capítulo 1 - parto

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- Ai!- digo ao sentir uma pontada na barriga- Meus bebês!! Já vão nascer... socorro!! Yussuf? Mamãe? Socorro! ALGUÉM ME AJUDA! SOCORRO!! Ai, ai, aii.. meu Deus o que eu faço?- a dor vai diminuindo.-Vai.. calma, calma...respira...- digo pra mim mesma tentando me recuperar, mas não passam 3 minutos e a dor volta, agora mais forte, o que eu faço? Sozinha aqui neste quarto...

•Yussuf Narrando

- Finalmente cheguei! Vou deixar tudo aqui. Agora vou ver minha Mariam.. não, primeiro vou beber um copo de água, aí depois vou.- digo pra mim mesmo deixando as compras do mercado e a lista que a minha Mariam me deu pra comprar as coisas, na mesa e pegando um copo pra beber água.

- Socorro!! Alguém me ajuda, Yussuf, meu amor!!- ouço do quarto.

- Mariam??-deixo meu copo e a jarra de água na bancada e corro pra ver minha amada.- amor? Você está bem? Vem, vou levar você para o hospital.

Ajudo ela a entrar no carro e sigo, rumo ao hospital central da cidade de Maputo.

- Amor, estou com as pernas molhadas, a bolsa estourou!- ela diz desesperada, tento correr o máximo que posso com o carro, tomando o maior cuidado do mundo, pois não quero pôr em risco a vida das minhas vidas.

- Calma minha querida, já estamos perto do HCM.- tento consolar ela, mas também com uma mistura de nervoso, ansiedade e preocupação.

•Zarina Narrando•

Chego em casa com Abdul, meu irmão mais velho e procuro a mamãe pela casa, não a encontrando em lugar algum.

- Abdul Rahim, a mamãe ou papai falou alguma coisa pra você?- pergunto já entrando no quarto dele e sem me importar em bater.

- Hey, quantas vezes já falei pra você bater na porta antes de entrar?- ele pergunta meio bravo, não respondendo a minha pergunta.

- Me desculpe eu não percebi, é que estou preocupada com nossos pais, eles não estão em casa e não falaram nada. Nessa hora o papai já devia ter voltado, e a mamãe no estado em que está devia estar em casa porque sequer ela sai.- me justifico e ele abana a cabeça, senta na cama do meu lado e me encara.

- Tá, você tem razão. Não, eles não me falaram nada e pensando com você, realmente deviam estar em casa. Mas já que falou eu vou ligar para a mamãe agora.

•Mariam Narrando•

O parto está sendo complicado, as dores não param, um bebê já nasceu e o outro ainda. Nasceu uma menina, mas o menino não nasce. Já me sinto sem forças pra continuar lutando. Peço que façam cesariana para que salvem pelo menos o meu filho.

Vejo meu marido segurando a minha mão, me dando forças, mas sua imagem vai ficando borrada e por fim meus olhos se fecham.

•Yussuf Narrando•

Vejo ela fechar os olhos, então uma das enfermeiras dá uma chapada nela para que não desmaie porque assim o parto fica mais complicado.
Ela não resiste, enfermeiras me pedem para sair da sala e eu me nego, quero estar do lado da minha amada no momento mais difícil, tenho que estar para dar forças a ela. Elas insistem e eu resisto, não aceito sair por nada.

- O senhor está obrigando a gente a tirá-lo a força daqui.- uma das enfermeiras diz parecendo perder a paciência.

- Eu já falei que não vou sair daqui, por favor me entendam.- insisto.

- Senhor o estado da sua esposa é delicado, ela corre riscos de vida e o bebê também. - ela fala e eu acabo cedendo. Não quero arriscar a vida deles.

•Narradora•

Yussuf sai da sala, Mariam desmaiada, o que torna o parto mais difícil. Uns agentes de saúde fazem então o parto cesariana, enquanto outros tentam fazer com que a mãe recupere a consciência.

•Yussuf Narrando•

Não aguento mais a preocupação...
Pego o celular e vejo ligações perdidas de Abdul Rahim. Oh meu Deus, meus filhos! Sento num dos bancos da sala de espera, depois de voltar do berçário, onde está minha filha.
Retorno a ligação e explico pra ele que estamos no hospital e que ele já ganhou mais uma irmã, mas o irmão ainda está a caminho. Ele fica de dar a notícia à sua irmã que está preocupada também.

Vejo um dos médicos que estava na sala de parto da Mariam, se aproximando de mim.

- Doutor, como está a minha esposa? E o bebê?- pergunto desesperado, pondo o celular de volta ao bolso da calça. O doutor faz uma expressão meio difícil de entender, mas não muito boa, aumentando a minha angústia.

A Vida Me Fez IndependenteOnde histórias criam vida. Descubra agora