55 Capítulo

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Natálie

Fui embora 00:00. Estava com muito sono e eu teria que ir no hospital novamente pela manhã ou a tarde para ver o resultado dos exames e saber se iria continuar ou não com a quimioterapia

Eu estava cansada demais. Parecia que um trator tinha passado por cima de mim e olha que eu só tinha dançado apenas uma vez e a música ainda era lenta quase parando

Coloquei uma blusa cinza e um jeans simples. Me olho no espelho e percebo que meus cabelos estão ficando sem vida, a cor forte deles estavam desbotada e minha pele pálida não ajudava muito

Victor iria me buscar para irmos tomar café da manhã e ir numa livraria. Ele insistiu que deveríamos passar o dia juntos

Desço as escadas e olho no relógio para confirmar se eu tinha me arrumando cedo demais, era 09:00. Escuto alguém buzinar na frente de casa e olho pela janela. Era Victor

Saio de casa e tranco a porta. Arrumo minha bolsa no meu ombro e entro no carro. Era um Jipe clássico todo verde musgo

-Bom dia flor do dia -Fala Victor sorrindo- Os cintos por favor

-Opa -Fala colocando os cintos e dou um beijo em seu rosto -Dormiu bem ?

-Olha a minha cara de que dormiu bem Natálie -Fala me olhando e ri -E você ?

-Mais ou menos- Falo olhando para a frente e Victor liga o carro

O mesmo sai devagar e saímos da minha rua e entramos em uma avenida movimentada com várias lojas

-Esta tomando os remédios certinho ?-Pergunta e concordo- Ótimo é hoje vamos ver os resultados dos exames de ontem ?

- Sim e vai dar tudo certo-Falo otimista -Victor ?

-Oi meu amor- Fala sem me olhar

-Eu te amo -Falo e Victor para em um semáforo

-Eu te amo tanto cara. Mais tanto que chega até a doer- Fala e me olha com toda aquela intensidade que me olhava quando eu tinha 16 anos -Pode acontece o que tiver que acontecer e eu ainda irei te amar para sempre

O semáforo abre e Victor volta a sua atenção para a avenida principal. Paramos no estacionamento na frente do café, ele tinha um ar de ser aconchegante

Passamos pela porta e ela fez aquele famoso barulho de sinos batendo. Sentamos do lado da janela perto dos quadros. As poltronas eram pretas e a música clássica baixa no fundo fazia parecer que estávamos em casa tomando café

Fizemos os nossos pedidos e começamos a conversar sobre assuntos aleatórios. De como será que vamos encontrar o resto do mundo quando voltarmos e como iríamos retornar a nossa antiga rotina

(...)

Quando saímos do café, atravessamos a rua e era a livraria que Victor estava curioso em ir e eu também. Entramos e diferente do café, tocava uma música triste mas com o ritmo bom que disfarçava a letra

Ela tinha dois andares e ela toda revestida de madeira. A luz deixava o lugar com uma aparência de casa do campo antiga mas elegante

Pegamos alguns livros e li alguns capítulos para antes comprar, Victor ficou o tempo todo do meu lado e me mostrou escritores que antes de todo aquele caos, tinham publicados livros incríveis mas assim que leu que a maioria tinha morrido seu semblante mudou e o mesmo que não parava de falar, ficou em silêncio

Ficamos horas ali. O tempo não parecia passar e quando percebi já estava na hora de irmos almoçar para eu tomar novamente o remédio que tinha tomado no café da manhã

Saímos da livraria com umas 4 sacolas, Victor me mostrou um restaurante que ficou quando saiu do hospital no dia que descobriu que eu tinha leucemia

Assim que entramos ,a recepcionista nos atendeu com um sorriso gentil, ela me deu toda atenção do mundo e até estranhei aquilo tudo, sentamos numa mesa perto de uma parede só de vidro que tinha uma vista de um enorme parque atrás do restaurante

-Essa moça é bem gentil- Comento olhando para o parque

-É que ela sabe quem é você, além de ter passado nos noticiários, ela que me ajudou quando eu cheguei aqui

-Entendo...

-Boa tarde -Fala um garçom de meia idade -Oi Victor como está ?-Pergunta sorrindo

-Estou bem, essa é a Natálie-Fala Victor e dou um sorriso fraco para o senhor de meia idade

-É uma honra te conhecer senhorita Natalie -Fala sorrindo - Victor falou bastante da senhorita

-Apenas Natálie-Falo sem graça

-Tudo bem, perdão senhori... Natálie -Fala sorrindo e nos dá o menu- Se precisarem de algo, por favor me chamem- Fala e se retira

-Acho que todo mundo aqui me conhece e eu não conheço ninguém- Falo sorrindo e Victor ri

-Desculpa meu amor, naquele dia eu fiquei bem...foi complicado

-Ta tudo bem- Falo pegando em sua mão - Eu tô aqui e não pretendo sair do seu lado nunca

-Eu também não-Fala baixo- Já escolheu ?-Pergunta mudando de assunto

Fizemos os nossos pedidos e continuamos conversando animadamente. Falei de alguns livros que comprei e o motivo de ter comprado deles. Alguns livros falavam sobre câncer e como pessoas que estavam no mesmo barco que eu, conseguiram sobreviver e retornar para suas vidas normalmente

Nossos pedidos chegaram e como metade do meu prato, não sentia fome alguma e o que eu comia as vezes, eu colocava tudo para fora algumas horas depois ou minutos

Victor me contou o que fez quando terminamos à vários anos atrás. O mesmo se perdeu na vida, bebia até passar mal e só acordar no outro dia sem saber o que tinha acontecido

Sua vida era assim até o segundo ano da faculdade até um dia que bebeu tanto que decidiu tirar a sua vida numa ponte qualquer,e foi nessa hora que um cara apareceu falando de Deus e o quanto ele é precioso para Ele e assim fez Victor mudar de ideia do quase suicídio ,ele acreditou nas palavras do tal homem e se convertei

Os mil pedaços do meu coração - Livro 5Onde histórias criam vida. Descubra agora