Capítulo 13

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Nos anos que se seguiram a visita ao doutor Murray Stanton, Edward foi visitado e visitou várias vezes os médicos conhecidos e de confiança dele. Sua condição ainda estava mantida em completo segredo. Mas as notícias que recebia nunca eram satisfatórias. O jovem Edward Mordrake até mesmo já havia perdido as esperanças.

Eddie já não podia mais manipula-lo com tanta facilidade, por isso para se divertir, passava a maior parte do tempo o atormentando com palavras. Muitas noites nem mesmo o deixava dormir, e somava-se a esse tormento, a culpa pelas mortes que havia causado.

Se sentia sufocar por seus problemas. Estava preso em um beco sem saída.

- Que coisa, aquele navio afundou! - Falou o doutor Stanton sentado em uma poltrona na sala de sua casa com o jornal aberto.

Edward não se importou, estava deprimido demais para isso.

- Quem diria! - Disse Eddie.

O doutor Stanton baixou o jornal e olhou para Edward, percebendo o quanto ele estava mal. Havia acabado de ouvir mais uma vez que não era possível remover o segundo rosto.

- Vamos, não perca as esperanças ainda. Estou estudando uma forma de poder fazer isso, além disso ainda tenho alguns conhecidos, tenho certeza de que receberemos uma carta de um deles em breve.

- Estou cansado disso, doutor. Não suporto mais, sei que nunca me verei livre disso e você também sabe. - Edward falou e se levantou.

Janice Stanton vinha carregando uma bandeja com um pequeno bule de chá, duas xícaras, e um pouco de açúcar.

- Já está indo? - Ela perguntou. - Estou terminando uma fornada dos biscoitos que você gosta, por que não fica mais um pouco, quem sabe até para o jantar?

Edward já havia frequentado a casa dos Stantons tantas vezes que havia se tornado um amigo íntimo do casal. O doutor ao logo do tempo havia adquirido um interesse tão grande no caso do jovem, que fizera de tudo para se aproximar cada vez mais dele, além da relação entre médico e paciente. Eram amigos.

- Me desculpe Mrs. Stanton, mas preciso ir para casa, está ficando tarde e tenho coisas a fazer.

Eddie bufou.

- Como ficar se lamentando e tocando aquele piano infernal. - O gêmeo parasita falou.

- Se algum doutor lhe der notícias, por favor, avise-me assim que puder. - Falou ignorando Eddie.

- Claro, eu avisarei.

Pôs o chapéu, vestiu o casaco e foi até a porta acompanhado do doutor. Mas antes de sair se virou para Janice.

- Jantarei com vocês outro dia, ou quem sabe vocês jantem na minha casa qualquer dia desses, estou me tornando um ótimo cozinheiro. - Forçou um sorriso para ela antes de sair.

- Não recomendo que comam o grude que ele faz. - Disse Eddie.

- Adoraríamos, Edward. - Ela falou ignorando Eddie e retribuindo o sorriso de Edward.

- Bom, até mais. - Disse para o doutor e saiu.

Edward caminhou apressado pelas ruas, de cabeça baixa, puxando a lapela do casaco para cima. Fazia muito frio. Nuvens densas e negras anteciparam a noite e ameaçavam derramar um dilúvio sobre a cidade. Aquele clima combinava com o seu humor. Sombrio, depressivo e choroso. Parecia que o inverno acentuava ainda mais a sua dor, não o deixava esquecer do quão triste era a sua vida.

Ele estava tão perdido sentindo pena de si mesmo que não reparou nas pessoas que passaram ao seu lado.

- Olha pra trás, idiota. - Eddie sussurrou.

A Face do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora