Minha escolha

Aceitação

Aos poucos meus olhos vão se abrindo e sinto uma dor na minha cabeça, posso vê minha mãe em cima de mim com um olhar de desespero, sempre quis saber como é um desmaio e é como se por alguns instantes você fosse apagada, como se internet caísse e em seguida voltasse . É algo meio sem explicação, mas estão todos em volta de mim, quero dizer os meus familiares e então aos poucos me sento e percebo que estou em uma sala toda espaçosa em um sofá vermelho. Tudo nesse lugar é cheio de detalhes e tão exagerado.
- Lis você está bem? - pergunta o Dylan todo preocupado.
Meu irmão é um amor sempre preocupado comigo, ele é o certinho da casa sempre tentando colocar a irmã dele para seguir as regras e andar na linha . Ele é tão parecido com o meu pai, sempre se importando e querendo o meu melhor.
- Ela só não aguentou de tanta felicidade. - lá vem a deslumbrada da minha irmã falar merda, Louani não tem jeito, nunca ficou do meu lado.
- Não seja ridícula, não irei participar dessa palhaçada. - falo já toda irritada.
- Você não pode pensar somente em você, se não participar, sabe que sofreremos consequências. - minha mãe tem sempre algo para falar que me obrigue a ceder aos caprichos do Emílio.
- Amélia ninguém vai obriga-la a nada e não se esqueça que nossa filha já tem um namorado. - pelo menos tenho o meu pai.
- Qual é o futuro que o Alberto pode da a nossa filha? - já grita irritada.
- O futuro que ela não precise viver rodiada de pessoas as quais ela não gosta, de pessoas que não iram obriga-la a fazer o que não deseja. - diz em seu tom de voz implacável.
- Até parece que ela será escolhida pelo príncipe, ele jamais escolheria alguém como a Lissa. - meu Deus a minha irmã já está me humilhando.
- Me diz quem ele escolheria Louani ? Alguém como você, idiota o suficiente para aceitar qualquer coisa, sem vontade própria, uma garotinha deslumbrada capaz de fazer qualquer coisa para ser da realeza. - meu irmão grita .
- Já chega Dylan, não fale assim com a sua irmã. - minha mãe sempre vem em sua defesa, a filhinha perfeita.
- Essa decisão é minha, eu não vou deixar o Alberto , estamos juntos a vida inteira, desde nossa infância . Não irei me casar com mais ninguém. - digo já me levantando do sofá. - Vamos para casa.
Assim que passamos pelo salão todos ainda estão festejando radiantes , levanto minha cabeça e passo sem me importar com as pessoas que falam comigo no caminho, não me interessa conversar com ninguém, só preciso vê-lo , senti o seu abraço e ouvi-lo dizendo que tudo irá se resolver .
Ao chegar na minha casa tomo um banho, e coloco um vestido floral de alcinhas, e fico no meu quarto sei que logo ele chegará para que possamos conversar. Mas o tempo vai correndo e nada , alguém bate a porta.
- Pode entrar. - me organizo na cama, enquanto a porta se abre. Mas meu sorriso some ao vê o meu irmão.
- Ele deve está pensando em tudo que ocorre hoje Lis. Eu sabia que não estaria dormindo, vai dormi minha irmã.
- Por que ele não veio? - meus olhos estão cheios de lágrimas.
- Eu sempre quis ser como você é Lissa, você sempre teve vontade própria e nunca teve medo de desafia-los. Você sempre lutou por as coisas que você quis, sou o mais velho e sempre cedi a tudo, e a nossa irmã mais nova é a cópia da mamãe, tudo que elas queriam é ser da realeza. Se você quer ficar com o Albero, irá ficar. - fala e se senta ao meu lado da cama, então me deito no seu colo e sinto as carícias no meu cabelo.

*

- Por que você não apareceu? - pergunto assim que o vejo sentado em um toco no meio da floresta no local onde sempre treinamos.
- Lissa me perdoa, mais não estava com coragem para lhe dizer. - seus olhos estão cheios de lágrimas .
- O que você está fazendo? - tudo é tão estranho , até parece que estou sendo abandonada.
- O melhor para você é participar da seleção. - por incrível que pareça, desde ontem senti medo de escutar tal frase.
- Você não pode me deixar, eu amo você. - já não consigo conter o choro.
- Serão seis meses e oito garotas, meu amor você vai voltar para mim.
- Dylan eu não vou. - por que tenho que cogitar uma ideia tão absurda.
- Se lembra quando fui sorteado para brincar com seus filhos e não fui, eles tomaram quase todo o dinheiro da minha família por três meses e se não fosse a sua família nós teríamos passado fome. - ele tenta se aproximar mas me afasto . - Lissa sou só eu e meu pai e ele já está em uma idade muito avançada, se ficar por mim , serão nossas duas famílias. Você sabe o quanto o Emílio é ruim .
- Podemos fugir.- já estou desesperada.
- Lissa e para onde iríamos? . Nem sempre você vai poder resolver as coisas, tem uma hora que você deve ceder. - está desistindo de mim, de nós.
Balanço minha cabeça, só queria entender porque ele está fazendo isso comigo. Eu faria qualquer coisa para que continuasse existindo um nós, jamais falaria a ele para que participasse de algo do tipo. Sofreria mil castigos se fosse preciso.
- Podemos ficar juntos esta noite? - o que me resta é implorar por um único momento ao seu lado.
- Sim, meu amor. - ele se aproxima para me dá um beijo, mas me viro e vou embora.
Vou direto para o meu quarto e sou envolvida por uma dor tão grande, sei que seus motivos são coerentes e o entendo mas não quer dizer que os aceite. Minha família é tudo o que a de mais importante, mas eles teriam que entender que sonhei a vida inteira por esse amor. Sempre achei tão errado vivermos por um fio, ou dando glórias a pessoas que nos tiram tudo o que temos: a nossa paz, um terço do nosso dinheiro que é conseguido com tanto esforço e ainda por cima temos que aceitar os seus desaforos.
São seis meses, e o resto não faço a mínima ideia, eu irei e depois que tudo isso passar vou fugir, sozinha. Começarei do zero, mas antes disso os farei se arrepender por tudo o que me fizeram passar desde criança.