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18 de maio de 2019.

POV Heyoon

-Como ela está? – Any pergunta, assim que abro a porta.

-Muito mal. – Falo, baixo, dando espaço aos meus amigos. – Obrigada por virem.

Any, Shivani e Krystian entram no apartamento com um olhar triste e preocupado com Sina. Assim que souberam do ocorrido, todos se disponibilizaram a vir, inclusive os amigos de Noah, mas decidimos que seria melhor se apenas alguns amigos mais próximos viessem. Dessa forma, foi decidido que os três que moravam mais perto de nós estariam aqui no fim desta manhã de sábado.

-Eu não acredito, Yoon. – Krystian fala. – Estou muito decepcionado.

-Eu também. E estou muito preocupada com a Sina. Ela dormiu chorando, acordou chorando e nem quis sair da cama. – Suspiro. – Ela não quer comer, não quer fazer nada.

-Vai ficar tudo bem. – Shivani diz, me abraçando de lado.

-Vamos vê-la. – Digo, levando meus amigos ao quarto de Sina.

Bato na porta e, ao ouvir a voz arrastada da alemã me dizer para entrar, viro a maçaneta com delicadeza.

-Viemos te ver, Sina. – Any diz. – Não queríamos que ficasse sozinha.

Sina senta na cama pela primeira vez desde que acordou. A maquiagem que ela usava ontem agora estava borrada, tanto pelo choro quanto pelo fato de ela nem ao menos ter a removido antes de dormir. Shivani se dirige até a alemã e a envolve num longo abraço.

Any segue a indiana e, enquanto as três conversam, Krystian me conta discretamente sobre a ideia que teve para animar Sina. Eu saio do quarto e vou em busca do meu celular.

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-Mais alguém veio? – Sina, que já está de pé após cerca de meia-hora, pergunta ao ouvir a campainha.

-Todos queriam vir, mas achamos melhor não. – Any fala, confusa.

Eu e Krystian abrimos a porta e buscamos o nosso pedido, levando-o até a mesa em seguida.

-Já que é hora do almoço, achamos uma boa ideia pedir algo para te animar. – Eu digo, vendo Sina abrir um leve sorriso.

-Pediram comida alemã? Vocês são demais!

-Foi ideia do Krystian. – Digo, e a alemã sorri para ele, que retribui.

-Obrigada.

-Não precisa agradecer. Gostamos de te ver pra cima.

Conversamos sobre coisas diversas e eu vejo que Sina fica mais feliz aos poucos, o que me deixa menos preocupada.

-Obrigada por estarem aqui. – Ela diz, ao fim da refeição. – Não sei o que seria de mim sem vocês. Ontem foi tão... complicado, acho.

-Nós imaginamos. – Shivani fala. – Estamos muito decepcionados com ele, Sina.

-Você devia ter visto o Josh quando ele soube. – Any se pronuncia. – Ele ficou muito irritado. Acho que ele vai querer conversar com você, para te fazer sentir melhor.

Sina sorri de leve.

-Como você sabe da reação do Josh? – Pergunto, aliviando o clima mais pesado do lugar e fazendo todos rirem.

-Você não soube? – Krystian diz, com um tom de brincadeira. – Any está cheia de encontrinhos com ele. Toda vez que ela sai de casa é para ver ele.

-Any! – Sina diz, rindo.

-Quem quer brigadeiro? – A brasileira vai em direção à cozinha, tentando desviar do assunto.

-Eu quero! – Falo. – Mas nem tente fugir dessa conversa, Any Gabrielly.

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POV Noah

-Noah. Jacob. Urrea. – Josh diz meu nome pausadamente, logo após ter me dado uma bronca astronômica. – O que você tem na cabeça?

-Eu posso me explicar? – Digo, sentado no sofá de Lamar. O inglês não esteve em casa na última semana, já que havia conseguido uma folga e ido visitar sua família na no Reino Unido, o que dificultou ainda mais minha situação de ontem.

-Você acha que isso tem explicação?

-Eu posso falar? – Me exalto, e Josh finalmente se cala. – Eu tentei vê-la, Josh. Eu tentei mesmo. Eu estava um pouco atrasado, mas nada demais. Eu saí de casa e fui pedir um táxi, e foi aí que tudo começou a dar errado.

O canadense parece curioso, e pede para que eu prossiga.

-Tem um hotel do outro lado da rua, certo? – Eu pergunto e Josh assente, sem entender onde quero chegar. – Alguém famoso está hospedado ali. Sei disso porque havia muitos paparazzi ontem à noite. Assim que eu saí, um grupo de fãs me viu. Tirei fotos, agradeci e tudo mais, mas logo depois mais fãs se aproximaram. Elas falavam alto, e os fotógrafos notaram que eu estava ali. Quando me dei conta, eles e repórteres vieram correndo em minha direção e me cercaram.

-E aí você desistiu de ir ao encontro?

-Não! – Digo, nervoso com o que meu amigo assumiu. – Eu já não conseguia mais sair dali, Josh. Não conseguia. Eu comecei a ficar muito nervoso, já estava atrasado, ia me atrasar ainda mais... Começaram a me perguntar sobre a Sina, sobre os textos, sobre o lugar para onde eu iria, se eu morava pela região... tinha tanta coisa acontecendo, o mundo parecia estar girando, eu achei que fosse desmaiar, Josh. Pensei em ligar para Sina, mas meu celular escorregou da minha mão, caiu no chão e quebrou totalmente. A tela ficou tão destruída que eu não conseguia mexer nele, nem ao menos desbloquear. Se Lamar estivesse em casa, eu correria de volta e pediria para que ele ligasse, mas ele não está. Tudo que poderia dar errado deu, Josh.

Meu amigo passa a me olhar de maneira diferente; se antes ele tinha raiva, agora parecia querer entender meu lado.

-Eu não queria que eles me seguissem. Não queria que a Sina fosse ainda mais exposta. Prefiro ter ela me odiando do que acabar totalmente com a privacidade que ainda a resta. Quando eu finalmente me livrei deles, já havia se passado muito tempo, mas decidi arriscar. Eu não queria voltar logo para a casa de Lamar, porque não quero que eles descubram onde moramos. Peguei um táxi e fui até o restaurante, mas já era tarde. – Eu continuo, sentindo o nó em minha garganta apertar cada vez mais. – Ela não estava mais lá. É claro que não estava, eu sou um imbecil.

-Noah... isso aconteceu mesmo? – Ele pergunta, surpreso.

-Sim. Eu jamais deixaria a Sina esperando, Josh. Tudo o que eu mais quis durante os últimos anos foi essa chance, e eu a joguei no lixo.

-Não foi culpa sua. – O canadense senta-se ao meu lado. – Pelo que você disse, não tinha muito o que fazer. Você preferiu poupar a Sina dessa exposição e, na minha opinião, não errou.

-Ela me odeia.

-Não vou mentir, deve odiar. – Ele diz, sincero. – Mas eu vou explicar o seu lado para ela, ok?

-Ela nunca vai me perdoar.

-Você também pensava que ela nunca iria ler o que você escrevia.

Eu penso no que ele disse e assinto, tentando me acalmar.

-Por que não deu um jeito de me ligar ontem e explicar isso?

-Eu não dei um jeito nem de ligar para a Sina, Josh. Eu cheguei em casa e chorei até dormir, tudo já estava jogado no lixo.

-Você precisa parar de ser tão derrotista, Urrea. – Ele diz. – Vamos dar um jeito nisso. Confie em mim.

EighteenWhere stories live. Discover now