DOIS

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  A manhã já havia chegado faziam poucas horas, a iluminação do local provinha de janelas presentes nas altas paredes de metal. Os passos dos soldados sobre as escadas fixas a estas paredes fizeram com que Viktoria acordasse; mal sabia a que momento havia rendido-se ao sono, porém nada como uma boa noite aos prantos; de qualquer maneira aliviar seus pensamentos através de lágrimas   foi uma escapatória para a aflição da menina.

06:00 ( horário fictício, 1917, 27/12 - Campo de concentração 37; Shumerlya)

O dia mal havia começado, passos dos soldados já se podiam ser ouvidos pelas crianças que se forçavam a manter os olhos fechados, escolhidos ali para que a friagem do gélido metal do chão não encostasse em suas peles, a surpresa fora serem empurrados ao mesmo tempo para fora de seus colchões  (sacos de dormir); asensação do corpo quente contra o congelante chão fez seu corpo estremecer, quem iria imaginar, que susto grande logo pela manhã. A pequena Viktoria arregalou seus olhos em direção ao soldado que havia se supetão a "acordado". Enquanto todos levantavam, agarota permaneceu sentada, não entendia o que se passava ali, não havia qualquer ensinamento que havia recebido de sua mãe que a livraria de qualquer acontecimentos futuros.
 
  Não demorou muito para que uma voz alta fosse ouvida, era realmente amedrontador estar ali, a expressão de mede era algo que não abandonava nenhuma daquelas crianças por um momento se quer, era óbvio que nenhum daqueles homens ali iria realmente se responsabilizar por aquelas crianças, nem mesmo compaixão era expressada por eles. O que aconteceria agora?
     Atordoada estava, seu maior desejo era sair daquele lugar, a cada instante aquele homem se pronunciava mais alto.  "De pé!" Exclamou o general Malenkov, logo parando frente a Viktoria; não fazia um dia que estava ali e já imaginava o pior.
"VOCÊ É SURDA!?!" A voz rouca do general desta vez fora em direção à distrai da garota como um tapa, não imaginava que o homem estivesse a lhe dirigir palavras; no mesmo instante em que o ouviu a frágil e amedrontada menina se levantou, não sabia ao certo porque todos precisavam estar de pé, quem seria aquele homem? Todos iriam morrer?
    
     Novamente estava com medo, por que precisavam estar ali? Nada fazia sentido. Novamente o homem voltou falar, Viktoria então voltou sua atenção ao som que saia do maior enquanto o mesmo se distanciava.
"Vocês têm grande sorte, foram salvos por Lenin." - O homem disse caminhando por entre as grandes fileiras. "Vocês não teriam chance alguma, são fracos, incapazes de viverem sozinhos. O que seria de vocês se não fosse por Lenin? NADA!" - Outra vez estava parado ao lado da jovem, sem saber se devia olhar diretamente aos olhos do homem ela se manteve séria, por mais que desejasse olhar.
  Logo aqueles homens entraram, seus passos sincronizados faziam com que todos ali temessem pelo pior.

  Atentamente os observava, o que estavam a fazer ali, por que todos aqueles homens? Estas pesgostas pairavam a mente de Viktoria. Aquele homem amedrontador apenas assentiu, os soldados pareciam saber exatamente o que aconteceria ali, com seus olhos arregalados a garota observava em volta. Um estalo fora ouvido, era a única sai da do galpão sendo fechada após o general ter deixado aquele lugar, seus homens rapidamente seguraram cada um uma criança pelo baço direito, brutos e desleixados as puxavam, mesmo que todas gritassem e estivesse óbvio o desconforto, mesmo que se debatessem e forçassem sair os soldados eram mais fortes. 

    Durante seu caminho Viktoria observava outras crianças serem espancadas por morderem ou empurrarem aqueles, resistir era em vão, afinal, como crianças tão magras poderiam ferir aqueles homens?
  O trajeto daqueles que pouco resistiram fora mais tranquilo, não houveram agressões de fato, aquelas crianças apenas foram puxadas para um local mais afastado, onde a vista de Viktoria antes não alcançava.
A única visão que tinha era a de seus companheiros chorando, alguns gritavam que não queriam morrer.
Todo aquele pânico fazia seu corpo estremecer, por mais que quisesse sair dali paralisada estava.
Ao chegarem finalmente ao destino que lhes aguardava, alguns cômodos podiam ser vistos, vazios, metal e nada mais, não havia iluminação, ou qualquer outra saída, apenas aquela porta de dobradiças enferrujadas.
 
    Em um movimento rápido todos foram lançados ali e as portas foram fechadas.
Por mais que ainda estivesse um dia iluminado, aquela tarde de inverno não seria a mais aconchegante. Quando viktoria chegou naquele lugar existiam 200 crianças. Das que foram para as "salas" (celas solitárias) eram menos de um terço estava ali.
Ao instante em que as portas foram fechadas e a luz deixou de tocar sua face, a jovem sentou-se contra o chão e envolveu seu corpo. Mal imaginava o que se passava lá fora, ao seu lado estavam 60 crianças. Enquanto algumas empurravam e se debatiam conta as paredes de metal, tiros puderam ser ouvidos, estalos ensurdecedores, a cada projétil descartado seu corpo estremecia.
 
   Viktoria desabou em prantos, algo não estava certo, todos ali sabiam que aquele havia sido o último dia daquelas crianças.

19:00 (horário fictício, ainda naquele dia)

Após o terror ter passado, os tiros cessados, só se esperava o pior, o sentimento de medo e angústia tomavam seus pensamentos. "Eu serei a próxima?" Era sua única pergunta, o que aconteceria, onde tudo isso iria parar. Um ranger fora ouvido, era a pequena portinhola ao pé da porta sendo aberta, uma bandeja de ferro era arrastada ali. Era hora de comer. Uma fatia de pão preto e leite  de cabra. Esfomeada, pareciam anos que não comia algo, sem pensar duas vezes ela devorou sem nem ao menos poder sentir o sabor do ingeria.
Assim que terminou de passou a bandeja pelo mesmo lugar.

  Não haviam cobertores ou um saco de dormir, o inverno seria rigoroso, o pouco que havia comido talvez não lhe gerasse energia o suficiente para se manter aquecida; aquela não era a noite mais fria do inverno, porém sem ter como se aquecer, esta era a sensação. Enquanto o sono não vinha ela procurava uma confortável posição, se bem que, não havia como sentir-se confortável, a todo o instante que se mexia o gélido metal tocava sua pele ocasionando um fino arrepio sob a espinha.
    
       Talvez o dia de amanhã seja melhor, já se faziam horas e nada de seu sono chegar, o medo e a saudade de casa a fizeram chorar outra vez. O único desejo de Viktoria era saber o que havia se passado com sua mãe.  Perdida em meio ao tempo, choro, cansaço e seu evidente medo, o sono leve era a única forma que conseguira encontrar para seu descanso; a todo o instante que adormecia um novo barulho a acordava, eram as crianças presas a seu lado, todas sentiam falta de suas vidas, famílias e lar. Por mais que tenta-se conter seus pensamentos ouvi-las  era enlouquecedor.

Três dias depois (1917 - 30/12. Campo de concentração 37, Shumerlya)

  Três dias já haviam se passado, a segunda noite havia sido a mais silenciosa, nenhum barulho se quer poderia ser ouvido das celas, por mais que a jovem apoiasse seu rosto contra o metal para ouvir, todos pareciam estarem mortos.
  Era de se esperar que três dias depois alguém apareceria para ver se alguém estava vivo, porém horas se passavam e nada, sua barriga roncava alto que até ela mesma se assustava, aquela manhã seria de longe a pior de todas.
 
  16:00 (horário fictício)

Viktoria estava encolhida, sua tentativa de manter-se aquecida era falha, seu corpo tremia, as extremidades de seu corpo não se aqueciam de forma alguma, com certeza aquele seria seu último dia de vida; já se via sem esperanças, a todo o instante a garota esperava.
  A porta de ferro se abriu, após três dias sem ter absolutamente contato algum com a claridade, ter a visão da luz entrar naquela cela escura fora um susto, algo que aos poucos seu corpo voltava a se acostumar. Aquele havia sido o primeiro de uma bateria de testes. Assim que saiu do estreito local  a jovem admirou-se com a pilha de cadáveres que se formava com as crianças que vieram a óbito nas noites anteriores.
Os soldados faziam a contagem, ao todo 40 das 61 crianças haviam morrido, enquanto aquela cena horrenda ficava para trás Viktoria seguia seu caminho junto à 20 outras crianças para o refeitório, local onde se alimentariam antes do segundo teste, enquanto comia podia ouvir duas crianças conversando, Nikolai e Vladimir, dois irmãos, Viktoria encarava os dois com o cenho franzido, afinal, por que estavam a tagarelar tanto?
  Talvez estivessem felizes por finalmente após tanto tempo comerem algo.
Viktoria, disfacava seus atos não queria que os mais novos a percebessem observar sua conversa.

"Você nao acha que irão  sentir nossa falta?" Vladimir questionou Nikolai.

Naquele momento tudo pareceu fazer sentido, aqueles garotos tentariam fugir naquela noite? Esse questionamento não saia da mente de Viktoria.

    Pela primeira vez todos estavam a vontade naquele lugar, tirando o fato de serem vigiados e suas famílias e lares não existirem mais, tudo corria bem, ainda se era possível sentir o toque gelado do inverno contra sua espinha, e o doce acariciar da morte.
Enquanto encarava os dois meninos, a jovem garota mordiscava seu lábio inferior, que grande fuga planejavam.
Viktoria segurava o riso, para ela, tal coisa seria uma grande tolisse.
Logo, os garotos calaram-se, a atenção daqueles estava direcionada somente a ela.
"Você deseja vir conosco?" - Indagou  Vladimir, mesmo que receoso.
Pasma com o convite, Viktoria não pode responder, por mais que desejasse ir com eles.

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⏰ Última atualização: Feb 18, 2020 ⏰

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