Eighteen

18

Nova York, Estados Unidos, 8 de julho de 2019.

Sina,

Aquela noite em que fomos ao bar já foi há um mês. Naquela madrugada, eu escrevi mais uma carta, e prometi que a partir de então escreveria para registrar todos os nossos momentos. Falhei. No entanto, foi por um bom motivo: estava ocupado aproveitando cada momento que passamos juntos.

Esse último mês foi incrível para mim. Estar a quase todo momento com você me fez muito feliz, mesmo que estejamos tentando não tornar isso público ainda. Confesso que gosto de guardar esse "segredinho".

Ainda não te falei nada porque não quero apressar as coisas, mas tenho certeza de que quero voltar a namorar com você. Quando estamos juntos, tudo começa a fazer sentido. Agora que voltei a ter esse sentimento, não quero que ele vá embora. Não mais.

Noah.

Nova York, Estados Unidos, 13 de julho de 2019.

Querida Sina,

Hoje fomos juntos à formatura da Sofya. Juntos pela metade, porque ainda não queremos que nossa relação seja descoberta da pior forma. De qualquer maneira, pudemos aproveitar muito a comemoração juntos, já que só nossos amigos estavam presentes.

Me peguei pensando no seu sorriso quando viu o pedido de namoro que Joalin fez para Sabina, na comemoração. Preciso tomar a coragem que ela tomou, se quer saber. Não consigo parar de imaginar como seria a sua reação, e acho que vou ter que descobrir de alguma forma.

Escrevi esta carta porque precisava registrar o quanto você estava maravilhosa hoje, mesmo com o calor do verão. Escreveria parágrafos e mais parágrafos sobre isso, mas você vai sair do banho e vir deitar a qualquer momento.

Com carinho,

Noah.

Nova York, Estados Unidos, 14 de julho de 2019.

Sina,

Queria ter passado mais tempo com você hoje, mas sei o quanto você está ocupada com o trabalho agora, logo antes das suas férias (pelas quais eu também estou esperando ansiosamente, para ser sincero).

Gravei o vídeo com Any hoje. Ficou incrível! Mal posso esperar para postá-lo e ver o que as pessoas vão achar. Tenho certeza de que você vai adorar. Cantamos uma das minhas músicas, e sei que é uma das quais você gosta mais.

Josh gravou o vídeo e ficou o tempo todo babando pela Any (certamente fico com o mesmo olhar de bobo apaixonado quando estou com você). Ele me disse que Any queria começar a estudar teatro musical em uma das escolas da cidade, e nosso objetivo é fazer esse vídeo chegar em alguém que possa dar uma bolsa a ela. Josh me pediu segredo, mas é claro que vou acabar contando pessoalmente para você uma hora ou outra. Acho que ele sabe que "não conte para ninguém" nunca incluiu você, não é?

Esperando ansiosamente pelas suas férias na sexta,

Noah.

Southampton, Nova York, Estados Unidos. 20 de julho de 2019.

Querida Sina,

Fico feliz por ainda estar vivo. Realmente pensei que você fosse me matar quando descobriu que aluguei uma casa nos Hamptons para passarmos cinco dias a sós. Precisamos de um lugar onde podemos ir à praia e passear um pouco, então Manhattan realmente não era uma opção. Apesar de você ter dito que eu "estava doido porque é muito dinheiro", sei que você gostou da surpresa. Seu olhar não mente.

Além disso, eu não poderia alugar qualquer coisa. Quando você terminar de ler as últimas cartas que escrevi, incluindo esta, você vai entender o porquê de eu querer que esse momento das suas férias seja especial.

Espero que aproveite essa surpresa,

Noah.

-----------

21 de julho de 2019.

POV Sina

-Noah, o que você quer dizer com isso? – Entro na sala com as cartas na mão. Noah havia as deixado em cima da cama, o que indicava que queria que eu as encontrasse.

Ele, sentado no sofá da enorme sala da casa, desvia os olhos do seu violão para mim.

-Você leu todas?

-Sim.

-Então quer saber por que tive a ideia de vir para cá, certo?

-Certo.

-Sente-se aqui. – Ele diz, apontando para o sofá, para onde vou.

-Noah...

-Sei que você nunca gostou de demonstrações públicas e super elaboradas de amor. – Ele ri. – Nunca me esqueci disso.

Ele começa a dedilhar uma melodia já conhecida por mim no violão.

-Essa música...

-Dois mil e catorze. – Ele me interrompe. – Namorávamos há algum tempo.

-Foi a música que te fez famoso.

-Foi a música que eu escrevi para você. – Diz. – Prefiro enxergá-la assim. Mas posso dizer que ela mudou minha vida. Você mudou minha vida.

Eu sorrio e ele continua a tocar a música.

-Não quero falar sobre como nosso término foi difícil e sobre como eu sofri com isso. – Ele continua a falar. – Acho que chegamos em um momento no qual o passado não importa mais tanto assim.

-E que momento é esse?

-O momento em que eu percebo que preciso dizer, com todas as letras, que te amo, Sina. E que eu quero estar de verdade com você.

Noah disse que me ama. Eu procuro palavras em minha mente, sem sucesso, enquanto olho para ele, que seguia como se tivesse dito a coisa mais natural do mundo.

-Eu vou entender se você disser que não. – Retoma a palavra, enquanto continuo em choque. – Faz pouco tempo que "voltamos", por assim dizer. Mas eu estou certo do que eu quero, Sina.

-Você quer dizer que...

-Que quero namorar com você.

Meu coração dispara. A simplicidade do "pedido" de Noah era algo que fazia sentido para nós dois: aqueles clichés românticos de rosas espalhadas pelo chão não me conquistavam; pelo menos não tanto quanto Noah, em minha frente após um dia de praia, tocando a música que havia escrito para mim.

As lágrimas que eu tentava segurar finalmente escapam. Noah havia dito, claramente, que me ama e que quer namorar comigo. Sem conseguir dizer nada, me aproximo dele e tiro o violão de seu colo, colocando-o sobre a mesa de centro. Noah parece não entender muito bem o motivo, aparentando estar nervoso com a minha falta de resposta. Rio de sua expressão e finalmente me inclino para beijá-lo. Ele fica surpreso de primeira, mas logo depois se ajeita para que possa deitar no sofá, de modo que eu fique por cima dele.

-Isso é um sim? – Ele ri, assim que nos afastamos.

-Você não fez nenhuma pergunta.

-Sina Deinert, você aceita namorar comigo? – Ele pergunta, afastando uma mecha de cabelo do meu rosto.

-Sim. – Rio. Noah retribui com um sorriso largo no rosto, voltando a me beijar em seguida. Ele começa a beijar meu pescoço, e eu levo meus lábios até sua orelha, sussurrando em seguida. – Noah, preciso te dizer algo.

-O que? – Ele desvia o olhar para mim.

-Eu também te amo.