O Confronto

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A chuva continuava torrencial. Os trovões  faziam sons quase ensurdecedores e logo depois os raios embranqueciam o céu por alguns instantes. Celeste corria como nunca havia corrido em sua vida. O pânico a dava uma energia e um folego que pareciam não ter limites. 

O Doutor Radamés muito provavelmente estava morto e se não estivesse estava gravemente ferido. Celeste sabia que se a pegassem ela seria presa e muito provavelmente seria condenada a passar o resto da vida naquele ligar ou em alguma outra instituição ainda pior. Além disso ela não parava de pensar no que estaria acontecendo com Bóris. Os guardas não eram as melhores pessoas do mundo em um dia bom. Se soubessem que Bóris havia ajudado Celeste a escapar, muito provavelmente seriam especialmente cruéis com ele. 

Os pensamentos de Celeste iam e vinham da sua mente tão rapidamente que ela mal consegui assimila-los. A confusão com os próprios pensamentos e o chão lamacento fizeram com que Celeste acabasse escorregando em um barranco.

Ela rolou por alguns metros até bater as costas e a cabeça em uma grande árvore. Celeste estava um pouco confusa e dolorida. Durante a rolagem ela rasgou algumas partes das roupas que estava usando além de também ter ralado o joelho esquerdo. 

Celeste tentou se levantar mas rapidamente caiu sentada ainda zonza pelo golpe que sua cabeça havia dado na árvore. Ela ficou sentada ali por alguns minutos. E por alguma razão não conseguiu evitar de se sentir completamente derrotada. -Eu passei por tanta coisa e vou morrer aqui  sozinha- pensou Celeste acreditando que já não havia mais que ela pudesse fazer.

-Só morrerá aqui se você mesma deixar isso acontecer-disse uma voz feminina muito familiar.

-Mas é claro que é você.-disse Celeste com uma mistura de alívio e ironia ao perceber que se tratava da mulher sem face.- O que está fazendo aqui?

-Não te deixando desistir. Levanta e anda ,pequeno anjo. A hora decisiva está se aproximando.

-Você acha mesmo que eu vou conseguir fazer alguma coisa nesse estado?

-Nesse estado no qual se encontra, realmente não poderá fazer nada. Agora se você se levantar, ter fé e encarar o que te aprisiona, ai você poderá fazer algo.

-Como o que por exemplo?

-Lutar para obter sua liberdade. Para poder sentir a verdadeira luz do sol em seu rosto. Lutar para que os sacrifícios feitos por você e para você não tenham sido em vão.

No exato momento que a mulher terminou de falar Celeste se lembrou de Leocádia e de Bóris e de como eles arriscaram tudo para que ela pudesse seguir com sua busca. A lembrança dos dois fez com que ela se levantasse e decidisse terminar tudo aquilo.

-Certo, é hora de dar um fim a essa palhaçada.

-Muito bem pequeno anjo.  Vá e derrote o adversário. Lembre o amor dele é uma farsa e a bela aparência dele não passa de uma ilusão. Quando a oportunidade aparecer lembre-se daquilo que Leocádia te disse e use isso contra ele

-Como eu vou saber quando a oportunidade aparecer?

-No momento em que visualizar todas as peças encaixadas.

Depois de deixar esse enigma, a mulher desapareceu. Celeste, riu pensando que ela realmente não sabe ser especifica quando quer dar um aviso mas o momento de risada acabou e logo foi substituído pela escalada do barranco ainda lamacento.

Mesmo com dificuldade, Celeste escalou e voltou para a estrada agora focada no que deveria ser feito. Ela voltou a correr para chegar a cidade. Celeste correu por uma talvez duas horas, até que finalmente havia chegado em sua cidade. 

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