e dizer que precisávamos ir ou seríamos expulsos do estabelecimento

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Depois de jantar, dos vinhos e risadas, resolvemos dar uma volta na praia. Tirei meus sapatos e deixei os meus pés sentirem a areia fofinha. Can havia usado um chinelo aberto, o que facilitou bastante o processo para ele também. Seguimos de mãos dadas a caminho do barco. Ele tinha pilotado o dia todo e estava cansado. Ainda tínhamos uma longa viagem pela frente, então na Grécia aproveitaríamos mais.

O barco não estava muito longe, mas foi uma boa caminhada até chegar lá. Eu me agarrava em Can na tentativa de escapar do vento forte que nos rodeava. Apesar da ventania naquela região mais próxima ao mar, o tempo não estava tão frio. 

- Lar, doce lar. - Can disse subindo no barco e me dando a mão para que eu fizesse o mesmo.

Assim que meu corpo entrou por completo, ele me puxou pela mão que segurava e enlaçou a minha cintura. Começou com um beijo suave no meu queixo, uma mordida na minha orelha e mais beijos pelo pescoço. Fechei os olhos e coloquei meus braços ao redor do seu pescoço, mas ele se afastou e segurou as minhas mãos, me levando até o andar de baixo.

Entramos no quarto e ele me parou de frente para ele, mas não me deixou pensar demais. Encostou nossos corpos e iniciou um beijo que ele nunca tinha me dado antes. Segurou meus cabelos em punho, passando a unha de leve pela minha nuca. Apertou os braços em minha cintura e aprofundou o beijo de um jeito que me deixou sem ar. 

- Can... - o afastei minimamente pelo peito para que pudesse o olhar nos olhos.

- Eu vou entender se você não quiser que seja agora. - ele disse com a testa colada na minha, ambos com a respiração ofegante, abri um sorriso.

- Eu quero. A gente já esperou tempo demais. - e tirando uma coragem que eu não sei da onde veio, comecei a desabotoar sua camisa e o puxei para mim.

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⏰ Last updated: Sep 10, 2019 ⏰

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