Capítulo 18 - Saudade é o que ficou daquilo que não ficou.

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AVISO: Capítulo com excesso de tristeza, bebam água antes de ler.
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"Você me ensinou a coragem das estrelas antes de partir, como a luz continua interminavelmente mesmo após a morte. Com dificuldade em respirar, você explicou o infinito. Quão raro e belo é realmente existirmos...
Eu daria qualquer coisa para ouvir você dizer mais uma vez que o universo só foi feito para ser visto pelos meus olhos."

           - Sleeping At Last, Saturn.
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                    STILES 🚙
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Sabe aquela sensação de completo desespero que você sente as vezes e nem sabe o porquê? Você sente como se não pudesse respirar... Como se estivesse afundando em um mar revolto e por mais que você nade saiba que não vai conseguir sair?  É assim que eu me sinto todas as vezes em que lembro dela, minha mãe.

Eu me lembro do dia em que ela morreu como se fosse ontem. Como se eu fosse um garotinho de 6 anos que acabou de perder a mãe.
...
O dia era como qualquer outro. Eu fazia minhas atividades na escola sem nenhum ânimo, tudo o que rondava minha cabeça eram as lembranças dela dizendo "ele quer me matar, veja como ele me olha." E então ela tentava me atacar. Meu diretor entrou na sala e chamou a professora, ele disse alguma coisa pra ela apontando para mim.
Ela acenou me chamando e eu fui até eles achando que tinha feito algo de errado.

- Eu não fiz nada. - Disse abaixando minha cabeça.

- Óh querido eu sei que não, você é um ótimo garoto. Seu pai está aqui para pegá-lo.- Minha professora disse passando a mão em meus cabelos. - Guarde o seu material, o diretor vai te esperar aqui fora.

Enquanto andava pelos corredores ao lado do diretor até o meu pai, milhões de coisas vinham a minha mente sobre o motivo dele estar ali. "Sua mãe te acha um monstro Stiles, ele está aqui para se livrar de você." , Minha mente me dizia deixando-me triste. Mas o sorriso que vi no rosto do meu pai mostrava exatamente o contrário.

- Sua mãe está consciente Stiles, e ela quer te ver. - Meu pai disse pegando-me no colo e rodando no ar. Isso me fez rir. - Vamos logo, ela está morrendo de saudades. 

O caminho até o hospital foi cheio de risos das duas partes, o sorriso no rosto do meu pai iluminaria qualquer lugar escuro e eu acho que o meu não estava diferente. Ele fazia piadas com tudo que encontrava no caminho, inclusive um menino chorando porque derrubou o sorvete. O clima dele me atingiu de uma forma totalmente positiva, então quem fazia piadas era eu. Dois palhaços em uma viatura de polícia.

Chegando no hospital meu pai nem mesmo precisou parar na recepção, minha mãe já esteve ali tantas vezes e por tanto tempo que conhecíamos todo mundo. Na porta do quarto pude ver o sorriso que ela exibia atrás de uma janela, meu pai me colocou no chão e abriu a porta. Minha mãe colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e limpou uma lágrima.

- Oi meu pequeno herói. - Foi o que ela me disse, o modo com sempre me chamou. Isso me deu completa certeza de que ela se lembrava de mim. - Esteve muito ocupado salvando a cidade?

Então eu corri. Me joguei nos braços dela e a abracei com o máximo de força que meus pequenos braços possuíam. Eu não sabia se ria ou chorava então fiz os dois. Explodi em uma grande gargalhada enquanto as lágrimas desciam como em uma enchente. Minha mãe afagou meus cabelos e eu senti meu pai se juntando ao abraço. Aquele momento não poderia ser mais perfeito.

STILES - livro 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora