A vida é um sopro

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Nome do (a) escritor (a):  Hélder

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Nome do (a) escritor (a):  Hélder

User: Mukongo_19

Quando nossos caminhos se cruzaram, eu e a Estefânia não perdemos tempo pensando e agimos de imediato, ligando nossas vidas e nossos objetivos em um só. Depois de um ano de namoro, o casamento surgiu bem como Mateus e Priscilla, nossos filhos.

— Adalberto. — Ouço minha mulher chamando com lágrimas nos olhos.

— Agora não, por favor. Sua companhia só tem sido insuportável. — Digo em tom arrogante.

— Eu sinto saudades daquele homem, que via em mim mil motivos para sorrir, mesmo quando seu dia tinha sido estressante. Sinto saudades do seu lado doce que se perdeu nessas discussões constantes, volta para mim!? Por favor. — Suplicava, Estefânia.

Reagi frio, não me importei. Num toque de mágica, vi a minha mulher caindo lentamente de encontro ao chão. Achei ser um drama, uma forma de chamar a minha atenção. Mas, a demora para ela levantar-se e o silêncio despertou a minha preocupação.

***
Caio em lágrimas, logo após receber a pior notícia que os meus ouvidos algumas vez puderam ouvir. — Sua mulher está com câncer, as probabilidades dela vencer são nulas.

Acreditei que a vida é um sopro, quando vi a mulher que amo se despedaçando aos poucos na cama de um hospital. Ao longo deste tempo de casados, não tinha me dado conta do quanto ela se entregou à mim e a família que criamos.

Esse arrependimento é o mais amargo que já tivera sentido, eu prometi cuidá-la na saúde e na doença. Mas eu fracassei nas duas opções, e vendo esses tubos todos conectados à ela, noto que eles têm tido um papel melhor daquele que eu sempre representei.

No princípio ela não quis saber de mim, usava nossos filhos como o único meio de comunicação. Mas, hoje entrei em seu quarto. Meus olhos se fixaram nos seus, fiz uma carícia em seu rosto, confesso que já não lembrava da maciez da sua pele.

Seus olhos fechados impediam-me de voltar a ver o brilho dos seus olhos, o mesmo que se tornara o meu portal para o seu mundo. Onde a felicidade era uma carência, e um elogio bobo sem planejar era necessário.

Enquanto sua visão estava apagada, eu observava cada detalhe único da sua aparência. Uma lágrima em meu olho desenrolou, imaginando a reação que terá quando seus cabelos caírem, quando seu físico enfraquecer e seu emocional romper o único fio que suportava tudo isso.

Quando a gente ama, é claro que a gente cuida. O tempo não recua, mas gostaria que ela abrisse os olhos e me encarasse, para chorar comigo e ter a certeza que o homem errado se foi.

E o mesmo que a conquistou, retomou para canalizar forças possíveis para sair desta com um sorriso nos lábios que há muito precisou regressar com um brilho contagiante. Dizer à ela, que este quarto e estás máquinas não fazem parte do seu mundo.

Que lá fora, tem o melhor ar para se respirar. Está doença não vais nos vencer, Deus estará por perto para nos fortalecer. Amo-te.

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