Sherlock Holmes é Surpreendido

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Holmes suspirou alto e audível enquanto caminhava apressadamente pelos corredores do prédio e Lestrade o acompanhava com a diligência e olhar surpreso de sempre.

-achei que não quisesse pegar nenhum caso...

- e não quero - disse Sherlock com sua sua típica sinceridade banhada de frieza. claro que ele não iria mencionar o fato de que foi praticamente obrigado pelo seu companheiro da apartamento a pegar um maldito caso, qualquer um desde que signifique ficar ocupado o suficiente para esquecer as injeções de morfina, nem que seja por alguns dias.

normalmente seu ego terrível não o permitiria abandonar sua própria lógica, por mais destrutiva que seja... mas havia algo nos pedidos de Watson que o fazia se sentir em dívida. o misto de lealdade e genuína preocupação presentes em cada frase que o amigo lhe direcionava causava um verdadeiro caos em seu interior, isso é um fato que não podia negar. mas aquele não era o momento para mais um round entre razão vs emoção. iria empurrar tudo aquilo para o seu palácio mental, escolher o crime menos tedioso possível, dizer o quão incompetentes são aqueles policiais e sair dali o mais rápido que puder em direção a baker street.

- vamos acabar logo com isso - bufou ao adentrar a sala do inspetor

- certo, separei esses antes caso você decidisse aparecer!

Lestrade lhe direciona um breve sorriso e o entrega vários recortes de jornais junto com algumas informações. e claro, o detetive consultor sequer olhou todos os casos, rolou os olhos e encontrou os assassinatos de sempre, roubos, arrombamentos de casas ou algo sobre extorsão.

- tédio. - disse enquanto jogava os papéis em algum canto da mesa. mas de repente reparou em um recorte que provavelmente não leu e chamou sua atenção.

"caso Harley Parker: viúva é apontada como assassina do próprio marido."

o crime havia ocorrido há algumas semanas e não chegou ao seu conhecimento. após ler atentamente e comparar os fatos apresentados chegou ao veredito de que havia algo absurdamente errado, a mulher só podia ser inocente e ele iria averiguar isso.

- Daisy Parker é inocente e eu estou no caso.

simples assim, Sherlock já punha o pedaço de papel no bolso do casaco e se preparava para sair.

- oh não Sherlock, eu sinto muito mas não pode ficar com esse...

- e por qual razão? - o sociopata altamente funcional franziu minimamente as sobrancelhas, se Greg achava que poderia deixar um caso nas mãos de seus agentes incompetentes quando Sherlock Holmes queria resolvê-lo ele estava sendo mais idiota do que de costume.

- bem, é que... já temos alguém cuidando desse caso.

Lestrade disse após pigarrear numa tentativa de parecer confiante, o homem mais alto o olhou diretamente nos olhos por breves segundos e se sentiu frustrado, é quase inacreditável que Greg estivesse mesmo escolhendo qualquer outro policial inútil para um caso em que ele teria 100% de sucesso com o dobro de facilidade e metade do tempo. era no mínimo humilhante, e seu orgulho ferido era mais que perceptível.

- eu sei que está chateado - o grisalho se apressou em tentar se explicar

- mas se der uma chance vai ver... olha, ele é novo aqui e... eu sei que falando assim isso parece ridículo, mas ele é tão esperto quanto você.

Sherlock riu. por deus, onde esse homem estava com a cabeça? achar alguém tão "esperto" quanto ele? era demais pra um dia só, iria embora dali e quando Lestrade precisar de sua ajuda outra vez... pobre homem, vai precisar de sorte.

ele já estava pronto para deixar o inspetor falando sozinho quando a porta se abriu revelando um sujeito de aparência um tanto peculiar.

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