|Imposter|

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|Collins|

"Collins, recue agora mesmo." A urgência na voz de Styles é o bastante para que eu conclua que ele já identificou a situação atual.

Pela minha visão periférica, posso notar que os soldados estão prontos tanto para defesa quanto para ataque. A sensação de déjà-vu é inelutável, e de repente me vejo de volta àquele dia no hotel, quando Khalil parecia uma ameaça, mas eu sentia que precisava salvá-lo. Mas neste caso é ainda pior, porque aquele jovem estava sendo persuadido, mas esta criança com certeza não escolheu isso nem por um segundo sequer.

O medo é muito explícito em seu olhar, mas por agora não há muito que eu possa fazer. Cada movimento seu é extremamente perigoso.

"Eu preciso que você fique parada, sim? Deixe suas mãos exatamente onde estão." Oriento-a, empenhando-me para desconsiderar as conversas que chegam através de nosso comunicador, mas não posso deixar de perceber que o primeiro-tenente autoriza que os veículos saiam sem Mariam. Definitivamente uma sábia decisão, eu adoraria que ele tirasse meus colegas e a si mesmo daqui também. Se essa bomba for acionada, não vai ser nada bonito. "Você consegue me entender?" A menina sibila que sim.

"Collins, para de bancar a merda da heroína. Venha para trás agora." Malik diz irritado.

"Ela está assustada." Respondo sem desviar o olhar dos olhos de Mariam. Eu consigo ver que está aterrorizada, mas não sabe o que fazer. Confiar em mim já deve estar exigindo demais dela.

"Ela está com uma bomba no corpo, porra!"

"ELA É UMA CRIANÇA!" Respondo notoriamente perdendo a paciência em um tom gritado que mistura raiva e terror. O que ele acha? Que quero estar nessa posição? Que odeio tanto a minha vida ao ponto de estar a centímetros de uma bomba só porque parece uma boa ideia para passar o tempo? Porque isso não chega nem perto da verdade. Estou morrendo de medo. Por mim, por ela e por todos os outros. Merda, eu mal consigo respirar. Mas não posso simplesmente deixá-la. Ser uma criança num cenário como esse é um fardo pesado demais para carregar. Eu sei disso com conhecimento de causa suficiente para não desejar a mais ninguém. Agora imagine só estar na posição dela...

"Quem fez isso com você?" Pergunto com o máximo de suavidade que consigo. "Eu preciso saber o que aconteceu."

"O homem de verde na dispensa." Ela sussurra e complementa pausadamente: "Ele pulou a janela quando vocês chegaram."

"Certo. Há mais alguma coisa que lembre sobre ele?"

"Uma pano amarrado no pulso e uma cicatriz no rosto."

"Atenção, preciso que circundem a escola à procura de um homem usando verde e que possui um pano amarrado no pulso. Ele também tem uma cicatriz notável no rosto." Sei que a informação não é tão precisa, mas temos que tentar de tudo.

"Aiden, Sanderson. Façam a volta ao redor da escola. O conflito armado recuou um pouco, peçam reforços."

Posso ouvir os soldados locomovendo-se, mas não me viro para olhar. Não posso deixar de observar Mariam por um segundo que seja.

"Valerie." Harry diz com o máximo de tranquilidade que consegue. "Talvez a bomba esteja programada para explodir depois de algum tempo de inatividade. Preciso que se afaste, mas sei que não sairá sem conseguir algo. Então, diga-me como acha que devemos proceder, e eu direi se é viável ou não. Rápido, por favor."

"Eu preciso do esquadrão antibombas aqui."

"Você sabe que dependendo do tipo de bomba, essa é uma situação perigosa inclusive para o esquadrão." Eu tenho consciência disso, sei que na maioria dos casos em que alguém está utilizando um colete com explosivos, o tiro imediato é o mais recomendável, mas nesse caso ela não está utilizando por vontade própria, não é necessário pará-la para que não detone a bomba. O problema maior será se concluírem que não temos tempo de desarmar os explosivos ou se não for possível tirar o colete dela.

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