Prólogo

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Segurou-a pela nuca, aproximando os rostos até que enfim as bocas se tocaram. Ela segurou em seu braço e então se sentiu segurou para aprofundar o beijo.

Tudo tinha cheiro e gosto de banana, mas aquele momento parecia ter gosto de felicidade. Que belo poeta seria, hein? Tinha que lembrar disso no dia seguinte.

Por falar em lembranças, estar ali com ela, mesmo que naquelas condições era algo a se recordar pra sempre. Está bem que era uma completa estranha mais parecia alguém íntimo, por mais que fosse clichê.

Abraço em que gostaria de descansar, a risada gostosa que adorou ouvir e os lábios que poderia morrer beijando. Sua boca secava e a barriga esfriou. Já tinha se apaixonado antes e tinha quase certeza de que estava acontecendo de novo.

Mesmo que já não estivesse vendo tudo nitidamente, era uma memória bonita e desejava muito que fosse inesquecível.

— Acho que eu nunca vou esquecer essa noite… - jurou torcendo o dedo no da garota que estalou os lábios, exprimindo sua descrença.

— Eu posso ter certeza que quando você acordar aqui de manhã, nem vai lembrar da minha cara. - brincou e ele não sabia se ela ria muito de sua cara, pois já não conseguia ver seu rosto.

Já ele sorria alegre e não era efeito da bebida. É que aquele era o borrão mais bonito que já tinha visto.

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06:31 - 19/09

Johnny nunca havia odiado tanto um barulho quanto o do despertador naquela manhã onde sua cabeça latejava que era uma beleza. Pousou a mão sobre um dos olhos fechados, resmungando por conta da dor forte, piscando veloz e desconfiado por não se localizar de imediato.

Assustado, olhou ao redor, exprimindo o alívio de estar em seu próprio quarto, ver seu celular e sua carteira na cômoda, demorando a recordar o porquê da confusão. O cheiro forte de álcool e vômito logo veio às suas narinas, o que era um esclarecimento e tanto.

Não entendeu muito bem porque tinha cheiro de canela nos lençóis da cama, cheirando novamente e tendo um boom. Então aquilo não era um sonho? Cenas passaram velozes como um filme adiantado. A festa à fantasia da irmã de Leandro, a música alta e a disputa de copo, a tontura e o socorro que veio da garota vestida de… Qual era a fantasia dela mesmo?

Aliás, onde ela estava? Olhou por todos os cantos, até sob a cama, em busca da menina cujo o beijo era inesquecível que sua cena devia ser a única intacta naquele emaranhado de flashes.

Tá, nem tanto porque bastou o esforço para refazer a imagem da garota que tudo se desfez. Suspirou frustrado pois a tentativa só piorou sua dor de cabeça. Que se fodesse todo o papo de seu irmão sobre automedicação, precisava rápido de um analgésico.

No banheiro, resmungou de não viver um filme onde o amor da noite lhe deixava um recado no espelho feito com batom. Jurava que limparia tudo feliz só de pelo menos saber o nome da desgraçada. Procurou na gaveta do armário, achando uma cartela ao lado do dichavador e engoliu sem água mesmo, tendo o mau hábito de abrir a boca, já no chuveiro, para engolir as gotas por sentir a pílula tão entalada na garganta quanto as recordações importantes que estavam tão nítidas quando a vida da serra pela manhã.

Bateu o punho contra o azulejo, indignado. Difícil de engolir essa amnésia, igual o remédio desgraçado que ainda agarrava e o deixava mais irritado. Era melhor tomar seu banho em paz e deixar que o tempo lhe trouxesse tudo.

Coisas simples como passar creme pelos cachos do cabelo e botar a camisa pareciam marteladas na cabeça. Ver o celular então era quase uma facada nos olhos. Guardo-o no bolso. Que ressaca era aquela que lhe fez bambear pela escada?

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