Capítulo II

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Com um sorriso sem alegria falou. ― Infelizmente o rei não está mais entre nós, após vários anos lutando, ele se casou e teve um filho, porém a guerra clamou por ele mais uma vez, e como um guerreiro do povo, se colocou no campo de batalha uma vez mais, porém após vários dias de confronto sucumbiu nas terras desoladas, nem mesmo seu corpo foi encontrado, esta estátua foi construída pela rainha como uma forma de homenagear o homem que não temia a morte, esta cidade foi construída para ser um lugar neutro, onde todos podem entrar, mas se seguir para o norte, precisa ter um visto, ou autorização real para adentrar no reino da luz.

Aquele nome chamou minha atenção por alguma razão, acho que foi uma das histórias que ouvi dos soldados do reino, mas não conseguia me recordar.

― Senhora, neste lugar é onde se localiza a Taverna Bode Mágico?

― Isso mesmo, um lugar bem conhecido dos aventureiros, onde atua até como estalagem para aqueles que buscam uma noite de descanso, o lugar é administrado por um elfo e um anão. ― A mulher sorriu com mais entusiasmo, como se aquilo fosse algum tipo de piada.

― Obrigado pela informação. ― Agradeci, seguindo meu caminho.

Havia conseguido ali toda a informação que precisava, sabia aonde ir e como chegar, precisava apenas achar a oportunidade perfeita, queria conhecer o lugar onde os mais fortes pareciam frequentar, além de ver com meus próprios olhos o guerreiro que sobreviveu ao encontro com um dragão.

Alguns dias se passaram em minha terra, e seis meses na terra mortal, sem que todos do reino dragoniano soubessem, fugi, tinha certeza de que conseguiria voltar antes que descem por minha falta. Usando minha forma de dragão, voei por entre as nuvens, até avistar o reino da luz, entendi porque ele se chamava assim, era todo construído em mármore branco, o que ao longe parecia reluzir como diamante.

Parando em uma floresta próxima, assumi a forma humana de uma mulher, deveria aparentar ter uns vinte e oito anos, cabelos vermelhos, olhos verdes acinzentados, um corpo esguio de músculos firmes, usava uma calça de couro e botas, uma camisa de algodão com um pequeno colete marrom, além de braçadeiras.

Adentrei a cidade no meio da noite, saltando os enormes muros que a cobriam, se algum soldado me parasse tudo que tinha que fazer era derrubá-lo, precisava saber mais, ver mais, escutar mais... caminhei pela cidade atraindo alguns olhares, mas não me importei, fui seguindo meus instintos, até que comecei a ouvir música.

Sabia que estava na direção certa, cada passo sentia a conversa alta, a cantoria, e as brigas, sabia que estava no lugar certo, adentrei as portas de madeira que rangeram com meu movimento, o salão pareceu se silenciar diante minha presença, no mesmo instante, vários olhares seguiram em minha direção, tanto homens quanto mulheres. A música parou por aproximadamente cinco segundos antes de tudo voltar a seguir seu curso, enquanto apenas me misturava com todos ali presentes, sentei em uma mesa próxima ao balcão, estava determinada a saber de tudo. Afiando meus sentidos, comecei a ouvir ás conversas de todos ali, foi quando um homem baixo de nariz achatado com longos cabelos ruivos alaranjados e barba grossa parou em minha frente, apesar do tamanho parecia possuir uma força enorme pelo menos para os padrões daquele mundo.

― O que vai querer? ― Perguntou ele, com um ar sério.

― Não sei, qual é a especialidade da casa? ― Perguntei em me preocupar com o cardápio.

― Mais é claro que é a cerveja anã! ― Falou o homem com orgulho.

― Errado, é o vinho élfico. ― Disse outro homem, caminhando em nossa direção como se flutuasse.

O homem era mais alto e magro, olhos prateados e orelhas pontudas, sua pele parecia cintilar, ele me olhou de forma estranha por apenas um segundo antes de sorrir.

― Se procura a especialidade da casa o vinho é sua melhor escolha.

― Não, a cerveja! ― Retrucou o mais baixo.

― Vamos voltar a essa discursão? ― Falou o Elfo. ― Perdoe meu amigo Darin, ele tem a tendência a ser teimoso quando o assunto é bebidas.

― Não venha com esta, Ormiel, você que quer empurrar seu vinho aguado para todo mundo, mas todos aqui sabem que a cerveja anã é a melhor.

― Façamos assim: me tragam as duas! ― Falei para acabar com a discussão.

― Gostei de você. ― Sorriu o anão seguindo para os fundos da taverna.

Ormiel apenas ficou me olhando em silêncio por alguns segundos, antes de seguir o amigo. Enquanto esperava as bebidas, via a variação de pessoas de todos os tipos, das sóbrias até os embriagadas, haviam homens com harpas, outros gesticulando com a mão como se fizessem feitiçaria, uma área separada no alto daquela construção, tinha homens que pareciam observar tudo com grande atenção, como se procurasse por alguma coisa.

De repente um barulho chamou minha atenção, em minha frente estava uma caneca de cerveja, seguida uma taça de metal que foi colocada ao lado da caneca de madeira.

― Aqui está. ― Disse o anão.

― Obrigada. ― Falei, olhando para eles.

AEDO - (ONE-SHOT) - Lançamento 30/07/2019Where stories live. Discover now