O Marco Zero - Parte 1

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Já se perguntou alguma vez se a vida vale a pena? Pois é, eu já, mais do que gostaria de admitir. Eu me chamo Marcos, tenho 22 anos, um cabelo vermelho geralmente bagunçado, olhos castanhos. Sou alto e caucasiano. Sinceramente, eu não era ninguém demais há um tempo atrás. Eu era um bom filho, esforçado, sempre ajudei meus pais com tudo que precisavam, tinha um amor e um emprego decente, mesmo que não ganhasse muito, eu era feliz. Mas um ano... As coisas aconteceram tão rápido que foi como um soco bem na minha alma. No mesmo ano, eu perdi o meu avô para o câncer, e minha esposa em um acidente de carro... Eu estava abalado, perdido e desamparado. Meus pais estavam com problemas financeiros, então apesar de muito tempo relutar, acabei por aceitar uma proposta de trabalho da Joja, pois mesmo pagando muito bem, meus pais me avisaram que era quase trabalho escravo, mas eu não me importava, perdi a vontade de ser feliz, então aquilo ao menos ajudaria a parte financeira, e o custo alto que isso traria pra mim não me afetava mais. Eu trabalhei um tempo na joja, e as coisas só iam de mal a pior, eu estava no fundo do poço com certeza, mas a verdade é que quando se está no fundo do poço, o único caminho é pra cima. Em meio as coisas do meu avô que estava vasculhando, achei uma carta, endereçada a mim. Parece que ele não teve a chance de me entregar aquilo. Não sei porque, mas algo me dizia que eu estava pronto pra abrir aquela carta, e nela meu avô falava sobre sua antiga fazenda em Pelican Town, a Fazenda Hydratil, e lá dizia que quando o mundo tivesse caído sobre mim, lá seria o lugar para ir. Ele falou de um tal Lewis, e que era um velho amigo dele, e até disse para eu mandar um oi por ele caso o "velho", como ele mesmo disse, estivesse vivo, deixando o número dele e o endereço caso tenha mudado de número. A dúvida pairou sobre a minha cabeça enquanto eu olhava fixamente para aquela carta, mas senti algo que perdi há muito tempo. Esperança. Eu então falei com meus pais, e eles disseram que recomeçar poderia ser a melhor opção pra mim, e me encorajaram muito para que eu tentasse. Por isso, fiz minhas malas e entrei em contato com o tal Lewis, que descobri ser o prefeito da cidade, e sem demora eu parti. A chegada em Pelican Town foi bem alegre. Robin, a carpinteiros da cidade me recebeu e me levou até a fazenda do meu avô, onde o prefeito Lewis esperava. Eu quase tive um infarto vendo a fazenda imunda depois de anos sem cuidado, mas eu resolvi respirar fundo e melhorar aquele lugar. Depois da morte da minha mulher eu não fiquei muito sociável. Não me entendam errado, não fui mal educado com ninguém, mas também não posso dizer que me esforcei pra formar laços com os cidadãos. Fui aos eventos, momentos muito divertidos, a dança da primavera, a caça aos ovos, o luau, cada evento parecia único e incrível, e os sorrisos de todos eram contagiantes, mas eu mesmo assim me sentia mal... Vazio... E triste... Mesmo com tantos sorrisos ao meu redor, nada parecia estar mudando dentro de mim... Na metade do ano aconteceu algo que me fez tomar um rumo, em meio a mina, eu acidentalmente achei algo diferente, e até surreal. Uma pedra de 8 lados, com as cores do arco-íris, brilhante e reluzente. Eu senti que ela tinha algo especial, e então eu fui atrás para saber mais. Na biblioteca achei um livro que falava dessa pedra, chamada Fragmento Prismático. Nossa, acho que nunca passei tanto tempo perto da Penny, ou mesmo do Gunther, passei a visitar a biblioteca todos os dias para aprender mais, indo atrás de livros perdidos, escondidos debaixo da terra geralmente, e fui aprendendo aos poucos sobre aquilo, quando percebi que não tinha quase nada, e apesar da grande quantidade de livros, as informações eram vagas, e as vezes repetitivas. Eu então lembrei de alguém que poderia ajudar. Rasmodius, o mago. Ele tem ligação com o místico, ele deve saber algo a respeito. Fui até ele e mostrei o Fragmento Prismático, e admito nunca imaginei que veria o rosto daquele homem ficar tão pálido. Depois de se acalmar ele me contou que o Fragmento Prismático é algo de poder extremo, mas que a forma para liberar esse poder foi perdida há muito tempo atrás. Ele disse que essa pedra poderia me dar a resposta para seus segredos, através de suas cores. De acordo com as palavras dele, as cores são a essência da vida, a forma como os deuses nos deram a existência como ela é, as cores eram a forma do mundo mostrar que estava vivo, e suas infinitas variações, até mesmo nas cores que não podemos enxergar, são a prova que o mundo é infinitamente interessante, e que estaríamos descobrindo algo novo sempre, e olhar para o Fragmento Prismático e sua variedade enorme de cores, me fez pensar no quanto isso poderia ser poderoso, apenas com o pouco que o mago pôde me contar. Mesmo sem respostas claras, a visita foi um tanto inspiradora, e fui atrás de mais respostas, e finalmente a encontrei. Em um dos livros perdidos que achei uns dias depois, falava sobre um local no deserto de Calico, um local pilares que emanava uma energia estranha que foi medida de várias formas diferentes, todas inconclusivas, assim como o Fragmento que eu carregava. Tinha que ir até lá, apesar da informação não parecer ter relação, as dúvidas podem às vezes ser mais esclarecedoras que as respostas. E as dúvidas das pessoas que buscaram a verdade antes de mim, me deu a dica que eu precisava para encontrar respostas, talvez as energias estranhas com medições inconclusivas desse lugar em Calico e do Fragmento Prismático sejam a prova que eles tem uma correlação. Eu preciso ir até lá. Em meu processo para consertar o ônibus, ajudei os Junimos no Centro Comunitário, e no começo do inverno do primeiro ano, terminei as oferendas e eles consertaram o ônibus. Sem hesitar fui até Calico, mas ao chegar lá, um arrepio tomou meu corpo quando encontrei aquele lugar descrito no livro, e ao me aproximar do centro dele para examinar melhor, minha mão foi puxada pra cima com força, algo ou alguém queria tirar o Fragmento da minha mão, mas não tinha ninguém ali, apenas o vento. Eu segurei ele com todas as forças, até que um brilho roxo forte emanou da pedra e invadiu meus olhos, me fazendo fechar eles e desviar o olhar. Ao olhar de volta quando a luz havia sumido, vi uma espada roxa em minha mão, uma espada tão leve quanto uma adaga, e mais afiada que qualquer outra que já usei, e então as palavras saíram pela minha boca, e eu falei o nome dela como se a conhecesse há anos, a Espada Galáctica. Eu então passei as últimas semanas do ano treinando com a espada nas minas de dia, e estudando a espada de noite, e fiquei desacreditado quando achei outro fragmento prismático nas minas. Ele parecia ser tão raro, e eu achei 2, com certeza foi um golpe de sorte. Mas eu então senti um peso no coração muito forte quando segurava aquela pedra, eu tive a impressão que deveria deixar ela lá, como se ficar com ela fosse um erro. Eu normalmente não faço isso, mas ignorei meus instintos e voltei às pesquisas. Minha última semana do ano foi na biblioteca de novo, mesmo não achando um livro perdido novo, eu achei que devia procurar mais, e então fui pego de surpresa. Não sei se passei reto pela pressa, ou alguma outra razão, já que sou meio esquecido, devo ter passado e não notei aquilo antes. Um cântico antigo. E lá dizia "a chave de 8 caminhos, aberto pelo herdeiro dos deuses, a ponte para os 7 reinos da alma se abrirá para mim, aos 6 pilares ofereço as cores do arco-íris, para que me transportem ao novo mundo, onde ao Marco Zero retornarei". Eu não sei o por quê nem como, mas aquilo explodiu em uma epifania dentro de mim. Parecia tão claro pra mim naquelas palavras que juro ter sentido meu coração parar e minha pele esbranquiçar de medo. Eu senti que não devia fazer aquilo, porém mais uma vez eu desobedeci meu instinto e fui atrás da verdade. Aquela parecia ser a reta final da minha jornada. E então, no começo da primavera do meu segundo ano em Pelican Town, peguei a espada galáctica e o outro fragmento prismático que encontrei, e fui em direção a Calico mais uma vez, e talvez pra nunca mais voltar.

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