Alex Nichols

3.5K 288 127
                                    

Os dias que começam ensolarados em Seattle são extremamente raros. Com o sol, vem a sensação de liberdade e, por consequência, pessoas fazem coisas estúpidas que as levam para o hospital. Addison me encarava em silêncio durante os 5 segundos mais longos de minha vida. Sua pupila estava dilatada e sua respiração se normalizando. Ela se preparava para dizer algo, quando ouvimos um bipe. Olhei para o meu pager e vi a chamada ao pronto socorro.

Corri para atender ao chamado e, quando cheguei, Alex e Jô estavam em frente a uma ambulância, preparando-se para receber os traumas.

- Kelly Clarkson, 22 anos, sofreu um atropelamento no parque. Um carrinho de algodão doce desgovernado. Pupilas foto reagentes, batimento em 89 e possíveis fraturas – um interno assumia o caso da garota que não parecia correr risco de vida.

- Alexandra Nichols – o paramédico se direcionou a mim – 14 anos. Sofreu uma queda na escada. Fratura nas costelas, batimento em 62, pressão 109.

- Onde estão os pais? Chequem se há obstrução das vias aéreas – me referi à enfermeira – entre em contato com os responsáveis.

- Certo, Dra. Grey!

- Alexandra, consegue me ouvir? Consegue me dizer seu nome?

- Pode me chamar de Alex – a paciente falou com dificuldade e apalpei o seu pulso para verificar a frequência e regularidade dos batimentos e fazer a inspeção da circulação periférica – como está a saturação?

- 80% de oxigênio – respondeu o paramédico.

- Ela está em acidose. Preciso de bicarbonato de sódio – gritei para a equipe de enfermagem – Alex, sabe me dizer onde estão seus pais?

- Minha mãe – a paciente falava com dificuldade e dei a ela uma máscara de oxigênio – morreu no ano passado.

- E seu pai? – reforcei a pergunta – tem alguém com quem possamos falar?

- Eu sou o pai dela – um senhor com aparência latina gritou se aproximando da maca – vai ficar tudo bem, Alex!

Alex apertou minha mão e eu olhei para seus olhos espantados. Apertei sua mão novamente e com esforço auxiliei a enfermeira a fazer o acesso em seu braço.

- Está tudo bem – sussurrei para a paciente – senhor, vou pedir que aguarde na sala de espera e preencha a ficha da paciente.

- Eu quero ficar com ela – o homem insistiu e empurrou um dos enfermeiros para se aproximar da maca.

- Senhor, por gentileza, se afaste enquanto trabalhamos para salvar a vida da sua filha! – afirmei e o empurrei levemente.

- Mocinha, você não vai me impedir de ver a minha filha – esbravejou o homem, com a veia do pescoço dilatada.

- É doutora! – me impus – Mocinha não é o pronome de tratamento adequado para se referir a mim. É Dra. Grey. Se o senhor não se afastar agora, irei chamar a segurança.

O homem se afastou aos poucos e levamos a paciente para a sala de trauma. Fizemos um trabalho árduo para estabilizar a paciente que estava braquicárdica. Pedi para que a equipe se dispersasse para que eu pudesse conversar com ela em particular.

- Alex – acariciei suavemente seu rosto – como está se sentindo? – sentei-me ao seu lado com seu prontuário no colo enquanto usava as duas mãos para tocar as mãos dela – quer me contar o que aconteceu?

- Eu cai da escada – ela sussurrou baixinho.

- Quero que veja uma coisa – levantei-me devagar e fui até o monitor e apontei os exames contra luz – nesse raio-x do seu tórax, mostra que você tem 2 costelas fraturadas – troquei a página do exame – nesse me mostra uma luxação anterior no seu ombro e uma fratura na clavícula – troquei novamente a folha – aqui você tem uma fratura na bacia e neste outro – a última folha foi virada – uma fratura no fêmur.

The carousel never stops turningOnde histórias criam vida. Descubra agora