Nascer foi a virtude que me foi dada. Nunca a pedi. Não a desejo. Meu único desejo é fazê-la desaparecer. Sem deixar vestígios. É pedir muito?
Acho que não, à tantas outras por aí, por que alguém ficaria triste com a minha ida. Embora eles ainda não tenham percebido: ela já se foi.
Aconteceu à pouco tempo atrás. Não quero lembrar o que aconteceu naquele dia. Foi o melhor que tive. Sozinha. Largada. Deixei nas raízes daquela árvore um pouco da minha vida. Pouca. Mais deixei. Ainda há vestígios da minha presença naquele local. O mato continua queimado. O galho continua quebrado. A corda que nunca usei ainda jaz ali. Pela toda eternidade espero. Os nós ainda continuam nela. Sempre gostei de atar nós e depois desfazê-los. Dá trabalho. Eu sei. Mais me mantia ocupado. Sem tempo de pensar na vida. Que vida?
Não sei, nem quero saber. Já não me diz respeito e nem me interessa. Nem sinto mais a dor no pulso. Ela sumiu. Ainda bem. Quer dizer, nem tanto. Eu gostava dela. Ela me fazia lembrar das coisas. Coisas que esqueci. O sono me fez esquecer. É inútil dizer que não gosto dele. Você já sentou em um local, e pensou na vida?
Não o faça, fui fazer isso um dia. E olhe onde estou agora.
Se bem que o local era um dos mais movimentados do mundo. Eu queria poder sair dali e correr pela escuridão da noite.
Sozinha.....
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Minhas Últimas Palavras
SpiritualeTalvez eu soubesse que iria acabar assim. Talvez. Não tenho certeza. O fim poderia ser outro. Poderia. Eu não queria. Seria esse. Apenas esse. Um fim curto e triste. Curto como minha vida. Triste como cada lembrança dela que vez ou outra, cismam em...