19/09 - 07:15
Ao passar pelos arredores da escola e ver pela janela do carro o tanto de cartaz com aquele desenho ridículo e o número de Johnny espalhado pelos postes, Leandro não podia acreditar no que estava vendo.
Não que deixasse de achar louco e exagerado o vídeo que sua irmã repetia achando graça, mas não imaginava que seu amigo chegaria tão longe na tal busca pela garota da busanfa tatuada.
Com vergonha alheia, apoiou o cotovelo no braço da porta e esfregou a testa, passando a ponta dos dedos pela raiz dos cabelos castanhos, ouvindo as risadas de Cleo.
— O Johnny tava muito... - chiou para que sua gêmea se calasse.
Discreto, apontou com os olhos para a mãe dos dois que por estar usando o telefone de forma indevida ao volante, não havia notado o papo. Se ela sonhasse que havia tido álcool naquela festa a ponto de alguém ter amnésia, estariam mais encrencados dos que podiam imaginar.
A garota assentiu, mas não deixou de fazer chacota com o colega dos dois e Lê que não iria defendê-lo.
— Ele perdeu o juízo junto com a dignidade! - concordou.
Cleo riu e sacudiu a cabeça, não perdendo a oportunidade de satirizar a situação em um de seus stories, prendendo o nariz para anasalar a voz e fazer uma imitação tosca de Jonathan.
— Sabe como é, galera? Eu sou um baita lesado que não sabe perguntar um nome e adoro passar uma vergonha! - brincou para alegrar seus seguidores.
Cleo tinha uma considerável popularidade nas redes sociais graças ao estilo padrão classe média de vida que esbanjava e à própria beleza muito ressaltada pelas mechas azuis e a heterocromia que deixava um de seus olhos azul e o outro castanho, tal como acontecia com seu irmão.
Claro que seu jeito espontâneo e engraçado e suas dicas sobre ter autoestima independente de ter um corpo mais gordo, como era o caso da dupla de irmãos, ou mais magro do que esperavam arrematavam sua consagração como uma das top 3 mais populares não só da escola como da cidade, título esse cujo o topo era disputado com o próprio Johnny, o que a deixava um pouco irritada.
É que ao menos ela produzia conteúdo enquanto a coisa mais relevante que saiu das redes do colega que ela conseguia se lembrar era justamente essa bendita história de Cinderela embananada que ele devia ter tirado do cu, mas que já estava viralizando no Twitter e no Instagram.
Revirou os olhos se dando conta que só no último ele já tinha ganho mais 60 seguidores e não parava de crescer num ritmo acelerado demais pro horário.
— Merda! - reclamou fazendo bico.
Não era justo que ele ganhasse tanto por tão pouco e Leandro nem sabia mais o que falar. Era cômico que ela fosse toda pautada na saúde física e mental quando caía fácil na armadilha da competição virtual que só se acentuava mais na vida real.
Tentando dar apoio à ela, segurou sua mão para lhe confortar como faziam desde a infância, ganhando um fraco sorriso de quem sabia estar se preocupando com pouco.
— São só números, lembra? - reforçou para que ela não se deixasse levar.
Era sempre bom um chacoalhão para que a Internet não tirasse dela a noção da realidade. Grata, torceu seu dedinho no dele.
— Você é o melhor irmão do mundo, Lê! - agradeceu mais calma até olhar o celular e ver a nova marcação no Twitter.
Mais absurdo que a atenção que davam à Johnny era a simples suposição de que ela era a Cinderela perdida. Será que perderia muitos likes se chamasse o criador da teoria de imbecil? Preferiu não arriscar, tentando ser mais polida nos vídeos gravados na outra rede.

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Banana
Genç KurguA noite de bebedeira trouxe à Johnny Ban uma ressaca das grandes que lhe fez esquecer parte do que aconteceu na festa, o que inclui quem era a garota fantasiada com quem ficou o tempo inteiro. Apaixonado, encontrá-la de novo parece bem difícil quand...