Primeiro Ato: Eu tinha 8 anos em 1982

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Olhos fechados...
Respiração tranquila...
Ambiente de paz.

O vento me acaricia de maneira suave.

A cachoeira conversava comigo e eu apenas era um bom ouvinte.

Lembranças aleatórias de bons momentos
De amabilidade familiar
Do companheirismo...
Do passado.

Belo passado
Se fosse ruim eu ia buscar esquecer ou aprender.
Mas na verdade... foi ruim apenas em um momento. Ela... ela não pôde suportar o tempo como eu ainda suporto até sei lá quando. Eu aprendi a amar, mas também, minhas utopias se voltaram contra mim, e me ensinaram... a perder.

Mas a desilusão que machucou, me cicatrizou e disse "Vá em frente, cara! O que mais você pode perder?" Disse a mim. E eu respondi: "Meus amigos, sabedoria, e meu menino".

Eu não sei se ele me achou ou se eu o achei...

- ... e acaba por aqui. O resto está rabiscado. Eu encontrei esse papel velho na caixa de ferramentas do vovô. Eu fui procurar a chave de fenda e acabei achando isso no fundo.

- Uau. Por que nunca me disse que ele escrevia essas coisas?!

- Não, Bulma.  Eu descobri isso faz pouco tempo, sempre desconfiei que  ele sempre me esconde alguma coisa da vida dele e de mim. Ele me distraía me dando doces e me levando pra passear ou treinar  sempre que eu falava disso. Eu queria saber porque.

- Por você eu tenho até medo de descobrir.

- Ele não vai me responder se eu perguntar pra ele.

- Goku, me diga... Quem é ela?

- Deve ser a minha avó.

- Por que ele te esconderia a história da sua vovó, Goku?

- Talvez ele não queira ficar triste ao se lembrar dela.

- Não acredito. Coisas boas não se deve esconder de ninguém, Goku.

- Está dizendo que aconteceu algo... de ruim?

- Temo que sim. Sim. Pensa comigo: se fosse algo bom ele não ia esconder de você, nem sobre a vovó, nem sobre você. A gente agora sabe que ela envelheceu e se foi.

- O que o vovô me esconde sobre ela e sobre mim? Ele disse que não sabe se eu achei ele ou se ele me achou.

- Será que você foi abandonado? Jogado no lixo?

- Para com isso, Bulma!

- Que tipo de explicação você quer? Ou você foi abandonado e estava andando por aí ou foi achado no lixo.

- Não acredito nisso. Eu vou perguntar ele quando chegar em casa. Dessa vez eu vou insistir.

- Já parou pra pensar de que quase todos os dias ele vem pra cá para te treinar? No mesmo lugar.

- É. Ele disse que as boas energias surgem desse lado da montanha em frente a cachoeira.

- Mas eu já quero sair daqui. Eu perdi um pouco a vontade de continuar a treinar depois desse mistério.

- Será que o seu rabo tem alguma haver com isso. Tenho certeza que sim.

- Ele disse que não sabe de onde veio esse rabo de símio. As vezes desconfio que outras pessoas saibam.

- Tipo quem?

- Tipo o Piccolo, por exemplo. Ele não é dessa terra, a gente sabe disso. Ele também deve saber de onde eu vim. Já estou convencido de que não sou desse mundo.

- Espera! E se esse rabo for fruto de um experimento de cientistas loucos que não sabiam que estavam fazendo e te abandonaram.

- Pensar assim é pura lógica. Eu tenho certeza que o vovô saberia explicar isso.

- Verdade, nada tem mais lógica nesse mundo.

- Nada.

- Goku. Não acha que estamos aqui tempo demais?

- Acho, se você quiser, pode ir.

- Se esqueceu que eu vim com você e na sua nuvem?

- Está bem, "bora".

- Não tem como voltar pra casa sozinha. É muito longe pra mim.

- Bulma, estamos falando sobre coisas esquisitas sobre a gente. Eu também quero saber de uma...

- Já sei o que vai dizer. Mas já te digo que não sei o motivo do meu cabelo ter essa cor. Mas sei que diferente de você, tenho certeza de que sou desse planeta.

- Você já nasceu assim? É muito esquisito.

- Eu sou especial. Minha mãe dizia que os antigos deuses do Japão me deram esse cabelo roxo claro por eu ser muito especial.

- Estranhos...

- Estranhos por que??

- Vamos embora. Eu tenho que acompanhar o meu avô no supermercado.

- Verdade, são 7:30 da manhã, o sol já  está bem quente de verdade agora.

- Sábado meu avô gosta de ir ao mercado bem cedo pra não pegar fila enorme.

- Assobia aí, vai.

Assim que levantamos pra ir embora eu assobiei com os dedos para chamar a nuvem voadora, que, ao ser chamada vem deixando rastros no céu. Ela tinha um tom alaranjado e amarelado ao mesmo tempo (Bem louco né?). Ela para em nossa frente e subimos; Bulma segura em mim e fica apoiada nos meus ombros para voar. Pois... por mais que ela fosse criança apenas uns 5 anos a mais do que eu, ela não era mais inocente. O brilho da inocência dela foi ofuscado por "certas descobertas" acidentais que você só descobre se algum dia quando você tiver mais ou menos a minha idade e ser amigo dela, vai poder perguntar a mesma, filhão.
Digo isso pois, pra subir na nuvem o meu outro vovô Mestre Kame disse que pra voar na nuvem tinha que ter um coração puro, ou seja... a Bulma não tinha 100% de pureza no coraçãozinho dela, falo pelas atitudes dela de algum tempo atrás. Fruto do descuido na disciplina dos pais.

Enfim... subimos e voamos. Pedi para nuvem acelerar... e na boa... como é bom sentir a brisa do vento bater no rosto. Deixei a Bulma na casa dela, ela me deu um beijo na testa, nas duas buchechas, e no queixo como despedida e ao subir ouço a Bulma me gritar "Me liga quando descobrir alguma coisa!!!"

E sigo o meu caminho.

A Bulma sempre achou que eu tinha didática pra ensinar artes marciais ela por ser o amiguinho mais próximo, não só eu como o Kuririn também. Por isso a gente treinava todas as manhãs por 1 hora.

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