prólogo

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Junho de 2013

Noah pegou os dois pretzels que havia pedido e entregou um para a amiga. Ele e Sina começaram a comer, ainda em suas roupas de festa, no meio da rua iluminada.

-Eu te disse que não iríamos aguentar nem duas horas. Ainda bem que fugimos de lá. – Ela diz, rindo. – Estava tipo um cliché, daqueles bem ridículos. Os dois amigos que decidem ir juntos ao baile e dançam músicas lentas no meio da pista.

-Se fossemos mesmo um cliché, ainda estaríamos lá dançando, e não com essas roupas de festa no meio de uma rua movimentada. Isso sim é meio ridículo. – Noah ri, e a amiga faz o mesmo, concordando.

Aquela cena era algo que só poderia acontecer com aqueles dois. Alguns estranharam quando viram o rapaz, de terno, e a garota, com um vestido arrumado, saindo da estação de metrô em uma das ruas mais cheias de Manhattan atrás de um carrinho de pretzels. Outros pareceram relevar completamente, visto que a cidade era cheia de figuras bem mais peculiares do que os dois.

-Além disso, se fossemos um bom cliché – ele diz – estaríamos tristes por termos que nos separar para irmos para a faculdade, mas nós dois continuaremos em Nova York.

-O que? Você vai ficar?

-Vou estudar Produção Musical na NYU, Sina. Quis esperar para te contar num momento especial. Mas como o cliché do baile não funcionou, acho que este serve. – Ele ri, e a menina abre um sorriso.

Ela iria para a Columbia University no próximo semestre, para iniciar o curso de Jornalismo. A menina achava que teria que se separar de seu melhor amigo, que tinha planos de ir para Los Angeles, e sentiu uma felicidade tomar conta de si com a notícia que havia recebido.

-Não acredito, Noah! – Ela abraça o rapaz, que sente o coração acelerar.

-Sina... – ele diz, saindo do abraço mas ainda os mantendo muito próximos, a ponto de seus narizes se encostarem. – eu tentei evitar te dizer alguma coisa porque achei que iria embora. Mas agora que eu sei que vou ficar... posso tornar isso um cliché?

-Como? – ela pergunta, ainda colada ao rapaz.

Noah sela seus lábios e a traz para mais perto. Sina retribui o beijo, sentindo suas pernas enfraquecerem e seu coração acelerar. Eles sorriem entre os lábios um do outro, e se separam ainda tentando controlar a respiração.

-Eu nunca disse que não gostava de clichés. – Noah diz, arrancando um sorriso dela.

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Julho de 2015

Essa era mais uma das noites em que Noah estava com seu violão em seu quarto, tocando a primeira música que havia escrito para Sina, quando ainda tinham dezoito anos e haviam acabado de começar a namorar.

Sina gravava o namorado com seu celular, querendo eternizar aquele momento. Os dois estavam cada vez mais apaixonados, e era evidente. Todos que viam o casal acreditavam que "era para ser". Os dois, apesar de muito jovens, faziam planos juntos. Noah ficava feliz com cada nova conquista de Sina, e vice-versa.

-Eu amo essa música. – Ela diz, se deitando na cama onde Noah estava com o violão. Ele deixa o instrumento de lado e a abraça. – Me traz lembranças boas.

Noah a beija. Estar com Sina era sempre como estar naquela noite, no meio da Times Square, com as roupas do baile. O frio na barriga parecia não passar, e os dois adoravam aquela sensação. Era como se ainda tivessem dezoito anos, embora já tivessem se passado mais de dois anos desde o primeiro beijo dos dois.

-Venha. – Noah se levanta da cama e estende a mão para a namorada. – Vamos comer um pretzel na rua. 

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Novembro de 2015

O inverno se aproximava e o tempo esfriava cada vez mais em Manhattan. Dezembro estava a uma semana de distância, e as ruas já começavam a brilhar com enfeites natalinos. Em outros anos, esta era a época preferida de Noah e Sina. Mas não neste.

Após Sina ter postado o vídeo de Noah cantando, naquela noite do fim de julho, os dois se impressionaram com a velocidade na qual o vídeo viralizou. Em pouco tempo, Noah havia conseguido um contrato com uma gravadora em Los Angeles, e os dois passaram a viver em uma ponte aérea. A gravadora rapidamente lançou as músicas de Noah, para que o público não tivesse tempo de esquecê-lo. O sucesso foi enorme. Em dezembro, Noah sairia para uma turnê que duraria no mínimo quatro meses, com possibilidade de extensão por mais alguns.

A distância e a falta de tempo fizeram com que o relacionamento do casal ficasse cada vez mais abalado. Noah sabia que não voltaria a morar em Nova York, e quando Josh, com quem ele dividia apartamento, encontrou outra pessoa para ocupar o quarto de Noah, Sina percebeu que não havia mais o que fazer. Era o momento de deixar Noah ir atrás de seus sonhos. 

EighteenWhere stories live. Discover now