A noite caía rapidamente naquela região, havia viajado uma longa distância até chegar àquele lugar, sua fama o perseguia mesmo em terras longínquas, na busca de conhecer o fantasioso com meus próprios olhos, por isso parti nesta viagem e, após quase um mês de jornada, havia chegado.
Finalmente estava na Taverna Bode Mágico, não entendia o porquê de um nome tão peculiar, berço de lendas, histórias e muitas aventuras. Ouvi histórias dos mais diversos tipos e isso me inspirou a ser uma destas pessoas que perpetuam uma história, mas como faria isso? Bem, para começar preciso me apresentar.
Me chamo Tenay e sou filha do dragão divino dos céus, a primogênita do reino dragoniano, uma terra desconhecida por mortais, conhecida apenas por pessoas que tiveram um vislumbre deste reino fora de alcance. As histórias da Taverna Bode Mágico, escutei a primeira vez quando tinha oito anos, mas uma coisa que preciso ressaltar é que o tempo de um dragão é diferente do tempo dos humanos, tanto em sua contagem como em sua passagem.
Para que não seja confuso, tentarei fazer uma comparação, pense que no reino dragoniano, o tempo corre de forma mais acelerada, enquanto décadas passam para os humanos, para os dragões isso não passará de anos, é como se um ano humano fosse um mês para nós, mas... voltemos ao que realmente importa: minha jornada.
Conheci as histórias da taverna através de aventureiros que insistiam em procurar o reino perdido, mas este estava fora de seu alcance, pois ficava além do pico mais alto, e apenas aqueles com a capacidade de voar poderiam chegar até ele, e humanos sem asas jamais teriam o direito de conhecer o reino dos dragões, pelo menos foi isso que meu pai, o dragão divino, sempre me dissera.
Os dragões possuem a capacidade de metamorfose, isso permite que nos misturemos com facilidade, meu pai o rei Zahla, era bastante cuidadoso, há cada período de tempo ele mandava uma pequena quantidade de guerreiros descer à terra dos homens, para descobrir o quanto haviam mudado, ou evoluído, para mim, sendo a princesa, era impossível sair do reino, pelo menos seria se meu pai soubesse que fazia isso.
Em uma destas incursões me infiltrei nas tropas de observação e desci na terra dos mortais, assumindo a forma humana de uma garota, para me proteger usei um manto para que não fosse reconhecida pelos guerreiros do poderoso rei Zhala.
Seguimos para um reino que era uma área de comércio, enquanto os soldados se separavam para recolher informações, me foquei em conhecer aquele lugar, tudo era novo para mim: a forma como as pessoas se tratavam, os comerciantes e os objetos que vendiam... deveria estar com cara de boba, se não fosse pelo manto protegendo meu rosto com toda certeza alguém acharia graça de mim. Então vi um grupo de homens falando de histórias que ouviram em uma taverna e isso despertou minha curiosidade, em saber se existiam de fato pessoas tão incríveis! E tão fascinantes quanto os próprios dragões poderiam ser para eles. Um deles falou que um dos aventureiros havia se encontrado com um dragão, e aquilo me pegou de surpresa, pois meu pai proibia a interação com humanos, a não ser que fosse em último caso para se proteger.
Isso me fazia perguntar com quem este guerreiro havia cruzado, e mais importante o que havia acontecido para um dragão revelar sua verdadeira forma a um mortal, seguindo meu caminho continuei andando pelo chão de terra. Mesmo na forma humana, todos os meus sentidos eram aprimorados, segui para o centro da cidade onde havia um chafariz, nele havia a estátua de um homem em uma armadura, que segurava um enorme escudo e uma espada, como se estivesse enfrentando o próprio mal.
― Quem é este homem? ― Perguntei mais para mim mesma do que para outra pessoa.
― Este é o rei Zaelf, que lutou na grande guerra. ― Respondeu uma senhora idosa que parecia se orgulhar daquele homem.
― A senhora o conhecia? ― Perguntei, me aproximando dela.
― Não profundamente, mas fui uma das crianças que ele salvou na guerra, ele havia lutado com uma criatura que estava destruindo meu vilarejo, se ele não tivesse aparecido talvez eu não estaria aqui hoje.
― Então ele é um guerreiro? ― Perguntei.
― Sim, mas acabou se tornou rei, vindo de uma família pobre, galgou seu lugar lutando pelo povo, quando a linhagem real de sangue foi morta na guerra, ele assumiu por voto popular devido aos seus grandes feitos. ― Respondeu a mulher.
― Ele ainda está vivo? ― A pergunta poderia parecer boba, mas a vida humana era muito curta, quase como um piscar de olhos para os dragões.
― Vejo que você não é destas bandas. ― Concluiu ela me olhando com tranquilidade.
― Sou uma viajante, parei para descansar um pouco. ― Aquilo era verdade, talvez não toda ela, mas continuava sendo parte da verdade.
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AEDO - (ONE-SHOT) - Lançamento 30/07/2019
Historia CortaA noite caía rapidamente naquela região, havia viajado uma longa distância até chegar àquele lugar, sua fama o perseguia mesmo em terras longínquas, na busca de conhecer o fantasioso com meus próprios olhos, por isso parti nesta viagem e, após quase...