Sehun

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 Tinha apenas catorze anos quando aconteceu, pela primeira vez. Ninguém sabia o que se passava em sua mente, nunca tinha apresentado nenhum indício, nada que seus pais houvesse visto, pelo menos. Sempre tinha gostado de brincar com fogo, mas se resumia a fósforos, isqueiros, velas.

Quando pequeno, sua mãe dizia que "criança que brinca com fogo faz xixi na cama", mas ele nunca havia feito xixi na cama, ao contrário, tinha os melhores e mais doces sonhos com as chamas.

Mesmo pequeno, parecia ter a consciência de que aquele não era o tipo de coisa que deveria contar aos pais, embora seu irmão soubesse. Sempre foi muito próximo do irmão. Taeyang era apenas dois anos mais velho que Sehun,e sempre o ajudava em tudo o que queria. Mesmo quando essas coisas envolviam queimar pequenos animais.

Sehun parecia adorar ver os bichinhos estremecendo e gritando de dor enquanto o fogo os consumia. Taeyang nunca falava nada. Ele não tinha amigos. Sehun era sua única companhia e não queria arriscar perdê-lo contando tudo para os pais. Sem contar que era jovem demais para saber que aquilo não era algo exatamente comum.

Seus pais trabalhavam o dia todo e os filhos acabavam passando a maior parte do tempo sozinhos. Quando era mais novos, uma babá ficava com eles enquanto os pais estavam no trabalho, mas a garota não era das mais responsáveis.

Seus pais nunca notaram, sua babá nunca notou, e seu irmão tinha medo de falar. Sehun cresceu e queria alvos maiores, bichinhos não eram mais o suficiente. Taeyang não sabia o que fazer, tinha medo que o irmão pudesse fazer algo terrível.

Mas, enfim, aconteceu. Sehun tinha apenas 14 anos e colocou fogo no carro de uma professora da escola que o havia reprovado. A polícia achava que tinha sido uma ação criminosa, mas o fogo havia eliminado qualquer evidência que pudesse indicar o culpado.

Taeyang não tinha certeza se o irmão havia feito aquilo, não até muitos anos depois, quando ele enfim confessou, mas, aí já era tarde demais para fazer qualquer coisa a respeito.

A segunda vez, foi apenas alguns meses depois, Sehun incendiou a casa do cachorro que tinham, com o cachorro dentro. Foi uma cena horrível. Os pais chegaram e Sehun estava no quintal olhando a cena. Ele parece em êxtase. Quando questionado, disse estar tentando queimar uma pilha de folhas secas e o fogo se espalhou mais do que deveria.

Seus pais estavam ocupados demais para tomar providências ou tentar entender mais a fundo o que havia acontecido e deixavam Sehun sob a responsabilidade de Taeyang, o que não era de muita ajuda.

Até que um dia, na aula de química, Sehun incendiou a sala "sem querer" e acabou ferindo gravemente dois de seus colegas. O evento foi tido como um acidente e nada recaiu sob Sehun.

Um ano depois, enquanto seus pais e seu irmão dormiam, Sehun quebrou a tubulação de gás, saiu da casa, e ateou fogo no lugar. Parte da explosão o atingiu e ele foi encontrado desmaiado do lado de fora da casa, o único sobrevivente de um terrível acidente com gás de cozinha.

Ao ser questionado pela polícia, Sehun disse ter saído com alguns amigos e que estava voltando para casa, e, antes que pudesse abrir a morta, foi arremessado longe e isso era tudo o que ele se lembrava.

Por não ter nenhum outro parente vivo, foi mandado para um lar adotivo, não demorou muito tempo para o mesmo "acidente" acontecer. Assim, Sehun carregava consigo uma trilha de explosões e lares incendiados.

Ele se viu livre, mas só por um tempo, até uma policial começar a investigar os casos mais afundo, e encontrar a "coincidência": Sehun. Ele sempre estava lá. E sempre era o único sobrevivente.

Depois do último incidente, as perguntas começaram a ser diferentes, colocando Sehun não mais como uma vítima, mas sim como o culpado. Ele nunca assumiu os crimes, mas, todas as evidências estavam voltadas para ele. E, para conseguir incriminá-lo, eles precisavam de provas mais conclusivas.

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