Já estava caminhando quando senti algo sendo derramado em mim. Todos davam risadas, olhei à minha volta, as pessoas estavam paradas admirando o refrigerante derramado nas minhas costas. Entre os que davam risadas estava o desconhecido que me "ajudou". Olhei decepcionada para ele, eu pensei que tinha arrumado um amigo - eu sempre fui a personagem da história acabada e decepcionada.
As lágrimas cismaram em sair, precisavam ser liberadas. Eu poderia aproveitar aquele momento só, apenas chorar, e foi o que aconteceu. Chorei e chorei. Cada vez que chorava mais as lágrimas caíam.
— Ei?! Estou te chamando já faz umas três horas. Sou um pouco exagerado! Eu sei que você não está nada bem, então queria perguntar se quer uma carona. Aceita?
Limpei minhas lágrimas antes que ele as visse, entretanto meu rosto vermelho me entregava.
— Oi, eu prefiro ir andando, preciso pensar. Mas, agradeço! — respondi.
— Nada disso! É melhor colocar toda sua raiva pra fora e contar tudo o que sente. Vai melhorar! – ele tocou em meu braço delicadamente, passando confiança, mostrando que eu podia confiar. Diferente do desconhecido em quem eu não senti confiança, estava certa.
— Meu nome é Breno, fico feliz em conhecê-la, Adina!
— De onde me conhece?
— Além do constrangimento no portão?! Estou sempre jogando quando você senta no estádio na hora do intervalo. Agora podemos ir?
Ele abriu a porta para eu entrar.
— Por que quis me ajudar? — perguntei.
— Por quê?! Ninguém pode simplesmente querer te ajudar?
— A casa que eu moro é longe, quando estiver quase perto eu aviso.
— Pretendo te levar em casa!
— Minha madrasta odeia visitas, até se for no portão.
— Imaginei... Vou te deixar aonde desejar. — seu cabelo era na altura dos ombros, ele tinha uma barba desarrumada e era moreno. Um homem bonito.— Eu agradeço!
Perto de chegar na minha rua ele parou o carro, me despedi e desci.
Precisava esquentar o almoço rápido para Ester e as gêmeas comerem, porém eu não fiz igual aos outros dias em que eu chegava e já esquentava a comida — fui tomar um banho antes, eu precisava demais. Meu corpo estava todo "colando".Minha porta foi aberta brutalmente no momento em que sai do banheiro:
— Por que nosso almoço ainda não está pronto? — gritou Tamara me jogando contra a parede.
— Tamara, solta ela! Dá para responder sua pergunta de longe! — Lara tentou tirar ela de perto de mim, mas não conseguiu. As mãos dela me apertavam e me machucavam.
— Eu precisava tomar banho, Tamara! — por fim, respondi.
— Não ligo para o seu banho, menina! — da parede em que eu estava, ela me jogou para perto da minha cama. Minhas costas bateram na quina da cama e aquilo doeu muito.
— Sai daqui, Tamara! A mãe não está em casa para você querer mandar alguém para o hospital. — Lara a puxou para fora e logo quando estava na porta vindo em minha direção a campainha tocou.
— Queria avisar que minha mãe precisou fazer uma viagem de última hora para visitar uns amigos. Preciso atender a campainha, descanse muito hoje porque é seu dia de folga! — disse fechando a porta atrás de si.
Eu geralmente pensava em coisas que eu poderia fazer se um dia tivesse folga, mas naquele dia nada me veio em mente. Pensei em sair para ver quem estava tocando a campainha. Todo meu corpo estava doendo quando me levantei e fui até à porta. Ouvi:
— Vai ter uma festa de adolescentes no salão de festas do prefeito, ele quer todos presentes. Até logo.O rapaz explicava para as meninas, assim que eu abri a minha porta ele me viu também.
— Olá, moça, você mora nessa casa com elas? — ele perguntou.
— Na verdade, não.
— Então aqui está o convite do nosso prefeito para você!
— Eu agradeço.
"Não é uma data especial, mas por que esperar datas especiais para fazer algo?!
Convido todos os jovens. Uma grande festa faremos! Nossa cidade é pequena, mas desde o momento em que cheguei aqui quero agradecer de alguma forma. Faremos a festa só dos jovens e depois só dos mais velhos, espero você! Primeiro sábado do mês que vem, até logo!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Branca e o Lobo
RomanceCom apenas um toque, toda a sua vida se transformou. Adina passou anos privada de toda a sua liberdade, solitária em um mundo tão grande e sem o apoio de ninguém. Vivia com a sua madrasta e as duas meias irmãs, mas em uma certa noite, o destino a ce...