Capítulo 1 - Mistério

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    A chuva fina caía acompanhada pelo vento contra o rosto de Waji. O herdeiro das terras ia à frente do grupo pelo barro cantarolando uma música estranha para o jovem, com os pés calçados por um bota, algo que Waji e os outros interpretavam como um objeto estranho. Os cinco homens que acompanhavam Detrus Malones foram criados sem proteção para os pés. Dois deles eram mestiços de auronos e nigwebo, irmão e filhos de uma escrava, chamados de Garo e Garineto, nomes de origem aulata, região do continente Auron repleta de principados e pequenos reinos. O terceiro homem era um jovem de dezenove anos, enquanto os irmãos possuíam mais de trinta, outro mestiço, mas sua mãe era nativa de uma comunidade próxima que servia aos latifundiários da região em troca de metais que também serviam como moeda de troca entre os chamados natoros, de pele mais amarelada e cabelos lisos, negros, em diferença quanto aos auronos. O quarto, no entanto, era um dos ajudantes que o pai de Detrus, Maldo, trouxera de Auron, um duende que nascera escravo e fora levado ao continente descoberto há pouco mais de duzentos anos.

Waji, embora não fosse durante toda a vida pregressa usuário de calças, apreciava a vestimenta desde que a conhecera. Camisa ele não usava, exceto em dias de frio mais intenso do inverno. Botas foram vistas com um peso extra e desnecessário por alguém que conhecia a mata. Waji gostava, no entanto, de observar os pés calçados de Detrus Malones contra a terra e as pegadas fortes deixadas como uma prova de sua passagem. O rapaz sentia que o outro figurava com importância e a força de um guerreiro seguro também estava ali, em calçar botas, embora todos os soldados que conhecera até então não fizessem uso de sapatos. Olhava também para descobrir uma resposta por trás de sua constatação sobre o que sentia ao encarar Detrus com botas. Um guerreiro mágico, de outro mundo, um aurono que usava lâminas metálicas em sua guerra e a magia presa por uma vara de madeira.

    O rapaz estava acostumado com a vida nos arredores da fazenda, como um caçador contra os animais que poderiam atacar a criação do lugar. Era conhecido por ser um jovem de conhecimento sobre a floresta mesmo entre o dono do lugar, pai de Detrus, Joni Malones. Aquele era mais um dia de caça, porém a situação estava agravada pela primeira vez nos três meses de trabalho do jovem. As galinhas estavam mortas, algumas vacas e mesmo os inotes surgiram com ferimentos. Waji possuía algumas desconfianças, mas não tinha certeza se os patrões concordariam com sua suposição, ainda que vivesse naquela área como um nativo e conhece a parte mais fechada do ambiente. Enquanto contava para os colegas as histórias de seu povo e encontros com monstros, percebeu as risadas de Detrus, desacreditado de cada palavra que Waji dizia ser a verdade. O rapaz não compreendeu o motivo exato para o outro não acreditar no que contava, porém, sabia que falar novamente sobre as histórias de seu povo deveria ser algo proibido se não mais quisesse encarar o rosto debochado do patrão.

     Detrus falava em lobos, raposas ou cachorros dos vizinhos no vale abaixo da fazenda que foram avistados meses antes no território dos Malones, porém Waji não concordava com as desconfianças do patrão, pois as feridas nos animais eram pequenas e profundas, algo que nenhum daqueles animais seria capaz de fazer. Detrus não tinha nenhuma resposta menor, embora também pensasse como Waji sobre a incompatibilidade das feridas dos animais de sua fazenda. Havia também os outros homens do grupo, que imaginavam Detrus como um homem de perícia para resolver tais problemas. Em seu continente de origem o homem ganhara congratulações de autoridades e se parecia como alguém um tanto forte e inteligente para resolver os problemas de uma simples fazenda no continente mais afastado e despovoado. Havia, confiança e Waji não desejava destruí-la e perder a vida que conquistava a cada dia como um recomeço.

    Eles passaram das cercas de madeira e dentro da floresta havia árvores altas entre tantas outras retorcidas, porém o facão que cada um carregava cortava o mato que incomodava os homens a andarem naquela localidade. Waji pensava em como o equipamento era útil, enquanto mais um golpe contra as plantas era dado. O silêncio de fala nesse momento foi primordial. Waji estranhou a falta de barulhos conscientes durante o trabalho, alguém que lembrasse os deuses com protetores da força e da saúde, mas ainda desejava manter-se entre um dos trabalhadores daquela terra e sua voz também não apareceu enquanto Detrus estava parado com a observação continua para seus empregados.

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⏰ Última atualização: Aug 05, 2019 ⏰

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